O Papa Francisco não foi o primeiro, e dá sequência ao que seus antecessores começaram. Um longo pedido de perdão.
“Como Sucessor de Pedro, peço que neste ano de misericórdia a Igreja, fortalecida pela santidade que recebe do seu Senhor, se ajoelhe diante de Deus e implore o perdão para os pecados passados e presentes dos seus filhos. Todos pecaram, e ninguém pode declarar-se justo diante de Deus (cf. 1 Rs 8, 46). Repita-se sem temor: « Pecámos » (Jer 3, 25), mas mantendo viva a certeza de que, « onde abundou o pecado, superabundou a graça » (Rm 5, 20).”
- Papa São João Paulo II, bula de proclamação do jubileu do ano 2000.
“A história de vossos povos conheceu, e conhece ainda, sombras dolorosas, sinais de morte, muitos sofrimentos e conflitos marcados pelo mal. Mas também é verdade que, junto com as sombras, conheceu luzes muito claras. Tem sido sobretudo a Igreja que vem procurando acender estas luzes, de modo incansável, entre os povos indígenas.
A Igreja, queridos irmãos índios, tem estado e continuará a estar sempre a seu lado, para defender a dignidade de seres humanos, para defender o direito a ter uma vida própria e tranqüila, no respeito aos valores positivos das suas tradições, costumes e culturas. Volto a repetir hoje os votos, que já fazia em Manaus em 1980, de que se possa chegar, em todos os problemas, a soluções justas e realistas, para que seja garantido aos índios o direito de habitar suas terras em paz e serenidade, sem o temor de serem desalojados em benefício de outrem, mas seguros de um espaço vital que será base, não somente para a sua sobrevivência, mas para a preservação de sua identidade como grupo humano, como povo.
Tenho recebido, com grande dor, as notícias que me chegam sobre violações desses direitos, motivadas pela ganância e por interesses escusos, com graves repercussões sobre a vida, a saúde e a sobrevivência de alguns grupos indígenas. Peço a Deus que ilumine a todos os responsáveis pelo bem comum deste país para que se encontrem soluções sábias e eficientes para essas situações lastimáveis.” - Papa João Paulo II, discurso aos representantes da comunidade indígena do Brasil, 1991.
“Recordação de um passado glorioso não pode ignorar as sombras que acompanharam a obra de evangelização do continente latino-americano: de fato, não é possível esquecer os sofrimentos e as injustiças impostos pelos colonizadores às populações indígenas, muitas vezes violadas nos seus direitos humanos fundamentais. Mas a obrigatória menção de tais crimes injustificáveis – crimes que já na época foram condenados por missionários como Bartolomeu de las Casas e por teólogos como Francisco da Vitória da Universidade de Salamanca – não deve impedir de tomar consciência com gratidão da obra maravilhosa realizada pela graça divina entre aquelas populações ao longo destes séculos.” - Papa Bento XVI, audiência maio de 2007.
“Sinto pesar. Peço perdão, em particular pelas formas em que muitos membros da Igreja e das comunidades religiosas cooperaram, inclusive através da indiferença, naqueles projetos de destruição cultural e assimilação forçada dos governos de então, que culminaram no sistema das escolas residenciais.” - Papa Francisco, aos índios do Canadá, julho de 2022.
Fonte: Apostolado Ratzinger