COLETA DE LIXO VIRA DIVERSÃO DE IRMÃOS MORADORES DE PADRE MIGUEL

Brasil

Todos os dias, os irmãos Bryan, de 6 anos, e Bernardo, de 7, acordam com a mesma animação e querendo saber: “Vamos brincar de limpar qual rua hoje?”. Além da rotina da escola, dos desenhos animados e do jogo de futebol no pátio do prédio onde moram, em Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio, os meninos têm se aventurado em uma tarefa inusitada, e de gente grande: a coleta de lixo.

Bryan e Bernardo, que moram
com os tios e o pai, aprenderam desde cedo a usar a imaginação na hora de
se divertir. Até que quiseram trocar a capa de super-herói pelo uniforme cor de laranja .

Debaixo do olhar atento do tio e padrinho Mario Luiz Nogueira, a dupla acompanha o caminhão da Comlurb por algumas ruas do bairro três vezes na semana.

O foco dos pequenos garis é o material reciclado, mas o trabalho deles vai além da coleta: eles têm despertado nos moradores a consciência da importância da separação do lixo. Agora, muitos já deixam na porta sacos especialmente para os meninos pegarem.

— Eles recolhem papelão, garrafas PETs e jornais. Os garis não os deixam pegar outras coisas devido aos riscos. Eu sempre vou junto, acompanhando e tomando todo o cuidado para que nenhum deles se machuque. A equipe da Comlurb conhece os dois e adora quando eles chegam. A empolgação das crianças com a coleta cativa todo mundo. Nossos vizinhos sabem que eles amam brincar de gari e já deixam um saquinho separado —
relata Mario Luiz.

O passatempo dos irmãos foi parar na internet graças a um registro anônimo de um vizinho. As imagens deles
vestidos de gari e coletando lixo na Rua do Arminho, em Bangu.

Apesar de terem ficado conhecidos na internet recentemente, a amizade das
crianças com o motorista e os três garis que fazem a coleta de lixo em Padre Miguel e Bangu existe há mais de dois anos. O que começou como uma brincadeira, segundo o tio, tornou-se um coletivo de reciclagem que ajuda o bairro a ficar mais limpo e organizado.

— Antes, quando chovia, as ruas ficavam com lixo boiando, e alguns pontos até alagavam.

Agora, isso não tem acontecido tanto. Os moradores estão mais conscientes, e os meninos com certeza contribuíram
para isso.