Decisões como a ordenação sacerdotal de mulheres, a ordenação sacerdotal de pessoas que levam uma vida de coabitação homossexual ou a bênção de casais do mesmo sexo explicam um fenômeno histórico sem precedentes: o êxodo constante de anglicanos para a Santa Igreja Católica.
O bispo Goddard é um dos cinco bispos anglicanos que abraçaram o Catolicismo nos últimos quatro anos. Em geral, esses representantes anglicanos vêm de diferentes sensibilidades, mas os motivos que os levaram a tomar essa decisão são semelhantes: divergências nas decisões tomadas pela maioria anglicana, tais que o relativismo moral e doutrinal.
Os outros quatro líderes anglicanos que foram recentemente recebidos na Igreja Católica são Jonathan Goodall, ex-bispo de Ebbsfleet; Michael Nazir-Ali, que era bispo de Rochester; Peter Forster, bispo aposentado de Chester; e Gavin Ashenden, ex-capelão da rainha e bispo anglicano tradicionalista.
Já em 2009, o Papa Bento XVI promulgara a constituição apostólica “Anglicanorum Coetibus” que facilita o acolhimento de grupos de cristãos de tradição anglicana que desejam entrar em plena comunhão com a Igreja Católica.
Esse documento estabelece a criação de um ordinariato, como que uma “diocese dispersa” — nos moldes dos ordinariatos castrenses (militares) — especificamente dedicado ao acolhimento na Igreja Católica de grupos ou paróquias anglicanas que solicitam a comunhão plena com a Santa Sé Romana.
Hoje existem três “ordinariatos” para os católicos de origem anglicana no mundo: o da Inglaterra e do País de Gales (com 3.500 fiéis, 91 sacerdotes, 9 religiosas, distribuídos em 35 paróquias), o dos Estados Unidos e Canadá (com 8.000 fiéis, 87 sacerdotes, distribuídos em 38 paróquias), e o da Austrália (com 1.200 fiéis, 21 sacerdotes e 14 paróquias).
O primaz da Comunhão Anglicana mundial, o Arcebispo de Cantuária, Justin Welby, comentou em várias ocasiões este êxodo de bispos, sacerdotes e fiéis anglicanos para o Catolicismo, assegurando que do seu ponto de vista não é um problema: o que é importante, segundo ele, é que são “fiéis discípulos de Cristo”. Este prelado anglicano guarda estreita amizade e relações ecumênicas com Roma. Ele participou, inclusive, da última viagem apostólica do Papa Francisco aos países africanos do Congo e Sudão do Sul.
O Batismo na Igreja Anglicana é considerado válido pela Igreja Católica, razão pela qual os fiéis dessa confissão que pedem para serem acolhidos na Igreja Católica não precisam ser batizados novamente. O Batismo, para ser válido, entre outras condições, deve ser pela fórmula trinitária: Em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo.
No entanto, a Igreja Católica não reconhece a validade da ordenação sacerdotal dentro da Igreja Anglicana. Em 1896, o Papa Leão XIII emitiu a bula Apostolicae Curae, na qual declarava que as ordenações anglicanas eram “nulas e sem efeito”, considerando que as mudanças feitas no rito da ordenação, durante a Reforma Anglicana, invalidavam o sacramento da Ordem. Por isso, os pastores anglicanos acolhidos na Igreja Católica precisam receber a ordenação sacerdotal do bispo católico.
E não podem continuar bispos casados; e por esta razão, todos os bispos anglicanos convertidos à Igreja Católica são “rebaixados” a presbíteros para sempre. Nisto, imita-se a tradição católica oriental, onde também os bispos não podem ser casados, são sempre celibatários!