Diniz reencontra o maior dilema da carreira em situação inédita

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Nos últimos 60 dias o Fluminense perdeu o dobro do número de jogos que venceu

Fernando Diniz é um dos nomes que mais despertam opiniões extremas nos últimos anos. Agora, acumulando o cargo de treinador da seleção brasileira, a tendência é que os debates em torno de seus trabalhos sejam ainda mais acalorados. Um deles, oriundo da corrente que não curte tanto o estilo, dá conta que seus projetos têm ”prazo de validade”. Em determinado momento cai o nível de forma brusca e as equipes não conseguem mais se recuperar. Não é um argumento mentiroso. E este é o grande desafio do momento no Fluminense.

Nos últimos 60 dias, o Tricolor entrou em campo 13 vezes e venceu apenas três partidas. Perdeu seis. O dobro! Marcou só dez gols. Esta análise não se trata de apenas abordar os resultados ruins do time das Laranjeiras. Para além do placar final dos jogos, o Fluminense jogou mal a maioria dos duelos. O número de boas atuações talvez não encha nem uma mão. Uma decepção em comparação ao nível do futebol da equipe até o início de maio.

Alguns detalhes precisam ser considerados para entender a queda. O primeiro deles é a quantidade de desfalques que o time passou a ter. Em determinado momento perdeu todo o lado esquerdo. Ficou sem opções de ruptura à última linha adversária, como Keno e Alexsander – que segue fora -, e vive às voltas com os problemas físicos de Marcelo

Ganso é outra referência do time que tem sofrido com dores oriundas de uma fascite plantar no pé. Caiu o nível desde então. Cano encontra dificuldades neste momento de fazer o trabalho sem a bola, dar apoio aos companheiros nas trocas de passe longe da área, e se apresentar com regularidade para finalizar nos últimos metros do campo. A bola também tem chegado menos para ele.

Tudo isso se soma a um elenco que foi melhorado para a atual temporada, mas ainda apresenta um decréscimo grande entre titulares e reservas. As chegadas de Marlon, Daniel, Diogo Barbosa e Léo Fernandez certamente ajudarão neste sentido, mas não resolverão a questão.

Os trabalhos de sucesso de Diniz sempre pregaram a continuidade de uma base-titular. Ele já declarou publicamente que não considera o desgaste de seus atletas como algo determinante na montagem dos times a cada jogo. Mas a sequência é muito puxada e cobra o seu preço. Poucos titulares do Fluminense não tiveram algum problema de desgaste físico nesta temporada.

É impossível saber ao certo se esta é a principal causa da queda de produção do time. Mas podemos afirmar que ajudou a gerar os desfalques tão sentidos nos últimos dois meses, e abalou as estruturas de uma equipe que traçava um caminho muito interessante desde o ano passado.

Com o possível desgaste e as mexidas, vêm o desajuste tático. A pouca progressão no campo, em determinados jogos, após o estabelecimento da superioridade numérica no setor da bola. As reações tardias ao perder a posse, a exposição de defensores mais lentos aos rápidos contragolpes rivais.

Achar soluções dentro de sua proposta é mais uma vez o dilema de Fernando Diniz em meio a uma temporada. Isso fará o Tricolor se reaproximar do nível já demonstrado em 2023 e se postular a conquistas e resultados melhores. O momento é de menos rendimentos como o contra o Flamengo no domingo retrasado, e mais de jogos irregulares como diante do Coritiba na noite de ontem.

Assumir a seleção brasileira certamente aumentará as cobranças em torno da recuperação do Fluminense. Uma situação totalmente inédita na carreira de quase todos os treinadores do futebol mundial. Diniz saberá lidar com frentes diferentes e tão desafiadoras? Sair bem desta questão é crucial para a boa sequência da sua carreira.

Fonte: Ge