Análise: inofensivo, Flamengo vai precisar de um milagre na final da Copa do Brasil

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Sem poupar o time, Rubro-Negro fica em um sonolento 0 a 0 com o Goiás e não recupera seu poder de fogo e nem a confiança no último teste antes de decidir o título contra o São Paulo

A quatro dias de decidirem a Copa do Brasil, o São Paulo poupou o time titular inteiro contra o Fortaleza, enquanto o Flamengo levou o que tinha de melhor disponível para enfrentar o Goiás. Para o Rubro-Negro, não era uma questão de prioridade. Em uma espiral negativa dentro e fora de campo, o time precisava recuperar o seu poder de fogo e a confiança no último teste antes da final. De nada adiantou.

Na noite da última quarta-feira na Serrinha, em Goiânia, o Flamengo foi “mais do mesmo” e protagonizou um dos piores jogos desse Campeonato Brasileiro (quiçá o pior). Um 0 a 0 sonolento e sem emoção, daqueles que os torcedores presentes deveriam receber de volta o dinheiro pago nos ingressos, num mundo ideal.

Mas voltemos à realidade, por mais dura que ela seja aos olhos rubro-negros. O tal “domínio dos 90 minutos” enxergado por Jorge Sampaoli é utopia. Ter a bola sem criar situações de gol é um falso controle, o popular “arame liso”. Ainda mais quando o adversário é um time que se arma na retranca para jogar nos erros do Flamengo.

Com Gabigol suspenso, Sampaoli voltou a jogar com dois atacantes (Bruno Henrique e Pedro) e um homem a mais no meio (Everton Ribeiro). No primeiro tempo, o Flamengo beirou os 70% de posse de bola, mas teve somente um chute (contra o São Paulo no domingo passado, nem isso tinha conseguido ao ficar sem finalizar nos primeiros 45 minutos). Na etapa final até deu uma melhorada (convenhamos, era difícil piorar): foram nove arremates a gol.

Porém, chance clara mesmo foram apenas duas. Uma com Bruno Henrique, travado na hora “h” quase na pequena área aos 30 do segundo tempo. E outra 11 minutos depois com Cebolinha, que invadiu a área e finalizou cruzado para grande defesa de Tadeu. Mas o Goiás também teve duas chances: uma com Morelli, que subiu sozinho na área e errou o cabeceio, aos 25 do primeiro tempo; e um chute de Dodô que passou perto da trave, aos 20 da etapa final

E antes fosse um problema pontual o baixo poder de fogo do Flamengo de Sampaoli, mas na verdade os jogadores rubro-negros só estufaram as redes uma única vez nos últimos cinco jogos (levando em consideração que um dos gols da vitória por 2 a 1 sobre o Botafogo foi contra).

Além do clássico, o Flamengo ficou no 0 a 0 com os reservas do Inter; perdeu de 3 a 0 do Athletico-PR e de 1 a 0 do São Paulo; e voltou a empatar sem gols diante do Goiás. Nessa toada, o Rubro-Negro vai depender de um milagre na revanche com o São Paulo na final da Copa do Brasil, pois precisará vencer o jogo.

O que dá para tirar do 0 a 0?
O jogo foi tão ruim que até para elogiar é preciso fazer ressalvas. Dá para dizer que a estreia de Rossi foi positiva, embora o goleiro praticamente não fez defesas. Mas fez reposições rápidas, foi seguro nas bolas aéreas (exceto por uma saída em falso no início) e mostrou que também consegue jogar com os pés, como Sampaoli gosta.

E é inegável que Cebolinha entrou bem nos minutos finais e quase deu a vitória ao Flamengo. Só que os jogos passados são exemplos para evitar empolgações ou esperanças de que o “Cebolinha do Grêmio” voltou. Contratado em junho do ano passado, o atacante até hoje não conseguiu se firmar e vinha de uma sequência ruim de atuações.

Algo que também chamou a atenção foi que, com um banco praticamente inteiro de jogadores do sub-20, naturalmente Sampaoli iria usar alguns garotos em campo nas substituições. O técnico chegou a colocar o atacante Pedrinho, filho do ex-meia e ídolo rubro-negro Beto, mas outra vez não deu chance para Lorran, considerado a principal joia da base.

O empate com o Goiás fez o Flamengo sair do G-4 do Campeonato Brasileiro (e pode sair até do G-6 se o Athletico-PR ganhar do Inter no complemento da 24ª rodada). Os jogadores retornaram ao Rio de Janeiro de madrugada e se reapresentam na manhã desta quinta-feira no Ninho do Urubu. À espera de um milagre, o Rubro-Negro volta a campo domingo, às 16h (de Brasília), no Morumbi, valendo o título da Copa do Brasil.

Fonte: Ge