Análise: formação, desgaste e linha alta do Fluminense cobram preço que não foi cobrado no Beira-Rio

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Fernando Diniz aposta novamente em formação que não dá certo e Botafogo aproveita falhas e brechas que o Internacional não soube utilizar na semifinal da Conmebol Libertadores

Contra o Internacional, na quarta-feira passada, pela semifinal da Conmebol Libertadores, pouco importou se o Fluminense jogou mal. O time conseguiu a vitória e a classificação para a final da competição depois de 15 anos. Agora, na derrota por 2 a 0 para o Botafogo, pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro, com a maioria dos titulares do Beira-Rio, erros se repetiram e o rival aproveitou falhas no sistema defensivo tricolor que serve de alerta para os próximos jogos e, principalmente, 4 de novembro.

Não é só pelo resultado, isso é bom destacar. Mas o Fluminense mostrou falhas que aconteceram também contra o Inter. É difícil apontar a principal razão para a derrota – até porque num esporte com 11 jogadores de cada lado, nunca é apenas uma questão só. Mas as teses de que a culpa recai principalmente no desgaste, na formação com apenas dois jogadores no meio de campo ou no foco na Libertadores, são todas plausíveis e possíveis respostas para a exibição de domingo.

Comecemos do começo. Fernando Diniz iniciou o jogo com a formação que deu muito certo nos dois jogos diante do Olimpia, pelas quartas de final da Conmebol Libertadores, com André e Ganso no meio de campo, mas que não deu certo além dessas partidas. O Fluminense começou assim no primeiro tempo do primeiro jogo com o Internacional e também na segunda etapa da partida de volta. Pode ser mais ofensivo, mas o time também mostra vulnerabilidade, basta lembrar das chances perdidas empilhadas por Enner Valencia.

Apenas com André e Ganso no meio de campo, o time tem perdido o controle dessa área e ficado exposto, principalmente na hora de pegar os rebotes. Com a velocidade que o time do Botafogo demonstra durante todo o campeonato – não à toa lidera a competição -, o time explorou a liberdade que havia na área central e acionava rapidamente o atacante nas costas da defesa que marcava em linha alta.

Os dois gols alvinegros saíram dessa forma. Marlon (no primeiro gol) e Nino (no segundo) deram condição para a infiltração adversária e, diferente de quarta-feira, os atacantes do outro time não desperdiçaram.

O Fluminense não conseguiu responder. Com Marcelo tendo bastante liberdade para se movimentar em campo e aparecendo em diversas áreas do campo, a equipe quase não conseguia furar o bloqueio da compacta defesa alvinegra. O técnico usou a carta “André na zaga” ainda no primeiro tempo, quando o jogo já estava 2 a 0, mas não adiantou.

Além da formação tricolor, outra questão é que o time parecia apático desde o início. A diferença de intensidade para o Botafogo foi cobrado por Fernando Diniz quando o jogo já estava 2 a 0 na parada para hidratação por causa do forte calor no Maracanã. Depois do jogo, o técnico considerou que a partida contra o Internacional pode ter tido influência, sim, no desempenho de domingo

A gente tem de sofrer a dor da derrota e corrigir. Teve uma diferença de intensidade no começo do jogo, o que foi determinante para o Botafogo vencer a partida. A gente teve jogo desgastante na quarta, um jogo heroico, no qual o time lutou muito, e esvaziou totalmente o tanque tanto de energia física quanto emocional. Embora a gente tenha tentado, não conseguimos recuperar a equipe

Torcida joga junto apesar da derrota, mas vaia Ganso
Com 2 a 0 no placar é natural que as torcidas fiquem impacientes. Isso aconteceu com o Fluminense, principalmente quando Paulo Henrique Ganso pegava na bola no primeiro tempo. O camisa 10 não jogou bem, ouviu vaias quando era acionado e foi substituído por Lima no intervalo.

Mas a impaciência tricolor pareceu direcionada apenas ao meia. No fim do segundo tempo, mesmo com o 2 a 0 no placar já praticamente sacramentado, a torcida acordou e empurrou o time. Não necessariamente para que o Fluminense virasse o jogo, àquela altura isso já não parecia possível, mas para que percebesse que até a final da Conmebol Libertadores, todo dia é 4 de novembro.

O Fluminense volta a campo no dia 19 de outubro (quinta-feira), quando recebe o Corinthians, às 21h30 (de Brasília), no Maracanã. A final da Conmebol Libertadores está marcada para 4 de novembro, quando o Flu encara o Boca Juniors, em jogo único, no Maracanã, em horário a ser definido.

Fonte: Ge