Após Pedro, Evanilson e João Pedro, jovem é a grande aposta para próximo centroavante “made in Xerém” e não teme peso: “Nasci preparado”. Ele hoje se divide entre sub-17, sub-20 e profissional
Imagine que você estivesse passeando na Itália, vestindo uma camisa do Fluminense, e de repente é parado por um senhor italiano dizendo que seu neto está tendo pesadelos com um atacante desse time. Soa estranho, mas isso de fato aconteceu! Foi com o torcedor Gabriel Queiroz, que estava visitando o memorial de Maradona em Nápoles, no ano passado, e depois contou essa história ao ge.
E o responsável pelos pesadelos tinha nome e “sobrenome”: Kauã Elias, que na época havia acabado de passar pelo país com o time sub-16 do Fluminense para disputar um torneio de base. Se para o jovem italiano o atacante tricolor foi o jogador mais difícil que ele já tentou marcar, para o brasileiro ele era “só mais um João”.
Entre Fluminense e seleção brasileira sub-17, onde em abril foi campeão e artilheiro do Sul-Americano da categoria (veja os gols dele no vídeo acima), o atacante hoje com 17 anos já estufou as redes 105 vezes em 169 jogos na base. Números que estão rabiscados na parede do seu quarto (ele mora ao lado do CT de Xerém, em uma casa junto com o pai, a madrasta e um irmão), que virou uma espécie de mural para anotar tanto gol assim e não perder as contas.
Kauã Elias é daqueles que parecem ter nascido com o faro de gol aguçado. Mas curioso é que ele demorou a perceber isso. Jogava de meia em uma escolinha de Uberlândia, sua cidade natal no interior das Minas Gerais, e só quando chegou a Xerém, em 2017, que passou para o ataque. Primeiro como ponta, até começar a tomar gosto em estufar as redes e virar centroavante. Processo que teve uma mãozinha do avô, José Elias:
- Eu chegava na cara do gol e tocava para o lado. Jogando de centroavante, até posso fazer isso, mas a intenção é o gol. Ele me ligou um dia, depois de um jogo, e falou assim: “Vamos fazer um combinado? Cada vez que você fizer um gol te dou R$ 25”. Aí eu fui fazendo e comecei a tirar um dinheiro dele. Mas depois de um tempo ele falou que tinha que parar para não falir (risos). Aí a gente parou, senão tinha falido o avô.
Conheça Kauã Elias: nova joia do Fluminense tem mais de 100 gols na base e foi pesadelo de italiano
Após Pedro, Evanilson e João Pedro, jovem é a grande aposta para próximo centroavante “made in Xerém” e não teme peso: “Nasci preparado”. Ele hoje se divide entre sub-17, sub-20 e profissional
Imagine que você estivesse passeando na Itália, vestindo uma camisa do Fluminense, e de repente é parado por um senhor italiano dizendo que seu neto está tendo pesadelos com um atacante desse time. Soa estranho, mas isso de fato aconteceu! Foi com o torcedor Gabriel Queiroz, que estava visitando o memorial de Maradona em Nápoles, no ano passado, e depois contou essa história ao ge.
E o responsável pelos pesadelos tinha nome e “sobrenome”: Kauã Elias, que na época havia acabado de passar pelo país com o time sub-16 do Fluminense para disputar um torneio de base. Se para o jovem italiano o atacante tricolor foi o jogador mais difícil que ele já tentou marcar, para o brasileiro ele era “só mais um João”.
Naquela excursão do Fluminense pela Europa (passou ainda por Holanda e Suíça), Kauã Elias fez 16 gols em 16 jogos, conquistou os três títulos que disputou com o Tricolor e ainda ganhou o prêmio de melhor jogador de um dos torneios, a Geneva Cup Sub-16.
Veja os gols de Kauã Elias no Sul-Americano sub-17
Entre Fluminense e seleção brasileira sub-17, onde em abril foi campeão e artilheiro do Sul-Americano da categoria (veja os gols dele no vídeo acima), o atacante hoje com 17 anos já estufou as redes 105 vezes em 169 jogos na base. Números que estão rabiscados na parede do seu quarto (ele mora ao lado do CT de Xerém, em uma casa junto com o pai, a madrasta e um irmão), que virou uma espécie de mural para anotar tanto gol assim e não perder as contas.
Kauã Elias é daqueles que parecem ter nascido com o faro de gol aguçado. Mas curioso é que ele demorou a perceber isso. Jogava de meia em uma escolinha de Uberlândia, sua cidade natal no interior das Minas Gerais, e só quando chegou a Xerém, em 2017, que passou para o ataque. Primeiro como ponta, até começar a tomar gosto em estufar as redes e virar centroavante. Processo que teve uma mãozinha do avô, José Elias:
- Eu chegava na cara do gol e tocava para o lado. Jogando de centroavante, até posso fazer isso, mas a intenção é o gol. Ele me ligou um dia, depois de um jogo, e falou assim: “Vamos fazer um combinado? Cada vez que você fizer um gol te dou R$ 25”. Aí eu fui fazendo e comecei a tirar um dinheiro dele. Mas depois de um tempo ele falou que tinha que parar para não falir (risos). Aí a gente parou, senão tinha falido o avô.
Grande incentivador da carreira do neto, Seu José chegou a receber outros dois convites em 2016, além do Fluminense: Flamengo e Internacional. Mas ele contou com uma “voz diniva” para escolher:
- Tínhamos dois testes para fazer além do Fluminense: um no Internacional e outro no rival, o Flamengo. Ele tinha tomado umas duas cervejas no dia, tinha acabado de almoçar e deitou no sofá para dormir. E escutou uma voz falando com ele para me trazer para o Fluminense. Ele não deu muita ideia, mas falou que a voz insistiu. E na terceira vez falou mais forte. Aí ele levantou do sofá, falou com minha avó que tinha que me trazer no Fluminense. Do dia para a noite viemos para cá – contou o atacante, que acredita ter sido uma obra divina mesmo, e não imaginação do avô:
- Somos bem conectados com a Igreja, acho que foi Deus mesmo.
Kauã Elias recebeu o ge em Xerém para uma entrevista exclusiva. E a mesma personalidade que esbanja em campo também demonstrou fora. Questionado se estava preparado para ser o próximo 9 em um clube que vem formando grandes centroavantes, como Pedro, Evanilson e João Pedro, respondeu de bate pronto, como se estivesse recebendo um passe para finalizar:
- Estou! Eu nasci preparado – afirmou, citando que é amigo de João Pedro:
- O João Pedro é amigo meu, jogávamos videogame juntos. Ele foi lá para o Watford, continuamos nos falando. É um cara que me inspiro também a fazer uma carreira igual: ir para a Europa e concretizar lá.
E sua grande referência como homem-gol é o herói do penta, Ronaldo Fenômeno:
- Eu me inspiro muito nele. Teve muitos títulos, e também pelo futebol que jogava. É sempre bom ver vídeo dele antes dos jogos para tentar reproduzir. É inspiração – elogiou, vendo algumas coisas em seu estilo de semelhança ao ídolo.
- Acho que a arrancada, os dribles…
O atacante tem uma personalidade tão forte que uma comemoração recente gerou polêmica contra o Vasco após um clássico pelo sub-20. Ele postou a foto com a mão próxima do chão e escreveu na legenda: “You’re small!” (você é pequeno, em inglês). Muitos acharam que foi uma provocação ao rival, mas o artilheiro garantiu que não:
- Eu fui postar e levaram para o lado errado. Depois até postei que era do Jaylen Brown, dos Celtics, mas tudo certo. Sempre vai ter uma polêmica ou outra. Era do basquete, eu gosto muito de basquete, estava acompanhando as finais. Eu vi que ele fez isso, achei maneira e fiz.
Se você não acompanha a base, mas tem a impressão de que “já viu esse garoto em algum lugar”, talvez não esteja equivocado. O torcedor mais atento pode ter reparado que Kauã Elias já fez um jogo no profissional. Com a decisão do Fluminense de levar um time inteiro de reservas para a altitude de La Paz, na Bolívia, o atacante foi relacionado de última hora e entrou nos minutos finais na derrota por 1 a 0 para o The Strongest na Libertadores. Foi tudo tão rápido que pegou até ele de surpresa:
- Fiz um treino (no CT), e no outro dia me disseram que eu ia treinar no profissional de novo. Fui para o treino normal, mas quando acabou falaram que eu ia para o jogo. Fiquei muito feliz, a família também ficou muito orgulhosa. Foi tudo muito rápido. Ficou uma esperançazinha de estrear porque já tinha jogado em altitude. O Sul-Americano foi em Quito. Mas lá em La Paz era muito pior, no aquecimento já deu para sentir – explicou Kauã, que disse ter tido só um contato rápido com o técnico Fernando Diniz após o jogo:
- Não conversamos muito. Mas falou para eu continuar do jeito que estou, sem medo de jogar, que idade é só um número.
Fonte: Ge