“Existe uma coisa muito maior do que as autoridades estão vendo. Uma cultura de violência que não está sendo tratada como deveria”, aponta Adriana Silveira, diretora da Associação Anjos de Realengo, ao comentar os recentes ataques a escolas brasileiras. Silveira é mãe de um dos 12 jovens assassinados na escola Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, no Rio, em abril de 2011.
Este ano, novos ataques e ameaças que citam o mês de abril, especialmente o dia 20 – aniversário de 24 anos da tragédia na escola secundarista Columbine, nos Estados Unidos –, se tornaram recorrentes. Para Silveira, a crise mostra como a questão não recebeu a atenção necessária. “Apesar do que tinha acontecido [em Realengo], achei que pararia ali, sabe? Que as providências seriam tomadas para que esse fato não viesse a acontecer nunca mais”.
À frente da associação, ela e os outros familiares de Realengo vem há anos cobrando das autoridades medidas efetivas de segurança nas escolas. A dona de casa e vendedora autônoma também participa de palestras e mantém diálogo direto com lideranças políticas que podem atuar na causa.
“O Estado falhou comigo. O país falhou com a minha filha e comigo como mãe. E continua falhando, porque honrar a memória da Luiza e o legado dessas crianças é garantir que isso não volte a acontecer”, diz ao lembrar da filha, que tinha 14 anos.