“Eu sou a ressurreição e a vida!”

Igreja

Este foi o tema da quarta pregação de Quaresma do pregador da Casa Pontifícia, card. Raniero Cantalamessa, realizada na manhã desta sexta-feira (15/03) na Sala Paulo VI, na presença do Papa Francisco.

O frade capuchinho escolheu dedicar suas reflexões aos solenes “Eu Sou” de Cristo no Evangelho de João, chegando hoje ao capítulo 11.

“Mas de qual ressurreição Jesus fala aqui? Marta pensa na ressurreição final. Jesus não nega esta ressurreição ‘do último dia’, que ele mesmo promete em outra parte (Jo 6,54), mas aqui anuncia una coisa nova: que a ressurreição começa já, desde agora, para quem crê nele”, explica o cardeal.

Portanto, há dois tipos de ressurreição: uma do corpo, que acontecerá no último dia, e uma ressurreição do coração, que deve acontecer cada dia.

“A melhor maneira para descobrir o que se entende por ressurreição do coração é observar o que a ressurreição física de Jesus produziu espiritualmente na vida dos Apóstolos”, acrescenta o capuchinho, citando as palavras com as quais Pedro inicia a sua Primeira Carta:

“Em sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus dentre os mortos, ele nos fez nascer de novo para uma esperança viva, para uma herança que não se desfaz, não se estraga nem se altera, e que é reservada para vós nos céus”.

A ressurreição do coração, portanto, é o renascimento da esperança.

Estranhamente, a palavra “esperança” está ausente na pregação de Jesus. Os Evangelhos referem muitas de suas frases sobre a fé e sobre a caridade, mas nenhuma sobre a esperança, mesmo que toda a sua pregação proclame que existe uma ressurreição dos mortos e uma vida eterna. Ao contrário, após a Páscoa, vemos literalmente explodir a ideia e o sentimento da esperança na pregação dos Apóstolos. Deus mesmo é definido “o Deus da esperança”.

A explicação da ausência de frases sobre a esperança no Evangelho é simples: Cristo devia antes morrer e ressuscitar. Ressuscitando, abriu a fonte da esperança; inaugurou o próprio objeto da esperança, que é uma vida com Deus além da morte.