Esta foi a exortação do Papa no Angelus deste Terceiro Domingo da Quaresma.
Da janela de seu escritório, com um forte vento na Praça São Pedro, Francisco comentou o Evangelho de hoje, que mostra uma cena dura: Jesus expulsa os vendilhões do templo, afastando os vendedores, derrubando as barracas dos cambistas e dizendo: “Não façam da casa de meu Pai um mercado”. O Papa se detém exatamente no contraste entre casa e mercado: são, de fato, duas maneiras diferentes de se apresentar diante do Senhor.
No templo, entendido como um mercado, para estar em paz com Deus bastava comprar um cordeiro, pagá-lo e consumi-lo nas brasas do altar. “Comprar, pagar, consumir e, depois, cada um para casa sua”, explicou o Pontífice.
No templo, porém, entendido como casa, acontece o contrário: a pessoa vai ao encontro do Senhor, une-se a Ele e aos irmãos, para compartilhar alegrias e tristezas.
Além disso, no mercado negocia-se o preço, em casa não se calcula; no mercado, busca-se o próprio interesse, em casa dá-se gratuitamente:
“Jesus é duro hoje porque não aceita que o templo-mercado substitua o templo-casa, que o relacionamento com Deus seja distante e comercial em vez de próximo e confiante, que as barracas de vendas tomem o lugar da mesa da família, os preços tomem o lugar dos abraços e as moedas tomem o lugar das carícias. Pois, dessa forma, cria-se uma barreira entre Deus e o homem e entre irmão e irmão, ao passo que Cristo veio para trazer comunhão, misericórdia e proximidade”.
Então, vamos nos perguntar, encorajou Francisco: “Antes de tudo, como é minha oração? É um preço a pagar ou é um momento de entrega confiante, em que não olho para o relógio? E como são meus relacionamentos com os outros? Sei como dar sem esperar pela reciprocidade? Sei dar o primeiro passo para quebrar os muros do silêncio e os vazios das distâncias?”.
O Papa concluiu pedindo que Maria nos ajude a “fazer casa” com Deus, entre nós e ao nosso redor”.
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