Especialista em tática, auxiliar ganha o vestiário com discursos inflamados e ajuda o pai a conduzir o time na luta contra o rebaixamento
Há 19 jogos no comando do Vasco, o equivalente a um turno do Brasileirão, Ramón Díaz conseguiu o que muitos já tratavam como impossível. A quatro rodadas do fim, o time está fora da zona de rebaixamento e dá sinais de que vai conseguir permanecer na Série A. Hoje, é improvável encontrar um vascaíno que não goste do técnico argentino. Um trabalho de resgate, que tem ajuda de muita gente, especialmente do filho Emiliano Díaz.
Emiliano é mais do que um braço direito de Ramón no Vasco. É um auxiliar muito presente. Ele é participativo não somente no dia a dia nos treinos, como também nos jogos e no vestiário. É querido no elenco e homem de confiança do treinador.
- Eles se entendem no olhar – disse uma pessoa do convívio diário com a dupla, ao ge
Além de Emiliano, Rámon chegou ao Vasco com os auxiliares argentinos Osmar Ferreyra e Juan Romanazzi, com o compatriota Damian Paz (analista de desempenho) e com o preparador físico brasileiro Diego Pereira. Todos na casa dos 40 anos.
O que se ouve na Argentina e dentro do Vasco é que staff traz jovialidade, energia e modernidade ao trabalho da comissão técnica de Ramón Díaz, uma lenda no futebol argentino, de 64 anos. E nisso, Emiliano tem papel fundamental, por ser o mais próximo ao pai e ajudar a liderar o grupo.
- Além da relação entre pai e filho, eles têm uma relação bastante profissional. Os dois são muito profissionais e têm nos ajudado bastante. O Emiliano é uma pessoa espetacular, assim como o Ramón. Cada um tem sua maneira de trabalhar, cada um tem seu jeito de lidar com os jogadores. Um fala mais, o outro fala menos. Um pega mais no pé, o outro pega menos. Mas eles estão sempre em sintonia. A questão de ser pai e filho não interfere em nada. Eles têm nos ajudado bastante – disse o zagueiro Maicon.
Emiliano é muito ativo durante os jogos e conversa o tempo todo com Ramón. Por vezes, é ele quem passa orientações para os jogadores em campo. Quando um está à beira do gramado geralmente o outro senta no banco. Eles se alternam.
Mas é no vestiário que ele se faz ainda mais presente. Com discursos inflamados, assim como seu pai, exerce um papel importante de motivador.
- O trabalho que vocês estão fazendo é absurdo. Um absurdo! Nós temos um sonho. E esse sonho está a 90 minutos de acontecer. Estamos fazendo muito para não sofrermos mais. Hoje, durante 90 minutos, temos que jogar com todo esse sofrimento. Temos que lembrar de todo sofrimento que passamos. Temos que ter fé e acreditar até o fim. Vou repetir: temos que jogar durante 90 minutos com esse sofrimento, que sofremos durante dois meses. Eles (Botafogo) não estão acostumados com essa situação de pressão, que nós vivemos. Essa é a vantagem que temos hoje. Vocês são homens. E hoje é o dia – disse Emiliano ao grupo, antes do clássico contra o Botafogo, em um dos muitos vídeos de bastidores, da Vasco TV, que viralizaram entre os torcedores.
Emiliano também é o autor da frase que virou lema entre os vascaínos.
- Se eles querem que desistamos, terão de matar a todos nós – postou o auxiliar argentino, após a derrota por 1 a 0 para o Palmeiras, que teve polêmica em gol anulado de Paulinho. A torcida comprou o barulho.
Engana-se, no entanto, quem pensa que motivar é o único papel de Emiliano. Todos os relatos dão conta de que ele é um auxiliar extremamente estudioso e entende muito de futebol. O goleiro Gatito Fernández, por exemplo, que trabalhou com Emiliano durante um curto período no Botafogo em 2020, o elogiou bastante.
Ao contrário de Ramón, que foi um centroavante com faro de gols, Emiliano era meio-campista. Iniciou a carreira no River Plate, clube em que seu pai fez história como jogador e treinador. Emiliano chegou a ser comandado por Ramón, mas não vingou. Passou a maior parte da carreira em clubes menores e se aposentou aos 28 anos para estudar sobre futebol.
No ano seguinte, em 2011, Emiliano trabalhou pela primeira vez como auxiliar de Ramón, no Independiente. Desde então, acompanhou o pai pelo mundo, no futebol sul-americano, no Egito e no Oriente Médio. Doze anos depois, os dois seguem inseparáveis e querem fazer história no Vasco.
Fonte: Ge