Casa do Botafogo em 1995 e prisão na ditadura, Caio Martins tem “alerta de risco” de arquibancadas

Esportes

Recuperado pelo governo, estádio de Niterói foi casa do último título brasileiro do Alvinegro e tem debate de derrubada de muros e arquibancadas. Audiências públicas vão definir futuro

No último dia 17, numa quinta-feira à noite, mais de 400 pessoas se reuniram no ginásio do Caio Martins, em Niterói. Políticos locais, autoridades estaduais e cidadãos niteroienses debateram o futuro do antigo estádio do Botafogo, uma das casas do título brasileiro de 1995.

A concessão ao Botafogo terminou de fato em janeiro de 2023, mas o Alvinegro ainda permanece com o futebol feminino no local por tempo indeterminado – tem até estreia prevista no Campeonato Carioca no próximo dia 23 de setembro.

Os muros e o campo que ainda guardam as cores – e memórias – alvinegras podem mudar completamente de visual nos próximos meses. Há preocupação com a estrutura do antigo estádio e debates sobre a derrubada de muros e da arquibancada para transformação do espaço.

O debate sobre o futuro do Caio Martins está em estágio inicial. A ata da primeira audiência – haverá outra na última de setembro – registra preocupação do secretário de Esportes e Lazer do Governo, Rafael Picciani: há “pedaços da área da arquibancada em estado de precariedade, trazendo insegurança e gerando preocupação para a população”.

E o temor não é novo. Em pelo menos três vistorias recentes, de 2019 a 2021, a Defesa Civil de Niterói emitiu repetidos “alerta de risco”, apontando série de problemas estruturais e ausência de melhorias, responsabilidade do Botafogo e, mais recentemente, também do Governo.

Obras até 2024
“No Caio Martins, as intervenções tiveram início em janeiro deste ano e em abril, em uma ação coordenada, a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer conseguiu retomar as atividades no local, para cerca de 2 mil pessoas, com aulas de natação, hidroginástica, capoeira, alongamento, taí chi chuan e zumba.

No local, a EMOP investe R$ 4 milhões para promover a reforma de todos os banheiros, vestiários e piso no entorno da piscina. Esta primeira fase também contemplou a pintura nos corredores, recuperação do pórtico da entrada principal e revitalização do ginásio poliesportivo.

A segunda fase, iniciada no fim de julho, contempla a recuperação da calçada em torno do complexo esportivo; reforma do telhado na arquibancada da piscina; reconstrução e pintura de três quadras de futebol; modernização e troca das lâmpadas atuais para refletores em LED do ginásio e da piscina; troca de azulejos na piscina pequena; pintura geral e modificação do tratamento da pintura na manta de alumínio instalada na cobertura do ginásio”, destacou a nota, acrescentando ainda que duas solicitações recentes da população para o equipamento também entram no cronograma.

O Governo do Estado do Rio de Janeiro decidiu, neste ano, tomar de volta a concessão do Caio Martins. Entendia que mantê-lo com o Botafogo, que tem a concessão do estádio Nilton Santos até 2051, não fazia mais sentido e não era a melhor ocupação do Caio Martins. O estádio foi inaugurado em 1941 e guarda na história a marca de ter sido a primeira prisão política de que se tem notícia em complexos esportivos, ainda em 1964, no início da ditadura militar brasileira.

A nova fase de discussão do futuro do Caio Martins tem previsão de durar pelo menos quatro meses. O Governo do Estado recentemente reformou e pintou o teto do ginásio, além de realizar outras obras necessárias para o funcionamento do complexo – há diversas atividades esportivas na piscina e em outros espaços do Caio Martins. Abriga, por exemplo, a federação nacional de Westling.

  • Não podemos permitir que os portões do Caio Martins fiquem fechados. Queremos ouvir os niteroienses para em 90 dias apresentar o projeto de revitalização do Caio Martins e da drenagem da bacia do Rio Icaraí, no entorno do complexo esportivo. É fundamental que este equipamento público seja utilizado em todo seu potencial, fazendo do esporte e da cultura instrumentos de inclusão social e de promoção da saúde – disse o deputado Vitor Junior, um dos membros do Grupo de Trabalho criado para discutir o futuro do Caio Martins.

Fonte: Ge