A DEMOCRACIA NÃO QUER O ÓDIO

Igreja

Todos vós, que sois filhos de Deus, deveis ser os promotores amorosos da paz. Estou a ouvir a vossa pergunta silenciosa: « Nós? Mas, que havemos de fazer para promover a paz? Que meios possuímos para fazer valer o nosso desejo, a nossa aspiração? ». Respondemos assim: primeiro de tudo, vivemos numa democracia. E que é democracia? Democracia quer dizer que é o povo quem manda, que o poder nasce exatamente do número, nasce da quantidade, nasce da população.
Se tivermos consciência deste progresso social, que o nosso tempo maturou e se vai difundindo por toda a terra, devemos dar à democracia esta imperiosa palavra de ordem. A democracia não quer a guerra, o povo não quer que as massas se meçam umas com as outras para matar.
Portanto, desta formação, desta mentalidade política do povo, da massa, da maioria da população, deve nascer esta ideia triunfante: a guerra já não deve existir no mundo!
Mas também vos recomendamos outra coisa: devemos educar-nos, formar-nos, devemos reformar a nossa mentalidade e a nossa psicologia. Estais realmente dispostos a abolir as relações de luta, de ódio e de violência entre os homens? Estais realmente dispostos a ser promotores da paz e a querer que os interesses diversos, algumas vezes opostos, não sejam tratados com o ódio, com a luta, nem com a força da violência e do número?
Devemos educar-nos a pensar e a querer deste modo. E notai que, sob este ponto de vista, ainda estamos no princípio. Porquê? Porque estamos, há muito tempo, intoxicados pela ideia que só com o ódio, com a violência, e chegando a vias de fato, é possível obter alguma coisa. Estamos convencidos que, se não se põem em prática atos extremos, não se consegue nada. Pois bem, esta mentalidade deve ser superada.

Papa São Paulo VI, 1 de janeiro de 1971.