Análise: Botafogo se adapta ao jogo do Flamengo, cria para vencer e sai maior do clássico

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Com o rival tendo o goleiro participando das linhas de passe, Luís Castro abdicou da posse de bola e apostou na velocidade para ferir em importante vitória

A máxima do futebol “clássico não se joga, se ganha” pode ser aplicada – em partes – para o Botafogo diante do triunfo por 3 a 2 sobre o Flamengo, neste domingo, em jogo válido pela 3ª rodada do Campeonato Brasileiro, no Maracanã.

A equipe de Luís Castro ganhou e jogou. Acima de tudo, se adaptou. A chave do Botafogo para a vitória foi responder a todos os movimentos que Jorge Sampaoli, treinador do Flamengo, fazia no Rubro-Negro. O português respondia da maneira que entendia como certa. Como um jogo de xadrez, quando os adversários jogam sempre um depois do outro. O xeque-mate foi preto e branco dessa vez.

Análise: Botafogo se adapta ao jogo do Flamengo, cria para vencer e sai maior do clássico
Com o rival tendo o goleiro participando das linhas de passe, Luís Castro abdicou da posse de bola e apostou na velocidade para ferir em importante vitória
Por Sergio Santana — Rio de Janeiro

A máxima do futebol “clássico não se joga, se ganha” pode ser aplicada – em partes – para o Botafogo diante do triunfo por 3 a 2 sobre o Flamengo, neste domingo, em jogo válido pela 3ª rodada do Campeonato Brasileiro, no Maracanã.

Flamengo 2 x 3 Botafogo – Gols – 3ª rodada do Brasileirão 2023

A equipe de Luís Castro ganhou e jogou. Acima de tudo, se adaptou. A chave do Botafogo para a vitória foi responder a todos os movimentos que Jorge Sampaoli, treinador do Flamengo, fazia no Rubro-Negro. O português respondia da maneira que entendia como certa. Como um jogo de xadrez, quando os adversários jogam sempre um depois do outro. O xeque-mate foi preto e branco dessa vez.

Tudo começou já nos início da partida, quando o Flamengo criou jogadas com Santos adiantado na linha dos zagueiros, chegando a ficar perto do círculo central. Ainda aos cinco minutos, o Botafogo, confuso diante desse posicionamento, deu espaço e o adversário criou uma jogada rápida – Vidal acertou a trave após boa troca de passes.

Adaptação I: não pressionar Santos. Ocupar o campo de ataque e incomodar a saída de bola dos rivais talvez seja uma das maiores qualidades do Botafogo de Luís Castro, que mudou essa estratégia. Quando o camisa 1 tinha a bola, nenhum jogador de preto e branco saía para abafar. A ordem era fechar as opções de passe que ele poderia dar e tentar uma roubada de bola sem o arqueiro na meta. Deu certo uma vez e Tiquinho quase guardou do meio-campo.

Essa marcação “forçou” o Flamengo a fazer lançamentos aos lados do campo. Quando recuperava a bola, a ordem para o time de Luís Castro era acelerar. A Adaptação II foi, em partes, “abdicar” da bola. O Rubro-Negro tinha o controle da posse, mas foi o Alvinegro, principalmente no primeiro tempo, que conseguia descidas de perigo.

  • Por decisão nossa, nós não pressionamos o Santos, só o pressionamos no momento em que nós tínhamos garantia de que ou íamos recuperar ou ficar muito perto de recuperar a bola. E para isso era melhor guardar posição para fechar todas as linhas de passe. A partir do momento em que o Flamengo errava, partir para o ataque e tentar finalizar dessa forma. O jogo foi correndo à feição dentro daquilo que tínhamos planejado e acabamos por concretizar o que era nosso objetivo fundamental, ganhar os três pontos do jogo e tivemos ali momentos muito bons de bola. No global a estratégia desenhada e a tarefa executada pelo Botafogo foi bem desempenhada – explicou Luís Castro.

Foi em uma dessas transições em velocidade que Victor Sá sofreu pênalti de Wesley e Tiquinho Soares marcou o primeiro do duelo. Os 26% de posse de bola foram a menor taxa do Botafogo nesta sequência de 12 jogos de invencibilidade em 2023. Ao mesmo tempo, foi o jogo que o time mais finalizou neste Brasileirão.

No segundo tempo, com a expulsão de Rafael logo aos cinco minutos, o Flamengo foi para cima. Um abafa dentro e fora de campo, com o apoio da torcida, resultaram em um gol de Léo Pereira instantes depois. Aí vem a Adaptação III: usar Tchê Tchê como meia pelo lado direito.

Após o cartão vermelho, Luís Castro tirou Júnior Santos, ponta pela direita, para colocar Di Plácido, lateral que entrou para recompor o lugar deixado na linha defensiva. Eduardo, então, passou a ser o atleta mais voltado para o lado direito, mas passava aperto na marcação – o camisa 33 foi sacado por Marlon Freitas e Tchê Tchê ocupou esta função pelos flancos do campo.

Mais reforçado defensivamente no meio, o Botafogo teve em Marlon Freitas uma intenção de melhorar a marcação no meio da área, local que Éverton Ribeiro comandava no 2º tempo. Com Tchê Tchê com mais liberdade, o camisa 6 fez grande jogada individual e criou a jogada do terceiro gol.

Com um a menos durante praticamente o segundo tempo inteiro, o Botafogo sofreu – era praticamente passar ileso em um contexto assim. Ao mesmo tempo, o time jogou. A equipe de Luís Castro venceu e mereceu vencer. A estratégia foi clara e executada.

Houve uma adaptação para evitar que o Flamengo ganhasse superioridade numérica no campo ofensivo a partir da chegada de Santos à última metade do campo. No segundo tempo, diante do cenário de pressão, o time até demorou para segurar as investidas de Éverton Ribeiro, mas contou com mais uma tarde inspirada de Lucas Perri.

Mais do que o resultado, a vitória no clássico serve para dar moral. O Botafogo termina a 3ª rodada na liderança do Brasileirão e sai maior do que entrou do jogo.

Fonte: Ge