Flu vai do massacre em 25 minutos à virada improvável com um jogador a menos contra o Bahia
Que nos perdoe Fernando Diniz, mas especificamente no jogo deste sábado os fins justificavam os meios. Em um cenário com uma crise de resultados (só uma vitória em nove partidas), polêmica nos bastidores envolvendo Marcelo, o maior astro do time, e às vésperas de uma “decisão” na Libertadores, jogar bem era detalhe. Para o Fluminense não era só importante, era primordial vencer o Bahia. E assim o fez: 2 a 1 no Maracanã, de virada, e de forma heroica
Sejamos justos, os primeiros 25 minutos foram muito bons, de pressão e domínio total do Fluminense. Um misto dos melhores momentos do time de Diniz atual, que cria bastante, com os de 2019, que perdia muitos gols. Com só um minuto de jogo Lelê já tinha desperdiçado duas chances claras no mesmo lance, de frente para o goleiro. Dois minutos depois, viu Danilo Fernandes pegar uma cabeçada sua à queima-roupa. Aos nove, Kayky tirou uma bola de Marcelo em cima da linha, logo depois Lelê entrou cara a cara e chutou mal. E Pirani, aos 24, parou no goleiro.
A torcida se empolgou e cantava alto no Maracanã. Aquele time que encantou o Brasil até maio estava de volta? O gol parecia questão de tempo. Mas em um raro contra-ataque, em que Marcelo vacilou, Mingotti colocou o Bahia à frente do placar aos 29 minutos. Foi um senhor banho de água fria naquela altura, mas muito pior que o gol para o Fluminense foi a expulsão de Nino aos 36. Ali o jogo mudou. O volume ofensivo que o Tricolor carioca tinha era impossível manter com um jogador a menos. Tanto que o time não produziu mais nada até o fim do primeiro tempo.
Com o novo cenário, vale destacar a coragem. Primeiro de Eduardo Barros: com Cano e Ganso no banco, poupados, muitos esperavam que eles fossem voltar em campo na etapa final (mesmo em má fase, o atacante muito provavelmente teria guardado ao menos uma das várias chances do primeiro tempo, por exemplo). O auxiliar de Diniz foi corajoso ao dar um voto de confiança para jogadores que vinham sendo vaiados, como Martinelli, Pirani e Lelê. E o time foi valente para atacar e acreditar na improvável virada em desvantagem numérica.
Óbvio que o empate cedo ajudou. Lelê, aproveitando falha grotesca de Cicinho, deixou tudo igual com três minutos do segundo tempo. E Pirani, aos seis, virou o jogo após linda tabela com Keno. Quando o Bahia se deu conta, já estava perdendo e começou a fazer substituições para tentar correr atrás do prejuízo. Enquanto Eduardo Barros demorou demais para mexer e só o fez nos minutos finais (exceto com Marcelo, que saiu aos 18). Com jogadores visivelmente esgotados em campo, como o próprio Lelê, o Fluminense precisou ser heroico para se defender com unhas e dentes e segurar o resultado. E com grande parcela de ajuda de Fábio, que fez dois milagres no fim em chutes de Chávez e Mingotti.
E na base da superação, o time ainda quase fez o terceiro em duas chances na área: um chute de Lelê defendido pelo goleiro e o rebote em que Pirani acertou o travessão. Ao todo, o Fluminense teve 51% de posse de bola, 17 finalizações contra 13 do Bahia, e 10 chances de gol contra cinco.
Apesar da vitória suada, aos “trancos e barrancos”, o que dá para tirar de positivo além da garra dos jogadores? O retorno de Marcelo, embora tenha falhado no gol, mas sua presença mesmo sem ritmo já faz uma grande diferença para o interminável problema na lateral esquerda tricolor. Martinelli se mostrou a melhor opção para a ausência de André como primeiro volante e que também consegue quebrar um galho de zagueiro se precisar (fez uma boa dupla com David Braz, que se agigantou no segundo tempo). E Pirani funcionou bem flutuando pelo campo, com mais liberdade.
O apito final do árbitro Savio Pereira Sampaio foi como uma tonelada saindo das costas dos tricolores. A vitória tinha que acontecer do jeito que fosse para a arquibancada poder cantar: “É guerra, é guerra, terça-feira é guerra”. O Fluminense, que dormiu em terceiro lugar no Campeonato Brasileiro com 21 pontos, agora volta o foco para a Libertadores mais aliviado (ou menos pressionado) para trabalhar. O time recebe o Sporting Cristal, do Peru, na próxima terça-feira, às 21h (de Brasília), novamente no Maracanã, dependendo de um empate para se classificar para as oitavas de final.
Fonte: Ge