Muitos não católicos usam passagens do Antigo testamento para afirmar que os mortos não podem orar por nós:
“Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem a sepultura” – Salmos 115:17.
“Porque não pode louvar-te a sepultura, nem a morte glorificar-te; nem esperarão em tua verdade os que descem à cova” – Isaías 38:18.
Esquecem que a própria teologia bíblica é um processo evolucional,e que o Novo Testamento, com Cristo, rompe o que era velho, o Antigo testamento.
Cristo aperfeiçoou os ensinamentos do Antigo Testamento, e abriu para nós o reino dos céus, o Paraíso ( Lc 23, 43).
A noção de morte no Antigo Testamento é outra que a proposta pelos cristãos.
Apesar disso, há alguns trechos que assinalam a noção de vida consciente após a morte e de intercessão deles :
“E o Senhor disse-me: ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, a minha alma não se inclinaria para este povo; tira-os da minha face e retirem-se” (Jer 15, 1 ss).
“Dá de boa vontade a todos os vivos, e não recuses este benefício a um morto” ( Eclo
=
Mas as almas dos justos estão na mão de Deus, e nenhum tormento os tocará. (
Sabedoria 3,1)
Em II Mac 15,12-15 lemos: “Parecia-lhe (a Judas Macabeu) que Onias, sumo sacerdote (já falecido!)… orava de mãos estendidas por todo o povo judaico… Onias apontando para ele, disse: “Este é amigo de seus irmãos e do povo de Israel; é Jeremias (falecido!), profeta de Deus, que ora muito pelo povo e por toda a cidade santa”.
“Em seguida, fez uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas, para que se oferecesse um sacrifício pelos pecados: belo e santo modo de agir, decorrente de sua crença na ressurreição, porque, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles. Mas, se ele acreditava que uma bela recompensa aguarda os que morrem piedosamente, era esse um bom e religioso pensamento; eis porque ele pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres de suas faltas”
( II Mac 12, 43-46)
A morte para os cristãos é o encontro com Cristo, como nos diz São Paulo ( II Cor 5,1).
Os mortos são seres conscientes para os cristãos ( I Pe 3, 18-19 ; 4, 6 )
Com a morte somos julgados imediatamente (Hb 9,27) ( RM 14,10) (II Cor 5, 10) e vamos para o céu ou para o inferno (Lc23,42), (Mt 25,34), (Mt 25,41).
Os que ainda não estão totalmente puros ( Sl 14 ; Hb 12, 22-23 ; Mt 5,8) para entrarem no céu, e ainda devem expiar algum pecado (I Cor 3, 10-15), (pois cada pecado tem sua consequência e Deus perdoa nosso pecado, mas devemos pagar de alguma forma pelo erro que cometemos), ficam em Purificação, o Purgatório ( Mt 12, 32), (I Cor 3, 10-15), ( II Mac 12, 43-46), ( I Cor 15,29 ) .
Assim, no cristianismo, a morte é uma passagem para o céu e todos os que estão no céu podem orar pelos que estão na terra, já que “Na ressurreição, os homens não terão mulheres nem as mulheres, maridos; mas serão como os anjos de Deus no céu.” (Mt 22,30).
Apesar de ainda estarem esperando a ressurreição, os homens e mulheres justos, já estão na presença de Deus (Apoc 7,13-15) , esperando pelo desfecho final da história humana (Apoc 6,9-11) , assim , sendo como os anjos, intercedem por nós continuamente (Apoc 8,3-4) ,(Mt 18,10).
3.2 – O TERMO SANTO NO NOVO TESTAMENTO
No começo da Igreja, o termo santo era usado para todos os fiéis em Cristo:
“E aconteceu que, passando Pedro por toda a parte, veio também aos santos que habitavam em Lida”- Atos 9:32
“Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade” – Romanos 12:13
“Mas agora vou a Jerusalém para ministrar aos santos” – Romanos 15:25
“Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus” – Efésios 1:1
“Aos santos e irmãos fiéis em Cristo, que estão em Colossos: Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo” – Colossenses 1:2
“Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” – Judas 1:13.
Porém, com o tempo, principalmente com as perseguições aos Cristãos em Roma, nos primeiros séculos, que colocou muitos em provação, o termo santo passou a ser um título de honra, aos que perseveravam na fé e davam seu testemunho, aceitando a morte sem negar o Cristo.
Assim, os cristãos entenderam que ser santo, não é apenas ser batizado e sim perseverar na fé, dando testemunho, como nos diz a própria escritura:
“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
(Mt 7,21)
Direis então: Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste em nossas praças. Ele, porém, vos dirá: Não sei de onde sois; apartai-vos de mim todos vós que sois malfeitores.
(Lc 13, 26-27)
O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém mais se há de exigir.” ( Lc 12, 45-48).
O dia ( do julgamento ) demonstra-lo-á. Será descoberto pelo fogo; o fogo provará o que vale o trabalho de cada um. Se a construção resistir, o construtor receberá a recompensa. Se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém passando de alguma maneira através do fogo”
( I Cor 3, 13-15)
Assim, a morte é o ponto decisivo , nesse momento comparecemos diante de Deus (Hb 9,27) ( Rm 14,10) (II Cor 5, 10) e recebemos o que fizemos em vida ( II Cor 5,10), se fizemos o bem vamos para o céu (Lc23,42), (Mt 25,34), se o mal para o inferno (Mt 25,41).
Quando morremos, se formos bons, vamos imediatamente para o céu (Lc 23,43) , ( II Cor 5,1), por isso muitos santos desejavam a morte como um encontro com Cristo ( II Cor 5,8).
Logo, após a morte é que podemos afirmar de fato se uma pessoa foi santa de verdade ou não, pois é depois que alguém morre que descobrimos toda a verdade sobre a vida dela.
Assim, com o tempo, o termo santo se tornou um título dado aos que vivem sua fé com heroísmo, evitando o pecado, praticando o Evangelho, sendo um exemplo para os demais cristãos.
3.3- AVE-MARIA PARTE POR PARTE
Assim, sendo respalda na tradição e na Bíblia, a oração a Maria encontrou uma expressão privilegiada na oração da Ave-Maria:
Oração privilegiada por ser em parte bíblica e em parte fruto da tradição, assim uniu os dois pilares da nossa Igreja, com a aprovação do magistério (Papa e bispos em concílio), outro pilar.