Fernando Diniz explica opção por quatro atacantes e espera torcida jogando junto com Seleção

Esportes

Técnico projeta clássico contra a Argentina e fala das preocupações com Messi

Na véspera do clássico entre Brasil e Argentina, o técnico Fernando Diniz justificou a escolha pela formação com quatro atacantes e discordou da interpretação de que tal sistema deixe a Seleção fragilizada no meio de campo.

Na partida dessa terça-feira, às 21h30 (de Brasília), no Maracanã, a Seleção terá um ataque formado por Raphinha, Rodrygo, Gabriel Jesus e Gabriel Martinelli.

Eu não enxergo o futebol da maneira que vocês enxergam, que se colocasse mais um jogador, um volante ou meia o time ficaria mais protegido. Não encaro assim. O Brasil na Copa do Mundo jogou com uma formação parecida. O Neymar, que também é atacante, dois pontas abertos, um centroavante, e o Paquetá, com característica mais ofensiva até do que o Bruno Guimarães. Tratam o quarteto como uma coisa inovadora, coisa que não é. O que muda é que tem um novo jeito de jogar, com mais agressividade, e a equipe vai se adaptando, isso leva um pouco de tempo – disse Diniz, em entrevista coletiva, nesta segunda-feira.

– A minha maneira de pensar o futebol não é departamentalizando o jogo: a defesa fica atrás, o meio de campo fica no meio, e o ataque fica na frente. É um jeito muito mais orgânico, mais junto, todos os jogadores têm que jogar de maneira coesa para a coisa funcionar de maneira mais efetiva.

Questionado sobre o meio de campo argentino e a preocupação em evitar que Messi seja abastecido, o treinador analisou:

– O Messi mexe. Sobre o meio-campo, não vejo assim, (a Argentina) jogar com três no meio. O futebol não é isso, os encaixes e a coesão é que vão favorecer ou não no decorrer do jogo. Não tem como não se preocupar com um jogador desse tamanho. E a gente tem que jogar. Não fugir das características e ao mesmo tempo tentar conter toda a capacidade de criação que ele possui.

O clássico será disputado com casa cheia. Cerca de 69 mil pessoas são aguardadas no Maracanã para o último compromisso da Seleção em 2023.

Embora reconheça que o público pode reagir mal em caso de desempenho ruim do Brasil, Diniz espera que o apoio da torcida seja um diferencial a favor do Brasil em busca da vitória.

– Eu acredito que a Seleção que vai contribuir para o ambiente. Concordo que o Maracanã responde de maneira diferente quando as coisas não andam bem. Historicamente é assim. Vai depender de como vai se portar em campo. Espero um grande jogo. É uma equipe de qualidade, tem um dos maiores jogadores da história. A gente se preparou muito para o jogo e espera fazer uma grande partida. Que a torcida consiga jogar junto com o time.

O Brasil vai a campo com: Alisson, Emerson Royal, Marquinhos, Gabriel Magalhães e Carlos Augusto; André e Bruno Guimarães; Raphinha, Rodrygo, Gabriel Jesus e Gabriel Martinelli.

Carência de armadores
– O futebol mudou muito. Esse jogador que você está falando, que a gente fica um pouco preso. o Ganso tem essa característica, Alan Patrick, Veiga também tem. Zidane também tinha, talvez o maior expoente dos últimos 50 anos. O futebol foi mudando a característica, um jogador com essa característica deu um passo atrás, Modric, Iniesta. Não tem mais esse jogador pensador. O Veiga é muito mais um meia que chega e finaliza do que um que articula o jogo. O jogo deu uma mudada muito grande. Na Copa de 70 tinha um monte de camisa 10. Camisas 10 diferentes, Zico, Gerson. Mesmo com essa figura do camisa 10, tinha muito craque, mas com estilos diferentes. No futebol mundial, esse jogador está cada vez mais raro.

Desfalques
– São jogadores que fazem falta em todos os sentidos, dentro e fora de campo. A equipe que vai começar amanhã em comparação com a Argentina é quase o oposto. Três jogadores que eram titulares na Copa do Mundo: Alisson, Marquinhos e Raphinha. Em contrapartida, ciclo que vai se renovando, outros talentos que vão ganhando oportunidade. Se habituando a jogar na Seleção, onde tem ampliação do volume de tudo. Tem que preparar para isso, para ser criticado ou enaltecido. Jogadores vão se preparando para isso. Mas quando o resultado não vem a gente tem que se fortalecer como grupo. Acredito muito nesses jogadores que estão aí. Muita gente nova e talentosa.

Argentina é a melhor do mundo?
– Se não for a melhor, é uma das melhores. Já faz um tempo, não só porque ganhou a Copa do Mundo. Tem jogadores nas maiores ligas, com destaque. E tem o Messi. É uma equipe que está jogando há muito tempo, ciclo vitorioso e que manteve uma base. Se não for a maior, está entre as três da atualidade. A gente tem noção disso e vai se preparar para fazer o melhor diante de um grande adversário.

Análise dos tropeços
– Contra a Venezuela foi um mal resultado, o time começou jogando bem, no segundo tempo teve oportunidades de ampliar, muitas jogadas de contra-ataque e não soube aproveitar. Numa das poucas jogadas criadas pela Venezuela, eles conseguiram empatar. Contra o Uruguai, a equipe marcou bem, teve controle do jogo, mas criou pouco, coisa que a gente corrigiu no jogo contra a Colômbia. A equipe foi muito envolvente, marcou bem no início do jogo e jogou no campo da Colômbia, depois diminuímos o ritmo da marcação e cedemos espaço. No segundo tempo, tivemos oito oportunidades de fazer o segundo gol, não conseguimos, o time ficou mais aberto do que deveria e marcou mal quando teve que ficar com a linha baixa.

Reação do elenco às derrotas
– O grupo sentiu a tristeza que tem que sentir, e também a vontade de melhorar. Temos trabalhado muito. Contra a Colômbia, o que a gente fez muito mal foi o contrário do que a gente fez contra o Uruguai. No Uruguai, marcou bem e criou pouco. Na Colômbia criamos e cedemos oportunidades. Acredito que a parte de conter os ataques adversários é mais fácil de corrigir. Todo mundo quer que ataque e defenda bem na mesma proporção. Espero um time mais equilibrado, sem perder efetividade e poder de criação que a gente teve.

Possível último jogo no Brasil
– Estou muito bem. Eu não fico pensando que é o último jogo. Para mim, é o grande jogo, os dias que tenho para treinar é o que tenho para fazer o melhor possível. Minha conexão com o presidente é muito boa, sinceridade desde o primeiro momento. Tenho que fazer o melhor que posso. Desafio está posto, oportunidade muito grande. Todo mundo sonha estar na Seleção. Para mim é um grande desafio, me sinto bastante feliz e honrado.

Fonte: Ge