Final da Champions pode destravar disputa pela próxima Bola de OuroCorrida é marcada pelo equilíbrio entre Messi, campeão do mundo com a Argentina, e Erling Haaland, que pode liderar tríplice coroa do Manchester City

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A disputa masculina da Bola de Ouro 2023, premiação mais tradicional do futebol e prevista para outubro, parecia decidida desde a virada do ano. Graças à campanha vitoriosa na Copa do Catar, a oitava eleição de Lionel Messi foi tida como favas contadas durante meses. Uma certeza que não existe mais. A temporada fora da curva de Erling Haaland pelo Manchester City o fez alcançar o argentino nesta corrida particular. E acrescentou um ingrediente extra à decisão da Liga dos Campeões, sábado, contra a Inter de Milão. Além de valer o título, o jogo pode desequilibrar a disputa pelo prêmio de melhor do mundo.

Os trunfos de Messi na temporada não são de se ignorar. Tirou a Argentina da fila após 36 anos de espera e ainda foi eleito o craque da Copa. Além disso, venceu mais uma vez o Campeonato Francês com o PSG. Some-se a isso a boa vontade do mundo do futebol em dar a ele o que seria uma última bola de ouro na carreira (ele é o recordista do prêmio, com sete vitórias).

Tudo isso só valoriza o que Haaland fez até aqui, a ponto de ser colocado ao lado do argentino nas principais cotações. Somando Manchester City e seleção da Noruega, o atacante marcou 58 gols em 58 jogos e contribuiu com dez assistências.

Mas foi pelo clube inglês que ele chocou o mundo. Em sua temporada de estreia, bateu o recorde de gols (36) numa única edição da Premier League e liderou a conquista do título inglês. Faturou ainda a chuteira de ouro da Europa, prêmio dado ao maior artilheiro das ligas do continente.

Por mais que tenha sido campeão francês, a performance no PSG é o ponto fraco da temporada de Messi. O argentino marcou 21 gols e deu 20 assistências em 41 jogos pelo time francês. Longe de serem pouco, mas estes feitos foram ofuscados pelo protagonismo de Mbappé, pelas lesões e por uma suspensão de duas semanas por ter faltado ao treino no mês passado.

Conforme a temporada se aproxima do fim, é comum que as apostas sobre o prêmio de melhor do mundo ganhem força. E a análise mais comum até agora é de que Messi ainda desfruta de uma leve vantagem. Mas a conquista da Liga dos Campeões pode virar a disputa em favor de Haaland. Afinal, ele lideraria uma tríplice coroa rara no futebol europeu: título das copa e liga nacionais (que o City já faturou) e da Champions.

— Se Haaland vencer a Premier League e a Champions League, você pode colocá-lo na discussão do Ballon d’Or — opinou Bernardo Silva, companheiro do norueguês no City, há três semanas para a Revista France Football, organizadora do prêmio: — Em geral, é entre Messi e o vencedor da Liga dos Campeões. E, até agora, vou dar a Messi.

Assim como ocorreria com Messi, uma eventual vitória de Haaland também seria simbólica. A temporada atual é marcada pela passagem de bastão de estrelas veteranas que monopolizaram os prêmios durante uma década — personificada na dupla formada pelo argentino e pelo português Cristiano Ronaldo— para a nova geração. Mesmo que isso não seja visto ainda na Bola de Ouro, provavelmente será a marca do The Best, já que a premiação da Fifa (que ocorre em janeiro) já contemplou a Copa do Catar na última edição. Esta mudança já está em curso.

“Tivemos a era de Messi e Cristiano Ronaldo, agora é a vez dele. A era de Haaland e Kylian Mbappé” escreveu o técnico do DC United, dos EUA, e ídolo do futebol inglês Wayne Rooney em sua coluna no jornal britânico The Times: “Há algo cru na forma como ele (Haaland) joga. Sua fome de marcar é enorme. Como Messi e Ronaldo fizeram, ele pode dominar o jogo por dez anos”.

Fonte:Globo