Gol de letra, liderança e 100%: em 2016, Flamengo teve doce rotina de vitórias em Cariacica

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Time viu a chance do heptacampeonato se esvair justamente no momento em que voltou a mandar jogos no Maracanã

O Flamengo volta nesta semana ao Espírito Santo (enfrenta o Athletico-PR na quarta-feira), estado onde viveu lua de mel com a torcida e grandes momentos em 2016 durante o Campeonato Brasileiro. Embora não tenha levantado taças, o clube viveu ano de recolocação definitiva entre os postulantes ao título da competição mais importante do país. E o Estádio Kleber Andrade, em Cariacica, foi palco de jornadas importantes para o torcedor rubro-negro.

Dentro do Klebão, o Flamengo teve 100% de aproveitamento no Campeonato Brasileiro, dormiu na liderança e conseguiu vitórias marcantes com golaços. Foram após triunfos neste estádio que a torcida começou a brincar com o “cheirinho de hepta”. No fim do ano, a frustração com o Palmeiras campeão rendeu provocações, mas a condição do Fla no Kleber Andrade sempre foi de candidato ao título. As chances de levar o heptacampeonato foram eliminadas justamente em jogos no Maracanã.

Com o Maracanã fechado por conta da Olimpíada do Rio de Janeiro, o Flamengo começou o Campeonato Brasileiro mandando três jogos consecutivos em Volta Redonda (Sport, Chapecoense e Vitória), depois dois em Brasília (Palmeiras e São Paulo) e por último em Natal (Fluminense) antes de decidir pelo Kleber Andrade.

Depois de um jogo pela Primeira Liga em fevereiro com muita histeria da torcida (vitória por 1 a 0 sobre o América-MG) no Klebão, o Flamengo, àquela altura liderado pelo novato Zé Ricardo, chegava ao Espírito Santo em franca ascensão para enfrentar o Internacional, pela 12ª rodada. Resultado: o estádio ficou superlotado, e mais de 21 mil pessoas marcaram presença (19.558 pagantes).

Ederson marcou logo no início, aos 18 minutos, e apesar da superioridade sobre o Inter, a vitória foi magrinha: 1 a 0. Nada, porém, que ofuscasse o início de uma verdadeira lua de mel entre Flamengo e o Espírito Santo em 2016.

Depois de mandar o jogo contra o Atlético-MG, pela 14ª rodada, no Mané Garrincha, o Flamengo voltou ao Kleber Andrade na 16ª, contra outro mineiro, o América. Esse talvez tenha sido o jogo menos marcante dos cinco que realizou pelo Brasileirão de 2016 no estádio. Abriu 2 a 0 com relativa tranquilidade, mas sofreu um gol no final e por pouco não cedeu o empate. Guerrero e Allan Patrick marcaram. Juninho descontou.

A entrada em definitivo no G-4 ainda não havia acontecido, e o Flamengo terminaria a 16ª rodada no sexto lugar, com 27 pontos. O público foi de 14.966 pagantes e 16.523 presentes.

Um dos jogos mais especiais para os capixabas rubro-negros naquela campanha foi disputado no dia 6 de agosto, pela rodada final do primeiro turno. Mais uma vez com casa cheia (17.139 pagantes), o Flamengo venceu o Atlético-PR, à época ainda sem a letra h, por 1 a 0. E com um lindo gol: Fernandinho, que se tornaria um destaque em jogos no Espírito Santo, deu um chute cruzado, e Mancuello completou de letra. Após o jogo, Mancu disse que na Argentina chamavam o lance de “gol de taco”.

Hepta mais distante após a volta ao Maraca
Logo na rodada seguinte, o Flamengo viu o Palmeiras abrir três pontos de vantagem ao tropeçar no São Paulo (0x0), no Morumbi. Depois, com vitórias sobre Santa Cruz (3×0), mandando o jogo no Pacaembu, e diante do Fluminense (1×2) como visitante, em Volta Redonda, os rubro-negros colaram de novo na pontuação do Palmeiras: 61 a 60.

O primeiro golpe veio na 31ª rodada, quando o Inter, que mais tarde seria rebaixado, quebrou invencibilidade de 10 jogos do Flamengo no Brasileiro. O Palmeiras venceu o Figueirense e abriu quatro pontos.

O hepta, porém, começou a ficar mais distante justamente na aguardada volta ao Maracanã, em 23 de outubro, quando 65.743 pessoas foram assistir a um decepcionante empate por 2 a 2 com o Corinthians. O Palmeiras venceu o Sport por 2 a 1 em casa e estabeleceu vantagem de seis pontos e saldo muito superior (27 a 14) a seis rodadas do fim do Brasileiro.

Na 34ª rodada, com cinco pontos de desvantagem, o Flamengo tinha nova chance no Maraca, nesta vez em clássico com o Botafogo. Ficou no 0 a 0, e os paulistas venceram o Internacional e abriram sete de frente.

A 35ª deu nova ponta de esperança com a vitória rubro-negra por 1 a 0 sobre o América-MG aliada ao empate palmeirense com o Galo por 1 a 1, no Independência. A pá de cal nas chances de título, porém, foi jogada no Maracanã, na rodada seguinte. Pegou o Coritiba, que lutava contra o rebaixamento, fez 2 a 0 aos 28 minutos do primeiro tempo, mas conseguiu entregar. O empate por 2 a 2 eliminou matematicamente qualquer possibilidade de ser campeão.

Se os tropeços no Maraca adiaram o sonho do hepta e trouxeram provocações que seriam dissipadas entre 2019 e 2022, período em que o clube conquistou cinco títulos nacionais e três internacionais, a forte relação entre Flamengo e o Estádio Kleber Andrade estabelecida em 2016 jamais saiu da cabeça dos capixabas.

O povo do Espírito Santo viu o clube trocar uma rotina de oscilação no Campeonato Brasileiro pelo posto quase que obrigatório de candidato ao primeiro lugar nos anos posteriores.

Fonte: Ge