POSSO TOCAR NO OSTENSÓRIO QUE CONTÉM O SANTÍSSIMO SACRAMENTO?

Igreja

O QUE NOS ENSINA A IGREJA?
Nosso Senhor está verdadeiramente presente até na menor partícula da hóstia consagrada, assim como na menor gota do vinho consagrado. Assim, a reverência que temos para com o Santíssimo Sacramento exige que tomemos todas as precauções para que nenhuma partícula da hóstia – por menor que seja – esteja exposta ao risco de profanação, sacrilégio, ou forma de adoração indevida. Por esse motivo, Santo Tomás de Aquino ensinou que “por reverência a este Sacramento, ninguém o toque, sem que seja uma pessoa consagrada (sacerdotes, bispos e diáconos)”. Deixa bem claro, desse modo, que não só os vasos sagrados do altar (cálices e outros objetos usados no altar) são consagrados para este propósito santo, mas que também as mãos do sacerdote são consagradas para tocar este Sacramento. Afirma, pois, Santo Tomás que não é lícito a mais ninguém tocá-lo, a não ser para salvá-lo da profanação.(E S. Thomas de Aquino, Summa, III, Q. 82. Art. 3).
Mesmo o sacerdote, quando vai tocar no ostensório para transportá-lo ou dar a Bênção do Santíssimo, cobre suas mãos com uma veste litúrgica chamada véu umeral, e assim, por respeito e reverência, não toca diretamente no ostensório quando nele está a Hóstia Consagrada. E isto é uma lei da Igreja.
ENTÃO, NÃO POSSO TOCAR?
Existem documentos importantes da Igreja corrigindo certas posturas equivocadas em relação à Eucaristia. São muitos estes documentos. Entre eles, a Instrução Geral para o Missal Romano e a Encíclica do Papa João Paulo II sobre o Sacramento da Eucaristia (Ecclesia de Eucharistia, 17/4/2003). Todos estes documentos são claros: Os fiéis leigos não podem tocar no ostensório estando nele a Santíssima Eucaristia!
Chegam às nossas Paróquias inúmeros questionamentos, como os que transcrevemos abaixo.
“Quando Jesus era vivo, as pessoas tentavam ser curadas apenas tocando nas vestes dele. Não podemos fazer isso hoje? Aquele que tem muita fé, não poderia ser curado?”
A pergunta responde por ela mesma.
No tempo em que Jesus estava na terra (porque Jesus ainda está vivo), uma mulher (cf. Lc 8, 43) ficou curada não porque tocou em Jesus, mas porque tinha fé.
De igual modo, não precisamos tocar em Jesus, mas crer Nele.
Nosso Senhor nunca disse que deveríamos tocá-lo para ficarmos curados, mas sim, que se crermos Nele, jamais morreremos (cf. Jo 11, 26).
Nós poderíamos citar diversas teologias e regras litúrgicas que mostrassem que não é certo tocar no Santíssimo. Porém, vemos aqui que a questão é outra.
Quem tem muita fé, confia em Deus e Nele espera. Se nós cremos que ficaremos curados de nossos males porque tocamos no ostensório ou nas vestes do Papa ou fomos até Jerusalém, a nossa fé é vã. A nossa fé só não é vã se cremos que Cristo ressuscitou (cf. 1Cor 15, 14).
A pergunta sobre poder ou não tocar na hóstia consagrada durante as bênçãos do Santíssimo Sacramento tem endereço certo, e se refere ao que se vê em determinadas celebrações mostradas para todo o Brasil via televisão. O Santíssimo Sacramento passa pelo meio do povo e as pessoas tocam no ostensório. Embora não se negue a fé destas pessoas, é preciso dizer que não é litúrgica e nem correta esta “manipulação” da hóstia consagrada pois peca contra a sacralidade e o respeito que se deve ao Santíssimo Sacramento.
Nós tomamos o Cristo na Comunhão. O colocamos na boca… nós o tomamos e comemos como o Cristo mandou. Isto é muito mais eficaz e importante do que tocar apenas no metal do ostensório… Nós adoramos o Cristo no Sacrário, porque cremos na Sua presença. Nós acolhemos a bênção que a Igreja nos dá com o Santíssimo Sacramento, porque é o próprio Cristo presente no Sacramento, o Autor da bênção.
Fora disto qualquer manipulação, qualquer aproximação indevida se torna desrespeito ao dom mais precioso que o Cristo fez de si mesmo a nós. Isto para não dizer que determinadas atitudes acabam não passando de um devocionismo vazio. Diante da grandeza do Mistério Eucarístico acolher as instruções da Igreja é o melhor caminho para se evitarem exageros, imprecisões e erros.

por: Fernando Rodrigues Caldeira