Mocidade Alegre é a campeã do carnaval de São Paulo 2024

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Com enredo sobre Mário de Andrade, escola da Zona Norte vence pelo segundo ano seguido e conquista 12º título no grupo especial

A Mocidade Alegre é a vencedora do grupo especial do Carnaval de São Paulo de 2024. É o décimo-segundo título da agremiação, que também venceu o Grupo Especial no ano passado. Neste ano, a escola do bairro do Limão apresentou os “vários Brasis” do escritor Mário de Andrade.

A escola conquistou 270 pontos. Solange Bichara, presidente da agremiação, disse após o resultado que sente “uma emoção muito grande” e que o concurso foi “muito acirrado”.

— Estou a mil por hora. Estou digerindo, é uma emoção grande. Foi um ano muito dificil, onde todas as escolas estiveram bem. Não sabíamos quem ia ganhar. As escolas evoluíram demais e a gente acaba perdendo o parâmetro. Mas nada de ficar contando vitória antes. A gente prefere orar e ter fé que vai dar certo, além de acreditar no trabalho — disse a presidente agradecendo à comunidade da escola do bairro do Limão, na Zona Norte de São Paulo.

Com mais esse título, a Mocidade torna-se a segunda maior campeã de São Paulo, atrás apenas da Vai Vai, que já venceu quinze vezes.

Em segundo lugar, ficou a Dragões da Real, que foi fundada por integrantes da torcida organizada do São Paulo Futebol Clube, e neste ano teve como enredo “África, uma Constelação de Reis e Rainhas”. Mocidade e Dragões passaram apuração toda brigando pela primeira posição, e o resultado só foi definido na última nota do último quesito, harmonia. A escola também marcou 270 pontos, mas como havia recebido uma nota menor do que a Mocidade, a Dragões ficou em segundo lugar pelo critério de desempate.

Em terceiro lugar, ficou a Acadêmicos do Tatuapé, que apresentou um enredo sobre a Mata de São João, na Bahia. O desfile das campeãs ocorre neste sábado (17), no sambódromo do Anhembi, e ainda há ingressos disponíveis a partir de R$ 70 no site da Liga-SP.

Já a Tom Maior e a Independente Tricolor foram as piores colocadas e serão rebaixadas para o grupo de acesso.

Os enredos do grupo especial deste ano foram marcados por temáticas indígenas e africanas e homenagens a Fafá de Belém, Mário de Andrade e ao Parque Ibirapuera. Os desfiles transcorreram sem grandes problemas, já que nenhuma escola estourou o tempo nem teve problemas com carros alegóricos, e não choveu em nenhuma das noites.

A apuração teve uma mudança na locução das notas, que era feita há 30 anos por Antônio Pereira da Silva, o Zulu. Hoje, a locutora de rádio Eloise Matos estreou na função, sendo a primeira mulher a narrar a apuração do carnaval paulistano em três décadas. A divulgação de resultados ainda teve uma situação atípica: a jurada Bia Cagliani não deu notas no quesito evolução para a Império de Casa Verde. Por isso, pelo regulamento, a agremiação ganhou a nota média que havia recebido até então – neste caso, um dez.

Um ode ao paulistano Mário de Andrade
A Mocidade Alegre foi a terceira escola a entrar na avenida no sábado, segundo dia de desfiles. A comissão de frente contou com o ator Pascoal da Conceição representando Mário de Andrade, um personagem que ele já interpretou em 2004 na série “Um só coração”.

Todo o desfile foi um ode às obras do ícone do movimento modernista e à cidade de São Paulo dessa época, em um desfile bem executado do início ao fim e de alta qualidade técnica. Todo em dourado e bronze, o carro abre-alas era uma réplica do Viaduto Santa Ifigênia e representou com maestria o livro “Pauliceia Desvairada”, misturando operários com a burguesia e mostrando a modernização da capital paulista na década de 1920.

De “Macunaíma” ao “Aspectos do Folclore Brasileiro” passando pelo seus estudos sobre Aleijadinho (reverenciado nas fantasias das baianas todas de cinza, simulando a pedra-sabão usada pelo artista) e patrimônio histórico, estava tudo lá, bem como suas viagens a Amazônia. A escola fez a alegria da arquibancada com um samba de letra fácil de decorar, e manteve a beleza impecável que fez dela a vencedora do ano passado.

Fonte: O Globo