Zagueiro que anunciou sua aposentadoria foi ídolo no Vasco e deixou saudade na torcida. ge relembra uma de suas maiores atuações com a camisa do clube
Dedé, que anunciou na terça-feira sua aposentadoria do futebol, viveu o momento de maior prestígio na carreira com a camisa do Vasco e tem seu nome gravado na história do clube. Conquistou a Copa do Brasil em 2011, fez mais de 150 jogos e ganhou o apelido de “mito” com atuações como a contra o Flamengo onze anos atrás. O dia que ele assombrou Vagner Love.
Qualquer vascaíno com idade suficiente se lembra do jogo em questão e de como Dedé brilhou naquele dia (veja os duelos do zagueiro com Love no vídeo acima). O Vasco venceu o clássico por 2 a 1, os gols marcados por Alecsandro e Diego Souza, e se classificou para a final da Taça Guanabara.
Projetado pelo Vasco depois de surgir no Volta Redonda, clube de sua cidade-natal, Dedé defendeu o a equipe por cinco temporadas e fez 19 gols. Em 2013, foi vendido ao Cruzeiro principalmente porque o Cruz-Maltino, atolado em dívidas, precisava fazer caixa para arcar com os compromissos. Ele foi embora aos prantos, garante quem o acompanhou na ocasião.
No dia 22 de fevereiro de 2012, Dedé apresentou um recital no jogo realizado no Estádio Nilton Santos. O zagueiro vinha de uma temporada espetacular coletiva (com o título da Copa do Brasil) e individualmente (com 12 gols marcados) e era uma das estrelas do time comandado por Cristóvão Borges.
O Flamengo era o atual campeão carioca, mas se classificou para as semifinais em segundo no seu grupo. O time era comandado por ninguém menos que Ronaldinho Gaúcho e tinha figuras como Léo Moura e Deivid no elenco, além do artilheiro Love.
O atacante rubro-negro abriu o placar logo aos dois minutos de jogo, com um chutaço de perna esquerda de fora da área – Dedé estava distante e nada pôde fazer. Depois disso, no entanto, Vagner Love não viu mais a cor da bola.
“Não dá para acreditar”
Com 11 anos a menos que os 39 de hoje, o atacante que atualmente defende o Sport tinha como principal característica o giro rápido no pivô, controlava bem a bola com os dois pés e era muito difícil de ser parado no um contra um. Naquele clássico contra o Vasco, ele caiu mais pelo lado esquerdo do ataque do Flamengo, justamente o setor defendido por Dedé.
O zagueiro do Vasco ganhou três duelos diretos contra o atacante rival só no primeiro tempo. Em um, desarmou limpo para que Thiago Feltri pudesse sair jogando. E nos outros dois, deu botes certeiros que fizeram com que o próprio Vagner Love tocasse na bola antes de sair pela linha de fundo. Abel Braga, que na época treinava o Fluminense, ficou encantado
- Dedé é um absurdo. Com certeza será o zagueiro central da Seleção na próxima Copa. Não dá para acreditar em um jogador que fica seis ou sete vezes no mano a mano com o Vagner Love e ganha todas. Foram 16 desarmes e nenhuma falta. O momento dele é excepcional – disse ele na ocasião.
Hoje diretor-técnico do Vasco, Abel trabalhou com Dedé no Cruzeiro e reforça tudo o que disse em contato com o ge.
- Se eu fiz essa observação inclusive estando em outro clube, é porque fui dessa posição. Ele veio trabalhar comigo na última passagem dele no Cruzeiro, ainda estava lutando contra o problema da contusão. E aquela imagem lá de trás eu mantenho até hoje, foi um dos maiores zagueiros que eu já vi jogar.
“Nunca vi um zagueiro ter tanto domínio da área”. Simplesmente fantástico”, acrescentou.
No segundo tempo daquele jogo, o zagueiro continuou levando a melhor para cima de Love e interceptou dois passes do atacante que deixariam seus companheiros na cara do gol. Essa talvez tenha sido a melhor atuação de Dedé com a camisa do Vasco.
Cristóvão: “Ele extrapolava a função de zagueiro”
Cristóvão Borges era o treinador do Vasco na ocasião e recebeu com tristeza a notícia da aposentadoria de Dedé, admitiu em contato com o ge.
- O Dedé é um ponto fora da curva. Com esse biotipo, ele não era para ser o que ele é. Um cara de 1,90m, pernas enormes e um cara rápido e altamente veloz. Nesse tempo que trabalhei com ele, não me lembro de nenhum atacante driblar o Dedé em algum lance, nenhum. Ele era muito grande e muito rápido. O Dedé é um dos melhores zagueiros com quem eu trabalhei e que eu vi jogar, um dos melhores – disse o treinador, atualmente sem clube.
“Trabalhei com ele na fase áurea, e ele jogou bola pra car****”, completou.
Cristóvão ainda acrescentou:
- O Dedé joga muita coisa. Em muitos jogos eu o liberava para atacar. Porque ele defendia tudo, recuperava as bolas e atacava. Era um cara rápido, defendia muito bem no jogo aéreo e, na frente, fazia gol. Teve um jogo da Sul-Americana que ele fez dois gols. Ele é um cara que influenciava muito positivamente o time. Você sabe, quando a fase do Vasco é boa, São Januário é assustador para o adversário, e ele ajudava muito nisso, levantava a torcida, ganhava muitos duelos. Não me lembro de um atacante ir no 1 x 1 e passar por ele. Ele extrapolava a função de zagueiro.
Fonte: Ge