Gerson defende futebol brasileiro em volta ao Flamengo: “Temos os melhores jogadores”

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Volante nega frustração na passagem pelo futebol europeu e exalta números com o Olympique; No retorno ao Rubro-Negro, jogador escolhe camisa 20 em homenagem ao amigo Vinicius Jr

O final feliz aconteceu, e Gerson é jogador do Flamengo novamente. A apresentação aconteceu nesta quinta-feira no Ninho do Urubu, lugar o qual definiu como ‘casa’. O Coringa falou sobre a felicidade em estar de volta ao clube do coração, negou frustração na Europa e defendeu o futebol brasileiro.

Eu estou muito feliz em estar de volta a minha casa. Agradeço ao presidente (Rodolfo Landim), ao Marcos (Braz, vice de futebol) e ao Bruno (Spindel, diretor executivo), realmente era uma negociação muito difícil, eles tiveram que ser incansáveis. Eu já estava ficando um pouco nervoso porque queria resolver logo, mas graças a Deus tudo aconteceu bem – disse em coletiva, antes de continuar:

  • Eu estou muito feliz de estar de volta a minha casa. Imagina vocês virarem profissional de um esporte que você gosta muito, e jogar no seu clube do coração. Já comecei a treinar e agora é só esperar para jogar às 16h no Maracanã, que eu já estava com muita saudade – encerrou o primeiro reforço do Flamengo na temporada.

Questionado pela escolha do retorno ao futebol brasileiro, Gerson aproveitou para desabafar a respeito das críticas feitas pela sua passagem rápida na Europa.

  • Falaram em frustração… É uma coisa que eu acho que não teve. Fizemos grandes coisas lá. Em número de participações foi meu melhor momento na carreira, nos classificamos para a Champions League. Eu não vejo frustração nenhuma, fui bem, mas infelizmente eu não tive um bom convívio com o treinador que chegou. Eu optei em seguir minha vida de uma outra forma. As pessoas que falaram isso não me acompanharam direito lá, e eu sei o que eu fiz lá – disse, antes de completar:
  • Nós mesmos brasileiros erramos muito nesse sentido, porque nós temos sempre os melhores jogadores e ajudamos muito os europeus indo para lá. Nós mesmos criticamos o nosso futebol, e podíamos fazer aqui um futebol de elite. E sempre se fala que voltar para o Brasil é um tiro no pé, e isso dá força para eles falarem mal do nosso futebol.
    Gerson fez questão de defender o futebol brasileiro:
  • Nosso futebol tinha que ser uma elite pelos jogadores que nós temos. Olha o nosso campeonato, quantos clubes tem, como os jogos são difíceis. Então, eu acho que como ser humano a gente tem que pensar mais nesse sentido. Nós brasileiros acabamos batendo no nosso esporte, nos nossos jogadores e nos nossos campeonatos. Eu acho que a gente tinha que dar mais moral para o nosso país que cresceríamos ainda mais – encerrou o desabafo.

Eternizado com a 8 após a passagem vitoriosa entre 2019 e 2021, o volante escolheu a camisa 20 para dar continuidade a mais um capítulo rubro-negro em sua carreira. A escolha foi feita em homenagem ao amigo Vinicius Jr.

  • O principal motivo (de retorno) foi ser o Flamengo. O carinho e respeito que eu tenho pelo Flamengo. Quando você tá com a cabeça de sair de um clube e o Flamengo entra na situação, aí é complicado. O principal motivo é que foi o Flamengo.
    Treinando desde que retornou ao Ninho, Gerson já reencontrou os companheiros. O encontro mais esperado foi com com o lateral Filipe Luís, que foi um dos jogadores que participaram do programa de despedida do volante feito pela FlaTV em 2021.
  • É uma satisfação enorme para mim. Ele (Filipe Luís) é um grande jogador, jogador de Seleção e Copa do Mundo. Em relação a encontrar meus companheiros, eles falaram que parece que eu nem fui embora, e essa foi a sensação que eu tive também. Aqui, sempre me senti em casa, desde a portaria a todos os funcionários do clube, é sempre bom trabalhar onde você está feliz.

A passagem pelo Olympique de Marseille, da França, foi considerada positiva. Ao todo, foram 61 jogos: 13 gols e 10 assistências. A função de ofício é de volante, mas o apelido de ‘coringa’ se torna ainda mais forte após o período no futebol europeu, onde atuou em diversas posições.

  • Lá eu só não joguei de lateral direito, zagueiro e goleiro, e de resto eu joguei de tudo, até de falso nove eu joguei. Desde quando eu cheguei aqui todos me trataram muito bem, e eu fui ensinado a tratar todos iguais, independente de quem seja, e eu sempre trato todos iguais, e isso foi uma coisa de criação e coisa que eu levo pra vida – disse, antes de completar:
  • Mais coringa do que nunca. O que esse clube pede é raça e muita vontade de jogar, sempre estar disposto a ajudar os companheiros, é o que eu falo, até de lateral esquerdo eu joguei lá. E eu sempre busco aprender alguma coisa, e tive essa oportunidade lá. O Gerson hoje é mais focado, mais maduro e com a cabeça de ganhar sempre pelo Flamengo – finalizou.

Na primeira passagem, Gerson conquistou oito títulos: dois estaduais, duas Supercopas do Brasil, uma Recopa Sul-Americana, dois Brasileiros e uma Libertadores.
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Experiência de jogar na França
Eu acho que é sempre bom ter aprendizados na vida, eu aprendi novas coisas lá, como coringa aprendi novas funções, e eu espero que minha volta seja a melhor possível, espero que seja até melhor que primeira, e com nosso elenco eu acho que é possível
O que fez voltar?
O que mais me fez falta foi tudo. Minha casa, minha família, os churrascos, o sol, muitas coisas que eu também não posso ficar citando aqui. Em relação ao Mundial, mais uma oportunidade, agradecer por a gente estar podendo disputar esse campeonato mais uma vez, espero que ocorra tudo bem e que a gente possa realizar os nossos sonhos.
Mentalidade vitoriosa
Como eu falei, eu venci na minha primeira passagem, mas agora eu quero ser um vencedor. E cara, quando você vem para o Flamengo, não tem como você ter dúvida. Quando você veste essa camisa você vem para disputar por tudo. No Flamengo você tem que estar sempre ganhando, evoluindo, concentrado no que você quer. Aqui não pode ter dúvida, incerteza, insegurança. Nosso elenco está cada vez mais qualificado. Eu voltei para que a gente possa fazer melhor que 2019, que é um sonho. O Flamengo é um monstro que quanto mais ganha, mais time quer.
Concorrência
Concorrência muito grande, ótimos jogadores. O Vidal, o Pulgar, o Thiago Maia, João Gomes, que acabou a temporada muito bem, mas isso eu fico feliz, é muito bom para o Flamengo. Eu ainda não conversei com o treinador. A minha principal posição é volante, mas posso ajudar na frente também.
Seleção Brasileira
Como eu falo sempre de seleção, eu procuro sempre trabalhar para fazer meu trabalho com excelência para que surja uma oportunidade, infelizmente a Copa passou e eu não fui, mas fiquei mais triste ainda de não temos sido campeões. E o Flamengo é um gigante, os olhos estão sempre virados pelo Flamengo, mas para eu ir para seleção eu tenho que estar bem aqui.
Carinho dos torcedores franceses e rubro-negros
Uma das camisas mais vendidas porque eu fracassei, mas tá bom, vida segue. Como eu falo, eu tento sempre fazer o meu melhor, fico feliz por ter feito uma boa passagem lá, mais feliz ainda por estar voltando. E sobre o carinho da torcida, a palavra é gratidão, como eu falei, imagina você jogar no time do coração, ganhar títulos, ser respeitado e ter um carinho da maior torcida do mundo, acho que só quem vive para saber. Estou muito feliz pela volta e vou devolver isso dentro de campo.
Camisa 20 e conversa com Thiago Maia
Na verdade a camisa 20 foi uma homenagem ao meu parceiro Vini, em relação a 8, mais que merecida estar com o Thiago, fez por merecer, está jogando muito, e eu falei que ele mereceu. Nós dois sempre nos respeitamos, como eu disse, mais que merecido isso. E cara, como eu vou dizer, eu tive oportunidade de continuar na Europa, mas nenhum dos projetos foi como o do Flamengo, de poder voltar para um gigante, ser campeão, os outros projetos não foram tão ambiciosos quanto o do Flamengo. Eu tive minha primeira passagem, venci, mas eu quero agora escrever minha história como vencedor. Para mim, não foi nada difícil voltar para o Flamengo, ainda mais quando eles me apresentaram o plano de carreira que eles tinham. Nós temos que dar mais atenção para o nosso futebol porque a gente pode virar uma elite.
O que aconteceu com o Igor Tudor, técnico do clube francês
Em questão da relação com o treinador é simples: não deu certo. Eu já conversei com ele, não tenho mágoa nenhuma e futebol é isso. Eu sou um cara que me cobra muito, para mim nunca está bom, todo dia eu tento melhorar, eu acho que todo dia é uma evolução, eu tenho que melhorar tudo e eu trabalho para isso, a cada dia, a cada treino. Se hoje eu fui bem, amanhã eu tenho que ser melhor ainda.

Fonte: GE