Fábio William, 57, considera a demissão de profissionais veteranos um equívoco. O jornalista, que entrou na lista de cortes da Globo, estava na emissora da família Marinho há mais de 26 anos e, ao longo da carreira em Brasília (DF), participou de importantes coberturas. “O mundo está se atualizando e as coisas também precisam se atualizar. Agora, muito particularmente, e aqui não vai nenhuma crítica a ninguém nem a nada, apenas um pensamento meu, eu acho que há um equívoco quando você faz uma ruptura”, analisa o apresentador.
O profissional defende ainda a necessidade de troca entre gerações para a construção de um jornalismo de qualidade. “Eu acho isso um erro, na minha humilde opinião. Por quê? Por que de onde eu aprendi? Aprendi do nada? Aprendi porque sou bom? Sou incrível? Não. Eu aprendi com pessoas boas.” Fábio foi demitido no início de abril e entrou para o grupo de veteranos que deixaram o canal nos últimos anos. Os cortes, que fazem parte de um processo de reestruturação e redução de custos iniciado em 2018, já atingiram nomes como César Galvão, Mônica Sanches, Giuliana Morrone e Cleber Machado.
“É algo que você está preparado ou acha que está preparado, mas quando chega você sempre se assusta. É algo que eu não posso dizer me pegou de surpresa, mas também não posso dizer [que] já imaginava, que eu estava contando com isso. Não! A gente sempre conta que não vai acontecer.” A estreia no grupo Globo aconteceu em 1996, ainda na recém-criada GloboNews. Antes de se tornar âncora do DF1, porém, ele participou de grandes coberturas, como a do Mensalão, do acidente com o voo 1907 da Gol e da CPI dos Grampos. Desde 2011, o apresentador comandava a bancada do DFTV e era editor-chefe do telejornal. “Tem sido bastante diferente para mim. Eu estava numa vida de 26 anos e meio numa numa mesma empresa. Há 11 anos fazendo uma rotina. Então bagunçou muito toda a minha rotina e, por conta disso, muitas outras coisas [estão] aparecendo. Coisas diferentes que eu não tinha feito ou não podia fazer.”
O jornalista ainda vive uma espécie de luto com a saída da emissora, mas faz questão de ressaltar a gratidão em relação ao canal. “Estou triste porque era um lugar onde eu gostava de trabalhar. Era um lugar muito bom. Eu não tenho reclamação. Zero. Mas eu estou em paz, porque agora estão aparecendo várias coisas. A minha própria entrada nas redes sociais, que foi uma coisa que eu nunca fiz”.
Plano b
Fábio William descobriu uma outra paixão ao longo do caminho: a psicologia. A profissão entrou na vida do jornalista há cerca de 15 anos e, desde então, ele vem conciliando o trabalho na TV com o atendimento clínico.
“Eu nunca divulguei isso. Nunca falei, até porque eu não acredito muito? Na área da saúde eu acho que tem que ser a coisa boca a boca. Você que passou pelo processo, viu que aquilo foi bom e você conta para alguém e esse alguém me procura.”
O apresentador conta que alguns pacientes só o reconhecem quando já estão no consultório. “Já aconteceu várias vezes. A pessoa chega e fala: ‘Mas você não é aquele?’ Normalmente é assim. As pessoas confundem muito. Vê você, não sabe bem quem você é. Sabe e te conhece de algum lugar.”
O jornalista, que se considera um “dinossauro” quando o assunto é rede social, vem compartilhando as experiências da clínica com os seguidores. O perfil no Instagram, que foi criado após insistência da família, já conta com mais de 47 mil seguidores.
“Eu pensava assim: ‘O que eu tenho para dizer, eu digo para as pessoas.’ E aí, quando isso tudo aconteceu, a minha família veio, meus três filhos e a minha mulher vieram, e falaram: ‘Olha, Fábio, faz a rede social, porque agora vai ser importante, você não tá mais na Globo, eu acho que é importante, as pessoas se interessam por você'”.
Fonte: UOL