País teve a segunda alta trimestral seguida, após a sequência de duas quedas trimestrais consecutivas; crescimento anual foi menor que o registrado em 2021.
O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos aumentou a uma taxa anualizada de 2,9% no quarto trimestre de 2022, informou o Departamento de Comércio dos EUA, em sua primeira estimativa, nesta quinta-feira (26). No terceiro trimestre, a economia norte-americana havia subido 3,2%.
A estimativa do PIB divulgada nesta quinta é baseada em dados ainda incompletos ou sujeitos a revisão posterior pela agência de estatísticas. A segunda estimativa, baseada em dados mais completos, será divulgada em 23 de fevereiro.
O aumento no quarto trimestre refletiu principalmente avanços nos investimentos, nos gastos do consumidor e do governo – os gastos dos consumidores representam mais de dois terços da atividade econômica dos Estados Unidos.
Com isso, o país teve a segunda alta trimestral seguida, após a sequência de duas quedas trimestrais consecutivas, o que havia levantado preocupações de que a economia estaria numa recessão. No segundo trimestre, a economia dos EUA contraiu 0,6%.
Esse pode marcar o último trimestre de crescimento sólido antes dos efeitos defasados do ciclo mais rápido de aperto da política monetária do Federal Reserve (BC dos EUA) desde os anos 1980. A maioria dos economistas espera uma recessão até o segundo semestre do ano, embora suave em comparação com as recessões anteriores, aponta a Reuters.
Já no ano de 2022, o PIB cresceu 2,1%, ante alta de 5,9% em 2021. Esse avanço refletiu principalmente a alta nos gastos do consumidor, nas exportações e nos investimentos.
No quarto trimestre, o PIB em dólares correntes aumentou 6,5% a uma taxa anual, ou US$ 408,6 bilhões, para o total de US$ 26,13 trilhões. No terceiro trimestre, o PIB aumentou 7,7%, ou US$ 475,4 bilhões.
No ano passado, o PIB em dólares correntes aumentou 9,2%, ou US$ 2,15 trilhões, para o total de US$ 25,46 trilhões, em comparação com o aumento de 10,7%, ou US$ 2,25 trilhões, em 2021.
Desaceleração
Em comparação com o terceiro trimestre, o crescimento menor do PIB no quarto trimestre refletiu principalmente uma desaceleração nas exportações e no investimento fixo não residencial, nos gastos dos governos estaduais e locais e nos gastos do consumidor.
Esses movimentos foram parcialmente compensados pelo aumento dos investimentos privados em estoques, pela aceleração dos gastos do governo federal e por uma menor queda nos investimentos fixos residenciais. As importações diminuíram menos no quarto trimestre do que no terceiro trimestre.
No ano, o destaque ficou com o aumento dos gastos do consumidor, trazido pela procura por serviços, principalmente por viagens internacionais, serviços de alimentação e alojamento e cuidados com saúde.
O aumento nos investimentos refletiu principalmente a alta nas indústrias de manufatura, comércio atacadista e varejo. Entre as quedas, destaque para o investimento fixo residencial e gastos do governo federal.
Em meio a esses dados, investidores continuam atentos aos próximos movimentos do Federal Reserve (BC dos EUA) em relação à taxa de juros.
Para Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, apesar dos números ainda bons, vários outros indicadores de atividade sugerem que a economia está em forte desaceleração.
Para ele, o esfriamento da economia americana reflete o aperto na política monetária que começou a ser implementado pelo Fed no ano passado para conter a inflação.
Salles explica que, num contexto de economia forte e um mercado de trabalho aquecido, os preços dispararam, levando o Fed a elevar as taxas de juros para desacelerar a atividade. A inflação em 12 meses acumula uma alta de 5,5% em novembro, bem acima da meta de 2%.
“Apesar dos sinais da desaceleração da economia, acreditamos que o mercado de trabalho seguirá aquecido nos próximos meses, pressionando a inflação. Por conta desse cenário, o Fed deverá seguir com novos aumentos de juros no curto prazo”, diz Salles.
A previsão dele é que a taxa de juros alcance um pico neste ano, ficando no intervalo entre 5% e 5,25%, com provável aumento de 0,25 ponto percentual na reunião de fevereiro. “Não esperamos cortes de juros antes de 2024”, diz.
Fonte: G1