Falta de opção no banco expõe lacunas no elenco; Libertadores pode colocar Sampaoli na corda bamba
O “amor à bola” tão pregado por Sampaoli passou longe da Arena Pantanal, neste domingo, na derrota do Flamengo por 3 a 0 para o Cuiabá. A atuação abaixo, quase um apagão, liga o alerta para o mata-mata da Libertadores na próxima quinta-feira, e Sampaoli terá a semana para reencontrar a sua filosofia.
Em Cuiabá, o Flamengo até teve maior posse de bola, mas não conseguiu criar na ausência de Arrascaeta e Everton Ribeiro. A falta de criatividade e a desorganização apresentada só não foram maiores que a passividade com que o time aceitou o resultado. Quando estava 2 a 0 no placar, os jogadores rubro-negros já colocavam a mão na cintura.
O Cuiabá esteve mais próximo de fazer o terceiro do que o Flamengo de descontar. Foi o que aconteceu.
Sampaoli levou a campo a 29ª escalação diferente em 29 jogos. A falta de entrosamento do time estava nítida e justifica uma desastrosa atuação coletiva do Flamengo. No fim, os gritos de “olé” tomaram conta da arquibancada e a eterna provocação “Real Madrid, pode esperar” ganhou força.
O Flamengo foi dominado desde o início pelo Cuiabá e terminou o primeiro tempo com apenas dois chutes ao gol contra 11 finalizações do time da casa, além dos nove escanteios. O Rubro-Negro não teve um escanteio sequer na primeira etapa.
O empate sem gols nos 45 minutos iniciais mascarou o que foi feito pelo Cuiabá. Sampaoli mexeu: Allan no Ayrton Lucas e, por opção técnica, Thiago Maia passou a atuar na lateral esquerda. O improviso não deu certo e foi de onde o time casa iniciou a jogada de dois dos três gols.
Cuiabá marcou duas vezes em oito minutos e passou a administrar o resultado. A postura fez parecer que o Flamengo teria uma evolução na partida, mas não aconteceu de fato. As entradas de Bruno Henrique e Wesley até melhoraram um pouco, mas não foram determinantes para uma mudança no placar.
Lacunas no elenco
Não foi só a lateral esquerda que chamou atenção pela ausência de peças. A falta de meias no elenco foi determinante na partida. Arrascaeta, suspenso, não viajou para Cuiabá. Sampaoli levou apenas o experiente Everton Ribeiro e o garoto Lorran, de 17 anos.
O jovem foi cortado da relação e ficou fora do banco de reservas. Assim, Ribeiro era o único meia no banco, até ser retirado por apresentar um quadro de gastroenterite. O jogador deixou o banco e foi para o vestiário receber atendimento médico.
Nessas circunstâncias, o Flamengo ficou sem nenhum meia no banco. Isso expôs ainda mais a necessidade da tão esperada contratação do jogador para aliviar as sobrecargas em Arrascaeta e Everton Ribeiro. Questionado em coletiva, o técnico fugiu do assunto reforços.
Falar disso agora é um pouco tarde. Nós falamos sempre com a diretoria para ter o melhor para o time. Sinceramente, hoje, tivemos que mudar a lateral esquerda porque eles tinham um extremo por fora, precisávamos de um lateral mais interno para ter outra linha de passe. Quando vi o primeiro tempo que fizemos, eu queria fazer muitas mudanças. As necessidades de troca de jogadores e janela, eu vejo isso internamente.
Pressão no mata-mata
A derrota coloca novamente à tona a polêmica diferença entre os desempenhos do time nas Copas e no Brasileirão. O amargo 3 a 0 do Cuiabá antecede justamente a partida de volta das oitavas da Libertadores, contra o Olimpia, a qual o Flamengo tem a vantagem de apenas um gol.
O clima no vestiário na Arena Pantanal após o jogo era de silêncio absoluto. A delegação retornou ao hotel para jantar antes de voltar para o Rio. O ambiente por lá era de muita apreensão. O silêncio se manteve até o embarque.
O resultado aumenta a pressão por uma boa atuação na Libertadores. O desempenho deste domingo coloca em xeque as expectativas para o mata-mata. A direção, que conseguiu contornar a crise entre Pedro e Pablo Fernández (ex-preparador físico), já liga o alerta para a permanência de Sampaoli no cargo, principalmente em caso de eliminação na competição continental.
Fonte: Ge