Mais de 2 mil moradias foram construídas em áreas de risco em São Sebastião (SP), diz relatório

Brasil

O relatório de 2018 lista 21 áreas de risco na cidade. O mapeamento recomendava a remoção dos moradores pela prefeitura e uma forte fiscalização para que o local não fosse novamente ocupado.

Relatórios de institutos de pesquisa já indicavam, há cinco anos, que mais de 2 mil moradias tinham sido construídas em áreas de risco em São Sebastião.
Faz anos que foram feitos os últimos mapeamentos de áreas de risco nas regiões devastadas pela chuva: o do Guarujá é de 2007; o de Bertioga, de 2014. O mais recente é o de São Sebastião, de 2018.
O relatório lista 21 áreas de risco na cidade; eram 2.152 moradias em perigo. O bairro Juquehy foi dividido em sete setores – dois com risco alto, com duas moradias.
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O mapeamento recomendava a remoção dos moradores pela Prefeitura e uma forte fiscalização para que o local não fosse novamente ocupado.
Na região da Barra do Sahy, o relatório diz que as condições naturais e o nível de intervenção humana são de média potencialidade para desenvolvimento de processos de instabilização, como escorregamentos; e sugere à Prefeitura o monitoramento constante da ocupação da área.
“Em relação às áreas de risco do município, todas elas foram demarcadas, monitoradas. As desocupações foram realizadas. Nós tivemos um trabalho de monitoramento constante. Tão logo chegou o alerta de chuva excessivas, nós já deslocamos todas as equipes para acompanhamento, monitoramento. Tanto é que, até agora, o nosso coordenador-chefe da Defesa Civil está no local, em Barra do Sahy, Vila Sahy”, diz o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB).
O diretor-técnico do Instituto de Pesquisas Tecnológicas diz que o mapeamento é atualizado por pessoas treinadas pelo IPT, mas que todo o trabalho é feito em cima de uma previsão normal de chuva.
“Para a região, o mês de fevereiro, por exemplo, a gente esperaria de 240 mm a 300 mm em 28 dias. Foram 640 mm em 24 horas. Quando a gente tem um evento desse, excepcional, ocorre a liquefação do solo. Tem os processos ali, entra muita água nos espaços entre os grãos e esse solo se liquefaz mais do que o comum. Então, a área de atingimento aumenta muito mais do que quando a gente tem um período de chuva normal. Existe o método para esse tipo de ocorrência anormal? Existe. É factível de se fazer? É factível”, explica o diretor-técnico do IPT-SP, Fabrício Mirandola.

Planos assim fazem uma radiografia das áreas de risco. A partir daí, indicam ações que as prefeituras devem tomar para eliminar o perigo ou diminuir esses riscos. Na temporada de chuvas, entra em operação o plano preventivo de Defesa Civil, justamente para evitar que pessoas enfrentem deslizamentos ou alagamentos. Em São Paulo, o plano está em operação até o dia 31 de março em todo o estado.
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Se não foi possível evitar mortes no litoral norte, no Guarujá, região da Baixada Santista, a Defesa Civil agiu para retirar moradores antes que a água invadisse as casas. Os cuidados foram redobrados depois que 34 pessoas morreram durante as chuvas no verão de 2020.

Dessa vez, 222 pessoas foram levadas para dois abrigos. Elas só poderão voltar para casa quando a Defesa Civil disser que é seguro.
A Defesa Civil do estado de São Paulo declarou que apoia os municípios no levantamento das áreas de risco e que encaminha diretrizes para orientar os planos locais de prevenção.

Fonte: G1