Em Jeremias 7,18, Deus está realmente muito desapontado com os israelitas por sua adoração a uma falsa deusa chamada “rainha dos céu”. Certamente se trata da deusa babilônica Ishtar, cujo culto estava sempre em grande voga na Palestina.
No entanto, porque Deus os repreendeu por sua adoração a uma falsa “rainha do céu”, isso não significa que não podemos honrar a verdadeira Rainha do Céu, a Virgem Santíssima. Honrar e não adorar!
Ora, o pecado dos israelitas foi o de adorar (latria) um ídolo, uma deusa do imaginário coletivo daquele povo; todavia, Maria Santíssima é pessoa real, existe, e é Mãe de Deus, o que lhe vale a dignidade de ser venerada (hiperdulia) como tal. Esta é a inconfundível diferença.
Assim, o argumento de que é idolatria o culto hiperdúlico à Virgem Mãe do Deus Humanado, com o título de Rainha do Céu, não tem base lógica! A dignidade régia de Maria se funda, sobretudo em última instância, na divina realeza de seu Filho Jesus, o Rei dos reis. E qual rainha-mãe cuja majestade não é legitimamente reverenciada pelos súditos?
Ademais, acreditar que só porque um falso deus é adorado, com o simples título de “deus”, não poderíamos chamar e adorar o verdadeiro Deus pelo mesmo termo, o título de “Deus”?
Não é o mesmo título usado por idólatras que vai identificar entes distintos como se fossem uma só e mesma personalidade. Isso vai de encontro à razão. Da mesma forma, o fato de haver uma falsa “rainha do céu” não deve levar à conclusão de que estamos adorando uma falsa deusa, quando chamamos Maria de “Rainha do Céu”.
Uma é a “rainha do céu” em Jeremias 7, 18, falsa, pessoa irreal, um ídolo; outra é a verdadeira Rainha do Céu em Apocalipse 12,1, pessoal real, a mulher, a Mãe do Salvador:
“Apareceu um grande sinal no Céu: uma mulher envolta do sol, a lua debaixo de seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça”.
Então, nesta passagem, lemos que há uma mulher. Ela está no Céu e usa uma coroa sobre a cabeça. Esta é a verdadeira Rainha do Céu, Maria, cujo Filho havia de reger todas as nações com cetro de ferro (Cf. Apocalipse 12,5).
Como católicos, não adoramos Maria, mas a honramos assim como Jesus a honra. Portanto, não há absolutamente nada de errado, do ponto de vista bíblico, chamar Maria de Rainha do Céu e honrá-la deste modo.