AVE-MARIA PARTE POR PARTE

Igreja

Assim, sendo respalda na tradição e na Bíblia, a oração a Maria encontrou uma expressão privilegiada na oração da Ave-Maria:

Oração privilegiada por ser em parte bíblica e em parte fruto da tradição, assim uniu os dois pilares da nossa Igreja, com a aprovação do magistério (Papa e bispos em concílio), outro pilar.

1- “Ave, Maria (alegra-te, Maria).” (Lc1,28)

A saudação do anjo Gabriel abre a oração da Ave-Maria.

É o próprio Deus que, por intermédio de seu anjo, saúda Maria.

Nossa oração ousa retomar a saudação de Maria com o olhar que Deus lançou sobre sua humilde serva, alegrando-nos com a mesma alegria que Deus encontra nela.

Alguns usam Salve Maria em muitas orações, pois acham errado dizer Ave, pois era uma saudação romana, mas quando a Bíblia foi traduzida para o latim, São Jerônimo utilizou a forma romana.

Dizer Ave ou Salve, hoje , para nós não há muita diferença, já que são saudações que caíram em desuso, porém por séculos a oração ficou conhecida como Ave Maria.

2- “Cheia de graça, o Senhor é convosco.” (Lc1,28)

As duas palavras de saudação do anjo se esclarecem mutuamente.

Maria é cheia de graça porque o Senhor está com ela.

A graça com que ela é cumulada é a presença daquele que é a fonte de toda graça.

“Alegra-te, filha de Jerusalém… o Senhor está no meio de ti” (Sf 3,14.17a).

Maria, em quem vem habitar o próprio Senhor, é em pessoa a filha de Sião, a Arca da Aliança, o lugar onde reside a glória do Senhor: ela é “a morada de Deus entre os homens” (Apoc 21,3).

“Cheia de graça”, e toda dedicada àquele que nela vem habitar e que ela vai dar ao mundo.

3- “Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.” (Lc1,41)

Depois da saudação do anjo, tornamos nossa a palavra de Isabel.

“Repleta do Espírito Santo” (Lc 1,41), Isabel é a primeira na longa série das gerações que declaram Maria bem-aventurada’: “Feliz aquela que creu…” (Lc 1,45):

Maria é “bendita entre as mulheres” porque acreditou na realização da palavra do Senhor.

Abraão, por sua fé, se tomou uma bênção para “todas as nações da terra” (Gn 12,3).

Por sua fé, Maria se tomou a mãe dos que crêem (Apoc12,17) (Jo 19, 26-27), porque, graças a ela, todas as nações da terra recebem Aquele que é a própria bênção de Deus: “Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus”.

4- “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós…”

Com Isabel também nós nos admiramos: “Donde me vem que a mãe de meu Senhor me visite?” (Lc 1,43).

Porque nos dá Jesus, seu filho, Maria é Mãe de Deus e nossa Mãe; podemos lhe confiar todos os nossos cuidados e pedidos: ela reza por nós como rezou por si mesma:

“Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).

Confiando-nos à sua oração, abandonamo-nos com ela à vontade de Deus: “Seja feita a vossa vontade”.

Maria é Mãe de Deus, pois foi de Maria que nasceu Jesus (Mt 1, 16) (Gal 4,4) , o nosso Senhor (Lc1,43), Filho de Deus (Lc1,35) e Deus (Jo 1,1), (Jo 5,18) com o Pai e o Espírito Santo (Mt 28,19).

Maria é Mãe de Deus, pois Jesus não é metade homem e metade Deus, Ele é Deus e homem ao mesmo tempo.

Maria é Mãe no sentido de ter gerado em seu ventre e em seu coração Jesus, nosso Senhor e Deus.

5- “Rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte.”

Já foi explicado mais acima a intercessão dos santos na Bíliba.

Assim, pedindo a Maria que reze por nós, reconhecemo-nos como pobres pecadores e nos dirigimos à “Mãe de misericórdia” ( Jo 2,3), à Toda Santa (Lc 1,28).

Entregamo-nos a ela “agora”, no hoje de nossas vidas.

E nossa confiança aumenta para desde já entregar em suas mãos “a hora de nossa morte”, pois nessa hora compareceremos diante de Deus (Hb 9, 27) para sermos julgados.

Que ela esteja então presente, como na morte na Cruz de seu Filho, e que na hora de nossa passagem ela nos acolha como nossa Mãe (Jo 19,27) , para nos conduzir a seu Filho, Jesus, no Paraíso, pois o seu pedido é poderoso (Jo 2, 3ss).