Defesa de Bolsonaro diz que enviou suposta minuta do golpe ao ex-presidente para que ele tomasse conhecimento do material

Política

Em nota, defesa afirmou que Bolsonaro não sabia do conteúdo do texto e que imprimiu arquivo recebido pelo celular para facilitar leitura. Documento foi encontrado pela PF no gabinete do ex-presidente na sede do PL.

A defesa de Jair Bolsonaro afirmou que enviou a suposta minuta do golpe para o celular do ex-presidente, para que ele “pudesse tomar conhecimento do material dos referidos arquivos”. O envio foi feito pelo advogado do ex-presidente, Paulo Amador da Cunha Bueno (leia detalhes abaixo).

Nesta quarta-feira (8), a Polícia Federal encontrou na sede do Partido Liberal (PL) um documento que defende e anuncia a decretação de um Estado de Sítio e da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no país.

Segundo apuração do colunista Valdo Cruz, o documento foi encontrado na sala de Bolsonaro.

Em nota, a defesa disse que teve acesso aos arquivos da investigação e que o ex-presidente, desconhecendo o conteúdo das supostas minutas, solicitou o documento.

“O ex-Presidente — desconhecendo o conteúdo de tais minutas — solicitou ao seu advogado criminalista, Dr. Paulo Amador da Cunha Bueno, que as encaminhasse em seu aplicativo de mensagens, para que pudesse tomar conhecimento do material dos referidos arquivos.”

De acordo com a defesa, em 2023, após a apreensão de celulares do tenente-coronel Mauro Cid, a investigação encontrou possíveis minutas de decretos de Estado de Sítio ou GLO durante a análise dos aparelhos.

O envio da suposta minuta ao celular de Bolsonaro foi feito no dia 18 de outubro de 2023. Veja no print.

A defesa afirmou que o ex-presidente resolveu imprimir o arquivo para facilitar a leitura do texto.

“A impressão provavelmente permaneceu no local da diligência de busca e apreensão havida na data de hoje, que alcançou inclusive o gabinete do ex-Presidente, razão porque lá foi apreendido”, diz a nota.

A defesa alegou que Bolsonaro só teve conhecimento do conteúdo da suposta minuta após o envio do documento em outubro de 2023, o que fundamenta “sua distância de qualquer empreitada ilegal”. Além disso, a nota afirma que o documento já integrava a investigação da PF.

O documento
O papel foi encontrado durante operação para apurar o envolvimento de Bolsonaro, militares e ex-ministros num suposto plano para dar um golpe de Estado no fim de 2022 e evitar a eleição de Lula como presidente. O documento não está assinado.

O blog da Natuza Nery teve acesso ao documento encontrado pela PF na sede do PL. O texto cita até Aristoteles e diz que a resistência a “leis injustas” é um “princípio do Iluminismo”. O texto é apócrifo —ou seja, sem autenticidade comprovada.

“Afinal, diante de todo o exposto, e para assegurar a necessária restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil, jogando de forma incondicional dentro das quatro linhas, com base em disposições expressas da Constituição Federal de 1988, declaro o estado de Sítio e, como ato contínuo, decreto operação de garantia da lei e da ordem”, diz o parágrafo final.

Segundo fontes ouvidas pelo blog, trata-se de uma espécie de discurso, por escrito, que sustenta que a ruptura do Estado Democrático de Direito estaria “dentro das quatro linhas da Constituição”, expressão muito usada por Bolsonaro em atos e discursos públicos quando presidente.

Fonte: G1