Bispo que denunciou casos de pedofilia e exploração sexual no Marajó, deve se mudar a pedido da Santa Sé.

Igreja

O núncio apostólico no Brasil, dom Giambattista Diquattro, pediu para que o bispo emérito dom José Luis Azcona Hermoso não more mais no território da prelazia, disse hoje (9) em comunicado o administrador diocesano da prelazia de Marajó, o padre Kazimierz Antoni Skorki.

A prelazia do Marajó é sufragânea da arquidiocese de Belém do Pará e abrange nove municípios da ilha que pertence ao Estado do Pará.

“Não recebemos da Nunciatura nenhuma notificação das motivações para tal pedido e nem mesmo detalhes. Apenas foi confirmado para nós, pelo próprio Dom José o pedido do Sr. Núncio”, disse a prelazia em nota publicada hoje (9) no Instagram.

Dom José Luis Azcona, nascido em Pamplona, Espanha, foi bispo de Marajó de 1987 a 2016. Já bispo-emérito, dom Azcona participou do Sínodo da Amazônia, em 2019. Foi uma das poucas vozes conservadoras no sínodo, que foi marcado por pedidos de ordenação de homens casados, mulheres e o estabelecimento de um rito amazônico que incorporasse elementos indígenas no catolicismo.

O bispo criticou a “ausência de Cristo Crucificado” no Instrumentum Laboris, o texto de trabalho do sínodo, chamando atenção para a ausência do elemento central do anúncio evangelizador no documento. Dom Azcona também alertou sobre nenhuma menção ao pecado nos povos indígenas no documento de trabalho e defendeu o celibato sacerdotal, além de alertar para o escândalo e a idolatria causados pelo uso de imagens de Pachamama em eventos no sínodo da Amazônia.

Em 2009, Dom Azcona denunciou casos de pedofilia e exploração sexual de crianças e adolescentes no Marajó por políticos e empresários locais. A denúncia deu origem à CPI da Pedofilia na Assembleia Legislativa do Pará e no Congresso Nacional.

Segundo o jornal O Liberal, do Pará, dom Azcona deve deixar Marajó até janeiro, quando toma posse o novo bispo, dom José Ionilton Lisboa de Oliveira nomeado pelo papa Francisco no início de novembro.

Dom José Ionilton é presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e faz parte da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam Brasil), criada pelo papa depois do Sínodo da Amazônia.