Paizão, tático e apaziguador: campeões descrevem Abel Braga, ídolo de Fluminense e Internacional

Esportes

Técnico foi campeão brasileiro com os cariocas e da Libertadores e Mundial pelo Colorado. Atletas comandados por ele contam histórias e lembram do período que estiveram juntos

Abel Carlos da Silva Braga é daquelas personalidades do futebol brasileiro que é conhecido por onde passa. Hoje, não é mais técnico de futebol e ocupa o cargo de diretor técnico do Vasco. Ele pendurou a prancheta depois do trabalho no Fluminense em 2022, ganhando o Campeonato Carioca em cima do maior rival. No Tricolor carioca, onde surgiu para o futebol como zagueiro, conquistou o Brasileirão de 2012. Mas o coração dele também bate forte pelo Internacional. Com o Colorado, levantou a Conmebol Libertadores e o Mundial de 2006 contra o Barcelona de Deco e Ronaldinho Gaúcho.

E para saber um pouco mais sobre quem é Abel Braga, o ge procurou quem ouviu as broncas no vestiário, dividiu as resenhas nas concentrações e as comemorações de títulos com o ídolo de Flu e Inter. Da zaga ao ataque, a formação escalada aqui tem Tuta, Fabiano Eller, Wellington Monteiro e Carlinhos.

Abaixo, dividimos algumas das faces do treinador, mas é fácil perceber que se interligam.

Abel, o paizão
Talvez o lado mais conhecido de Abel Braga. Ele tem a fama de ser praticamente aquela figura paterna para os jogadores que comanda. Abel é tido como ótimo gestor de elenco, que sabe a hora e a palavra certa que vai ajudar os atletas, muitas vezes enxergando eles além do que acontece no campo. Aqui, deixamos o relato de Carlinhos, que começa pedindo desculpas para agradecer quem considera ter sido peça fundamental para chegar até a Seleção.

Queria pedir desculpas por toda dor de cabeça que fiz você passar. Tenho tantas histórias para poder contar, mas queria ficar no agradecimento por tudo que fez na minha carreira e pela pessoa importantíssima que foi. Foi um treinador, um pai. Você foi fundamental para que eu pudesse ter desempenhado meu futebol dentro do Fluminense e lá conseguido os títulos, o desempenho e chegar na Seleção. Mas, primeiro de tudo, queria dizer que você é um cara especial e que foi um pai para mim.
— Carlinhos, ex-lateral-esquerdo, campeão brasileiro pelo Fluminense com Abel em 2012

Abel, o tático
Um grande traço de Abel esteve presente naquele que pode ser tido como o jogo mais importante da história do Internacional. A final do Mundial de Clubes contra o Barcelona, em 2006, vencida pelo Inter com gol de Adriano Gabiru só aconteceu do jeito que foi graças ao técnico. Quem diz isso é quem escreveu a história, ouviu e colocou em prática todas as instruções dadas pelo treinador no vestiário para anular Deco, Ronaldinho Gaúcho e companhia. Wellington Monteiro viu de dentro das quatro linhas a maior conquista do clube gaúcho.

Falar do Abel é muito fácil, um cara excepcional, íntegro e reto. Especialista como técnico. É um cara exemplar e que eu tenho um carinho enorme. Eu me lembro que em 2006 ele nos deu tudo “mastigadinho” e tranquilo, por isso que ficou marcado o jogo do Inter contra o Barcelona. O Abel foi fundamental, nos deu a parte tática toda preparada. É um cara que fez e vem fazendo uma história linda. É um cara que merece todo nosso respeito.

Abel, o apaziguador
Muitas vezes o técnico de futebol precisa saber controlar os ânimos. Tanto o dele próprio, mas também o dos jogadores que estão em busca da vitória. Acontece até mesmo de ele ter que acalmar os próprios companheiros. Foi o que aconteceu em 2005, quando Juan e Petkovic estavam quase chegando às vias de fato depois de uma partida. No vestiário, Abelão tomou as rédeas da situação e mostrou autoridade. Mas aí é melhor que Tuta, atacante daquele time, conte um pouco o que aconteceu.

  • Tem um fato engraçado. Não lembro o jogo, mas foi em Volta Redonda. O Juan e o Pet estavam brigando no fim do jogo. Chegaram no vestiário com aquela discussão… O Abel chegou e falou: “Ah, vocês querem brigar? Ah é? Então briga aí”. Ele pegou um por cada braço, colocou os dois e eles ficaram com uma cara (risos). No fim das contas ninguém brigou. Eu estava relaxando na banheira, o Abel chegou do meu lado e perguntou se tinha ido bem e respondi: “Pô, foi bem demais” (risos). Esse é um fato engraçado que acho que vou sempre lembrar.

Paizão, tático e apaziguador: campeões descrevem Abel Braga, ídolo de Fluminense e Internacional
Técnico foi campeão brasileiro com os cariocas e da Libertadores e Mundial pelo Colorado. Atletas comandados por ele contam histórias e lembram do período que estiveram juntos
Por Davi Barros e Tomás Hammes — Rio de Janeiro

Abel Carlos da Silva Braga é daquelas personalidades do futebol brasileiro que é conhecido por onde passa. Hoje, não é mais técnico de futebol e ocupa o cargo de diretor técnico do Vasco. Ele pendurou a prancheta depois do trabalho no Fluminense em 2022, ganhando o Campeonato Carioca em cima do maior rival. No Tricolor carioca, onde surgiu para o futebol como zagueiro, conquistou o Brasileirão de 2012. Mas o coração dele também bate forte pelo Internacional. Com o Colorado, levantou a Conmebol Libertadores e o Mundial de 2006 contra o Barcelona de Deco e Ronaldinho Gaúcho.

E para saber um pouco mais sobre quem é Abel Braga, o ge procurou quem ouviu as broncas no vestiário, dividiu as resenhas nas concentrações e as comemorações de títulos com o ídolo de Flu e Inter. Da zaga ao ataque, a formação escalada aqui tem Tuta, Fabiano Eller, Wellington Monteiro e Carlinhos.

Abaixo, dividimos algumas das faces do treinador, mas é fácil perceber que se interligam.

Abel, o paizão
Talvez o lado mais conhecido de Abel Braga. Ele tem a fama de ser praticamente aquela figura paterna para os jogadores que comanda. Abel é tido como ótimo gestor de elenco, que sabe a hora e a palavra certa que vai ajudar os atletas, muitas vezes enxergando eles além do que acontece no campo. Aqui, deixamos o relato de Carlinhos, que começa pedindo desculpas para agradecer quem considera ter sido peça fundamental para chegar até a Seleção.

Carlinhos foi campeão brasileiro com o Abel no Fluminense em 2012

Queria pedir desculpas por toda dor de cabeça que fiz você passar. Tenho tantas histórias para poder contar, mas queria ficar no agradecimento por tudo que fez na minha carreira e pela pessoa importantíssima que foi. Foi um treinador, um pai. Você foi fundamental para que eu pudesse ter desempenhado meu futebol dentro do Fluminense e lá conseguido os títulos, o desempenho e chegar na Seleção. Mas, primeiro de tudo, queria dizer que você é um cara especial e que foi um pai para mim.
— Carlinhos, ex-lateral-esquerdo, campeão brasileiro pelo Fluminense com Abel em 2012
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Abel, o tático
Um grande traço de Abel esteve presente naquele que pode ser tido como o jogo mais importante da história do Internacional. A final do Mundial de Clubes contra o Barcelona, em 2006, vencida pelo Inter com gol de Adriano Gabiru só aconteceu do jeito que foi graças ao técnico. Quem diz isso é quem escreveu a história, ouviu e colocou em prática todas as instruções dadas pelo treinador no vestiário para anular Deco, Ronaldinho Gaúcho e companhia. Wellington Monteiro viu de dentro das quatro linhas a maior conquista do clube gaúcho.

Wellington Monteiro foi campeão da Libertadores e Mundial com o Abel no Inter em 2006

  • Falar do Abel é muito fácil, um cara excepcional, íntegro e reto. Especialista como técnico. É um cara exemplar e que eu tenho um carinho enorme. Eu me lembro que em 2006 ele nos deu tudo “mastigadinho” e tranquilo, por isso que ficou marcado o jogo do Inter contra o Barcelona. O Abel foi fundamental, nos deu a parte tática toda preparada. É um cara que fez e vem fazendo uma história linda. É um cara que merece todo nosso respeito.

Abel, o apaziguador
Muitas vezes o técnico de futebol precisa saber controlar os ânimos. Tanto o dele próprio, mas também o dos jogadores que estão em busca da vitória. Acontece até mesmo de ele ter que acalmar os próprios companheiros. Foi o que aconteceu em 2005, quando Juan e Petkovic estavam quase chegando às vias de fato depois de uma partida. No vestiário, Abelão tomou as rédeas da situação e mostrou autoridade. Mas aí é melhor que Tuta, atacante daquele time, conte um pouco o que aconteceu.

Tuta foi campeão carioca com o Abel no Fluminense em 2005

  • Tem um fato engraçado. Não lembro o jogo, mas foi em Volta Redonda. O Juan e o Pet estavam brigando no fim do jogo. Chegaram no vestiário com aquela discussão… O Abel chegou e falou: “Ah, vocês querem brigar? Ah é? Então briga aí”. Ele pegou um por cada braço, colocou os dois e eles ficaram com uma cara (risos). No fim das contas ninguém brigou. Eu estava relaxando na banheira, o Abel chegou do meu lado e perguntou se tinha ido bem e respondi: “Pô, foi bem demais” (risos). Esse é um fato engraçado que acho que vou sempre lembrar.

Abel, o confiável
É muito frequente que os técnicos recebam aquelas críticas por serem cabeça dura demais ou tentarem inventar moda. Quando esteve no Inter em 2006, Abel indicou a contratação do zagueiro Fabiano Eller. A face de paizão voltou a aparecer, já que o técnico tinha trabalhado com o defensor outras vezes. Mas o zagueiro chegou com desconfiança por ser mais técnico do que de força física. Logo no primeiro jogo, calou os críticos? Não, pelo contrário… Fabiano Eller falhou, mas Abel esteve junto com ele para fazer com que ele desse a volta por cima.

Fabiano Eller foi campeão da Libertadores e Mundial com Abel no Inter em 2006

  • Cheguei no Inter com um pouco de desconfiança da diretoria e da torcida porque eu era um zagueiro mais técnico e o pessoal no Sul não gostava tanto desse estilo de jogo, zagueiro que saía jogando. Pessoal achava que eu era carioca e no primeiro jogo, na minha estreia no Inter, estava fora de ritmo e acabei entregando a paçoca (risos). É difícil a gente contar as derrotas, mas esse é um caso até engraçado. Cheguei lá com a desconfiança, não fui bem, tentei sair jogando, roubaram a bola e fizeram o gol. Depois disso aumentou a desconfiança. Mas depois disso tivemos esse sucesso todo com o Internacional.
  • Fomos campeões da Libertadores, joguei todos os jogos da Libertadores, fui campeão do mundo, vice-campeão brasileiro, eleito melhor zagueiro do Campeonato Gaúcho e melhor do Brasileiro de 2006, então acho que Abelão estava certo em ter me contratado. Depois de muita desconfiança consegui vencer ela e acho que também ajudei a abrir um pouco o mercado para o futebol técnico de zagueiro no Rio Grande do Sul. Pessoal não gostava tanto disso, preferiam um zagueiro mais viril, de mais pegada e intensidade, mas eu era mais técnico. E consegui mudar um pouco a cabeça do pessoal do Rio Grande do Sul.

Fluminense e Internacional se enfrentam pelo jogo de ida da semifinal da Conmebol Libertadores na quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), no Maracanã. O jogo de volta será depois de uma semana, no mesmo dia e horário, mas no Beira-Rio. Quem avançar pega o vencedor de Boca Juniors e Palmeiras

Fonte: Ge