Duailibi: críticas de Lula à política monetária do BC ‘atrapalham’ a aprovação da pauta econômica

Política

Presidente vem criticando a política monetária do BC, trazendo mais incertezas ao mercado. Veja a análise completa da comentarista Julia Duailibi.

No calor das críticas de Lula à atuação do presidente do Banco Central do Brasil, o Comitê de Polícia Monetária (Copom) avaliou, em documento divulgado nesta terça-feira (7), que houve uma piora nas expectativas de inflação para o longo prazo. Julia Duailibi analisa mais este capítulo de tensão e o que Lula espera ganhar com as ofensivas contra a autonomia monetária do banco.
“Há duas hipóteses. (…) A primeira, é que ele faz uma sinalização para apoiadores, manda uma mensagem para turma que o apoia que está mais à esquerda. A segunda possibilidade é de ele fazer prevenção para um discurso futuro de quando a economia não for tão bem”, analisa. “O que importa é aprovar sua pauta econômica e essas declarações atrapalham”, completa.
Além do presidente, outros integrantes do governo e aliados também se movimentaram para colocar a política monetária – e o presidente do Banco Central – na berlinda. Isso ganhou corpo na semana passada, logo depois da esperada da decisão do Copom de manter a Selic em 13,75%.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o deputado federal pelo PSOL, Guilherme Boulos, se posicionaram e, mesmo o vice, Geraldo Alckmin, após ponderar que não existiria nenhuma animosidade com o BC, saiu em defesa de uma taxa básica de juros mais baixa.

Em 2020, a Selic caiu ao seu menor patamar histórico: 2%. Em 2022, em plena gastança eleitoral, a taxa deu seu último salto e chega aos atuais 13,75%. A discussão atual tem raízes nesse quadro.
“Não adianta o presidente tentar na canetada. Não adianta tentar decretar queda de juros, que não cai. Os juros vão cair de acordo com o contexto econômico. (…) Os presidentes República tendem a reclamar dos presidentes do BC”, afirma.
A comentarista também analisa como este cenário deve evoluir e em quais movimentações prestar atenção: “Muito provavelmente a autonomia não deve ser alterada no curto prazo. (…) O que vai acontecer é uma mudança na composição no Comitê de Política Monetária”.

Fonte: G1