Em entrevista exclusiva ao ge, goleiro, que completou 200 jogos pelo clube, confidencia bastidores do elenco líder do Brasileirão
A fala tranquila e o português perfeito de Gatito Fernandez denotam um jogador mais do que acostumado a viver no Brasil e, principalmente, ao Botafogo. Há seis anos no clube, o jogador paraguaio vive o auge da passagem com a briga pelo título do Campeonato Brasileiro e larga vantagem para o segundo colocado.
O argentino, que se aposentou no final de junho, exercia uma função de desenvolvimento na base. Saiu de cena o zagueiro Joel Carli para entrar o treinador Joel Carli. Mas o que mudou?
- Tem diferença. Nesse último jogo eu estava esperando o Segovia me buscar para ir para a concentração, o Carli passou e não me levou, por exemplo. Se fosse quando ele era jogador, me levaria. Como é treinador, não pode mais me levar (risos) – contou o goleiro.
Se a relação profissional entre o paraguaio e o argentino mudou, fora de campo o ambiente segue igual, é o que garante Fernandez.
A gente continua conversando. Nossa amizade é, e sempre foi, fora das quatro linhas. Nossas famílias são muito amigas, minha esposa com a esposa dele. Isso nunca vai mudar.
— Gatito Fernandez
Ser auxiliar é a primeira oportunidade de Carli na beira do campo em um clube de futebol. Apesar da pouca experiência no cargo, Gatito garante que o conhecimento do argentino dentro do vestiário é essencial para a recuperação do Glorioso no Brasileiro.
- Acho que com ele sendo auxiliar, facilita muito a conexão com os jogadores. O auxiliar tem que ser um conector do elenco com o treinador. Isso facilita muito no dia a dia. Facilita nos jogos, na comunicação dos atletas com o treinador. Nós tendo o Carli ajuda muito o Lúcio Flávio e potencializa muito o nosso treinador – explicou o goleiro.
Gatito e Carli trabalham juntos no Botafogo desde 2018, com um breve hiato pela saída do zagueiro em 2020 e retorno na temporada seguinte. Juntos, conquistaram o Campeonato Carioca de 2018, com direito a gol heroico do zagueiro e brilho do goleiro na disputa de pênaltis.
Os amigos viraram símbolos do clube e ganharam a paixão dos torcedores mesmo nos momentos mais difíceis ao longo desses cinco anos. Hoje os 35 anos, o paraguaio se tornou uma referência dentro do elenco alvinegro.
Não é raro ver Gatito na beira do campo, conversando com os companheiros, passando orientações. O próprio se define como um “líder estratégico”.
- Fico observando muito e falando coisas pontuais. Me enxergo muito assim. Tento ver de uma maneira maior, trazer soluções e falar com os meus companheiros sobre essas soluções que eu enxergo – explicou.
Mas nem pense em ver Gatito como treinador no futuro.
Nunca pensei em ser treinador. Brincava com o Carli antes: ‘Você vai ser treinador, eu vou ser auxiliar’ (risos). Porque eu não gosto. Não passa na minha cabeça ser treinador hoje em dia.
— Gatito Fernandez
Goleiro de seleção, líder estratégico, paizão. Gatito Fernandez tem muitas funções. Certamente, a que os torcedores do Botafogo mais gostam é a de ídolo.
Fonte: Ge