As vítimas do terremoto no Marrocos são de ao menos 2.500, segundo o último boletim. “As pessoas estão traumatizadas”, relata um frade franciscano da área do desastre. O arcebispo de Rabat lança um apelo à solidariedade.
O número de mortos no terremoto que atingiu Marrocos na noite entre sexta-feira e sábado continua a aumentar. Segundo um novo relatório do Ministério do Interior, divulgado no final da manhã desta segunda-feira, os mortos chegam a 2.497 e os feridos 2.476. Em particular, registam-se 1.452 mortes na província de Al Haouz, 764 na província de Taroudant, 202 na de Chichaoua e 18 na prefeitura de Marraquexe.
Dezenas de milhares de pessoas no Marrocos passaram a terceira noite ao ar livre, enquanto nas montanhas do Atlas continua a corrida desesperada contra o tempo para resgatar os sobreviventes dos escombros após o terremoto magnitude 6,8 que causando colapsos, bloqueou estradas e destruiu povoados inteiros.
Algumas cidades e aldeias nas zonas montanhosas mais afetadas, além de Marraquexe, foram completamente arrasados, enquanto cresce a frustração da população local com as ajudas escarsas que chegam para o resgate de possíveis sobreviventes, devido à dificuldade de acesso de maquinários e equipes de socorro.
E enquanto se formam filas nos hospitais para doar o sangue, o governo marroquino confirmou ter aceitado ajuda emergencial apenas do Reino Unido, Espanha, Catar e Emirados Árabes Unidos e que as equipes de resgate desses países estão em viagem ao Marrocos.
A recordação do terremoto de Agadir
Depois do choque com a força do sismo, o mais forte registado até agora no país, em Marraquexe as autoridades e equipes de emergência constataram os danos nos muros que circundam o centro histórico, patrimônio mundial da UNESCO, que se desmoronaram em vários pontos. Muitas casas também ruíram, com os escombros se acumulando nas estreitas vielas e na grande praça Jamaa el Fna, onde desabou o minarete de uma mesquita. Na parte nova da cidade, observam-se “ligeiras fissuras” na torre sineira da Igreja dos Santos Mártires em Guéliz, única igreja católica de Marraquexe, informou ao “L’Osservatore Romano” o padre guardião da comunidade dos frades menores, a quem foi confiada, Jean de Dieu Bazibhue Musaka. A situação, explica o franciscano, revelou-se imediatamente “difícil para as pessoas, porque o terremoto surpreendeu as pessoas enquanto dormiam”.
O frade, originário da República Democrática do Congo e residente em Marraquexe há 5 anos, conta que no meio da noite ouviu o som das sirenes das ambulâncias e dos veículos de emergência que interromperam o silêncio trágico após o primeiro abalo, juntamente com os gritos das pessoas que buscavam abrigo nas ruas da cidade. Não há relatos de vítimas na pequena comunidade católica, que além dos três frades dos Santos Mártires e de 4 religiosas libanesas, em circunstâncias normais inclui cerca de “3.000 pessoas, entre fiéis locais, turistas, pessoal diplomático, estudantes e migrantes subsaarianos.
“Venho agora de um reconhecimento da nossa igreja: pude ver algumas pequenas fissuras que se abriram no prédio e notei que uma estátua da Nossa Senhora estava danificada”, mas – acrescenta – o que é mais marcante nestes momentos é “o medo” que se vê nos olhos das pessoas, que estão “traumatizadas” e “ainda se recordam” do terremoto dos anos 60 “que destruiu Agadir”, com uma magnitude de 5,7 e um saldo de mais de 12.000 mortos, e depois o de 2004, de magnitude 6,3 em Al Hoceima, a nordeste de Rabat. “Rezamos ao Senhor por todos os que morreram e para apoiar as pessoas que sobreviveram, na esperança de que este terremoto não seja tão catastrófico como o de Agadir”, confidencia o frade.
O apelo à solidariedade do cardeal López Romero
O que preocupa “são as vítimas, os muitos feridos e os danos estruturais nos prédios, mesmo nos pequenos povoados”, explica ao L’Osservatore Romano o cardeal Cristóbal López Romero, arcebispo de Rabat, onde o terremoto foi sentido, bem como em Casablanca e outras cidades marroquinas, além de Espanha e Portugal. Agora, relata o cardeal, é o momento de “compaixão para com as famílias atingidas por este terremoto, em particular aquelas que perderam seus entes queridos, e juntos para com os feridos e aqueles que viram suas casas destruídas”.
O arcebispo de Rabat lança também um apelo “à solidariedade por parte dos cristãos e de todas as pessoas de boa vontade no mundo para ajudar da forma mais oportunda”, diante dessas circunstâncias. No sábado realizou-se um encontro de todas as Caritas paroquiais de Marrocos, já previsto há algum tempo, e durante os trabalhos foi feito um balanço da situação: “Um compromisso importante, ainda que simbólico, porque somos uma pequena Igreja”. “Procuramos compreender como ajudar todos os nossos irmãos muçulmanos e marroquinos”, seguindo o exemplo – continua – das palavras do Papa Francisco que, por ocasião da sua viagem a Marrocos em março de 2019, “nos chamou viver neste país em fraternidade.” A reflexão do Cardeal López Romero conclui com uma oração “pelas almas dos falecidos, pela consolação dos atingidos pela catástrofe e para mexer com o coração de todos” neste momento de extrema dificuldade.”
Bispos italianos enviam 300 mil euros
A máquina de ajuda internacional já foi posta em movimento, entre as condolências e o apoio da União Europeia e da União Africana, por primeiro. A UE, por exemplo, envia um montante inicial de 1 milhão de euros em ajuda humanitária para auxiliar as pessoas mais afetadas. Este financiamento visa apoiar os esforços de socorro implementados pelos parceiros humanitários no país, segundo anunciado pela Comissão Europeia.
A Conferência Episcopal Italiana, por sua vez, decidiu destinar 300.000 euros dos fundos 8×1000 por meio da Caritas Italiana, como ajuda imediata para as necessidades básicas das vítimas do desastre. “
“Que as nossas profundas condolências e a nossa proximidade cheguem às irmãs e aos irmãos de Marrocos”, disse o cardeal Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha e presidente da CEI, rezando pelas vítimas e pelas suas famílias. “Garantimos também o apoio das nossas Igrejas, unindo-nos a todos aqueles que foram afetados por esta calamidade e à comunidade marroquina na Itália, cujos corações foram feridos”.
As Caritas
A rede internacional Caritas, incluindo a Caritas Italiana, com as suas filiais diocesanas, tomou medidas para avaliar como ajudar as populações do Marrocos.
A Caritas Ambrosiana, por sua vez, lança uma campanha de angariação de fundos, que serão destinados, segundo um estilo de ação consolidado em experiências anteriores, ao financiamento de intervenções de emergência, a curto prazo, e depois de reabilitação e reconstrução, a médio e longo prazo. A Caritas, por sua vez, optou em não fazer coletas diretas de ajuda material, e não encorajá-las – a menos que o pedido venha da Caritas no Marrocos -, para evitar problemas e opacidade nas cadeias de distribuição, e evitar que mercadorias provenientes do estrangeiro tenham efeitos depressivos nas economias locais. .
A Caritas Italiana colabora há anos com organizações da Caritas Marrocos, no contexto de projetos em favor de pessoas vulneráveis (em particular migrantes e menores não acompanhados). A Caritas nacional e a Caritas diocesana de Rabat intervieram no terreno e estabeleceram contatos com as autoridades locais após o violento abalo que atingiu as zonas centrais do país; graças também à coordenação da Caritas Internationalis, estão sendo definidos os métodos de colaboração e os espaços operacionais, para responder às necessidades das dezenas de milhares de deslocados, feridos, afectados pelo violento terramoto, tanto em situações urbanas como rurais e montanhosas.
Para apoiar a coleta de fundos da Caritas Ambrosiana
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