Análise: Fluminense se classifica em noite de resultado x desempenho com final feliz

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Time vai mal, cria poucas oportunidades e tem em Samuel Xavier um herói improvável para levar o clube até as quartas de final da Libertadores

Antes da atual passagem de Fernando Diniz no Fluminense, era comum escutar das pessoas que o técnico apresentava bons trabalhos, mas que os resultados em campo não seguiam o mesmo caminho. E, no fim das contas, era isso que servia para dizer se ele seria mantido no cargo ou não. Quando levamos em consideração a vitória tricolor por 2 a 0 em cima do Argentinos Juniors, pelas oitavas de final da Libertadores, esse lugar-comum muda um pouco de figura

O Fluminense não jogou bem e teve muitas dificuldades para ultrapassar a barreira de cinco jogadores na última linha de defesa da equipe de Gabriel Milito. Dificuldade imposta pela qualidade do adversário, mas também pela falta de criatividade no meio de campo tricolor. Com os meio-campistas muito sumidos, principalmente Lima e Ganso, o time sobrecarregava Arias e Keno. Além de fazer Nino tocar na bola com frequência já que ela ia para a defesa como tentativa de reinício das jogadas.

A tensão escalava no Estádio Mário Filho e a arbitragem não colaborava para ter uma partida mais tranquila. Um jogo picotado, com faltas em sequência, além da cera da equipe argentina ampliava a apreensão dos torcedores que certamente saíram com menos unhas do que entraram.

É difícil falar em justiça no futebol. Na entrevista coletiva da equipe argentina, perguntei para Diego Castaño Suárez e Lucas Villalba se achavam que o placar havia sido justo, mas o jogador se incomodou e devolveu a pergunta, sem responder. Fato é que o Argentinos Juniors também não apresentou um futebol vistoso para sair do Maracanã com uma classificação merecida

Deixando um pouco de lado a euforia pela classificação – que é mais do que justa – e buscando uma análise mais fria e racional do que aconteceu no Maracanã, é importante destacar que o primeiro chute a gol que o Fluminense deu foi aos 40 minutos do segundo tempo, após um toquezinho providencial de John Kennedy. Antes disso, só uma resvalada de cabeça de Cano, que foi em cima do goleiro. Isso contra um jogador que estreava como profissional e é o terceiro goleiro da equipe argentina. Faltou testar o garoto Acosta, de 21 anos.

As vezes não está finalizando, mas às vezes o número não mostra o que acontece no jogo. A gente teve dificuldade de finalizar, mas estávamos cercando a área. No segundo tempo estávamos mais envolventes e eles começaram com um bloco médio e fomos empurrando para um bloco baixo e tivemos muito méritos. Não pode analisar a equipe pelos números de forma aleatória. O time tem muito mérito e a torcida foi importante demais mais uma vez, jogou junto com o time e foi o craque do jogo – disse Fernando Diniz na entrevista coletiva depois da classificação.

O gol do Fluminense descarregou todo o nervosismo presente nas arquibancadas e cujo aumento de tensão era perceptível a cada passe para trás dado pelo time. A bola só volta a rolar depois dos quatro minutos em que Samuel Xavier marca o gol que abre o placar e muda a partida. Naquele momento, os técnicos correm para mudar a equipe e a saída desordenada do Argentinos Juniors para tentar o empate abre a possibilidade de John Kennedy ser acionado e participar do segundo gol da noite.

Dito isso, o Fluminense conseguiu o resultado que precisava. Sem jogar bem, é verdade. Mas às vezes é necessário vencer e ponto. Se causa preocupação o fato de ter sofrido contra o Argentinos Juniors e pegar um time mais cascudo na próxima fase, também permite a Diniz ter mais tempo para ajustar e buscar a linha tênue (e quase inalcançável) do equilíbrio de ganhar jogando bem. E se tem alguém que sabe que isso é possível nesse time, é o torcedor tricolor. Isso sem nem ter que puxar tanto pela memória.

As quartas de final da Libertadores estão marcadas para as duas últimas semanas de agosto. O primeiro jogo será no Maracanã, mas o segundo ainda está indefinido. Isso porque se o Fluminense encarar o Olimpia, decidirá no Defensores del Chaco (os paraguaios fizeram melhor campanha na fase de grupos). Mas se enfrentar o Flamengo, irá decidir também no Maracanã e com o mando de campo, já que os rubro-negros se classificaram em segundo no grupo.

Fonte: Ge