A HISTÓRIA DO BEATO FRANCISCO DE PAULA VICTOR

Igreja

O Beato Francisco de Paula Victor (1827-1905) foi um Padre e Educador Mineiro de 1851 a 1905. É o primeiro ex-escravo brasileiro que se tornou padre a ser considerado para canonização. Nascido em Campanha; Minas Gerais, no ano de 1827 filho de Lourença Justiniana de Jesus, negra alforriada e Pai desconhecido.
Sua madrinha era Dona de sua mãe, Marianna Santa Barbara Ferreira, que era conhecida por tratar seus escravos com dignidade. Sob a tutela de sua madrinha, Victor aprendeu a ler e a escrever, além de aprender a língua francesa e as nuances do piano. Victor foi aprendiz de um alfaiate, mas seu único desejo era se tornar um sacerdote. Dom Antônio Ferreira Viçoso, bispo de Mariana, visitou Campanha em 1848. Victor, então procurou dom Viçoso e disse que tinha o desejo de ser padre. Com a ajuda do Bispo, entrou para o seminário de Mariana, onde foi aceito em 05 de junho de 1849. No entanto, sofreu muita discriminação de seus colegas seminaristas, sendo tratado como um escravo.
Foi ordenado Padre em 1851, porém grande parte da população não aceitava que um ex-escravo negro pudesse ser um padre e por isso se recusaram a receber o Santíssimo Sacramento dele. Com a intervenção de Dom Antônio Ferreira Viçoso, sempre seu protetor, foi enviado para servir como vigário da paróquia em Três Pontas, onde serviria até sua morte, infelizmente Victor foi recebido no início com confusão e raiva pela elite proprietária de escravos da cidade.
Nas missas que celebrava, ele foi submetido pelos paroquianos brancos a piadas ofensivas e outras humilhações lançadas contra ele. Apesar disso, ele foi resoluto em cumprir seus deveres como pároco.
Victor era humilde e paciente e sua determinação nos assuntos paroquiais levou a muito apoio do público. Uma de suas iniciativas foi o estabelecimento do Colégio da Sagrada Família. Estava aberto a todas as crianças, independentemente de raça, e classe social, e ali ensinava música, a língua francesa e catecismo. Também ajudou a construiu a Paróquia Nossa Senhora D’Ajuda de Três Pontas.
Em sua paróquia Padre Victor procurou enfrentar a questão da escravidão dentro dos marcos estabelecidos pela lei. Ou seja, detectamos seu protagonismo em relação ao cumprimento de uma dimensão relativa a um dos aspectos da legislação abolicionista que procurava libertar os escravos através da indenização dos proprietários.
O Padre Victor registrou sua participação no Movimento Abolicionista no Fundo de Emancipação, e ajudava financeiramente na alforria dos escravos locais.
O Beato Victor Morreu em 1905 após um derrame, causando comoção na população da região. Ele construiu a Igreja de Nossa Senhora d’Ajuda, a maior de Minas Gerais. A caridade o marcou em maneira especial, vivendo pessoalmente uma pobreza absoluta. Entre a população era conhecido também como exorcista, e de acordo com história oral local “era temido por Satanás, que suplicava mesmo que não chamassem aquele negro feio dos lábios grossos”!
A herança espiritual e cultural deixada por padre Victor constitui a peculiaridade de Três Pontas e dos territórios vizinhos. Grande é a veneração que os fiéis tem por ele.
Em 2012 ganhou o título de Venerável da Igreja Católica e em 2015 Teve a sua beatificação autorizada pelo Vaticano. Seu processo de canonização ainda segue em Roma

Fonte: Cônego Francisco de Paula Vitor – preito à sua egrégia memória. Três Pontas, M