Braz, do Flamengo, diz que Gabigol está “bem dentro do possível” e que “confia e muito na liberação”

Esportes

Vice de futebol admite que atacante errou, mas vê suspensão injusta e aguarda novo julgamento

Suspenso pelo Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem até abril de 2025 por tentativa de fraude em exame antidoping, Gabigol foi desfalque do Flamengo neste sábado na vitória por 3 a 0 sobre o Nova Iguaçu, pelo jogo de ida da final do Campeonato Carioca. Mas foi lembrado no Maracanã. Primeiro pela torcida, que manifestou apoio ao atacante. E depois por Marcos Braz.

Na saída do estádio, o vice-presidente de futebol rubro-negro falou com a imprensa sobre o caso e admitiu que Gabigol errou, mas saiu em defesa do camisa 10:

  • A gente ficou muito preocupado, não contava com o tamanho dessa punição. Acreditava muito numa advertência até mais dura, severa. Deixar claro que o Gabriel fez o teste de sangue logo que chegou, e deu negativo. Quem quer burlar alguma coisa não faz teste de sangue. Se ele tivesse qualquer dúvida ou desconforto nisso, não iria fazer o teste. Ele fez e depois foi treinar. Como ele começou os treinamentos, você só pode fazer a sequência das análises 2h depois que para o treinamento, que você está descansado. Isso demorou, o Gabriel também deu a sua contribuição para isso tudo ficar de uma maneira ácida, mas tem uma questão central: ele tirou sangue e urina e não teve absolutamente nada.
  • Dito isso, teve uma maneira de enquadramento que a gente entende que foi muito severa, e até o placar de 5 a 4 acho que colocou bastante em dúvida se poderia ou não dar uma punição desse tamanho. O Flamengo e seus advogados recorrem no comitê internacional, e a gente acredita que num novo julgamento, em que você apresenta novas provas, tem outros pontos para analisar e colocar que foi uma parte muito mais de relacionamento entre quem estava fazendo essas coletas e o atleta. Mais uma vez, o atleta teve os erros dele, poderia ter amenizado algumas coisas, não o fez, mas daí ter a punição que teve a gente acha que é injusta – afirmou, demonstrando otimismo no recurso no CAS:

A gente confia e muito, logo no primeiro momento, na liberação dele. Vamos aguardar”
— Marcos Braz, vice de futebol do Flamengo, sobre Gabigol.
Questionado se já falou com Gabigol depois da suspensão, Braz disse que sim, mas que não vai revelar o que foi conversado. O dirigente só afirmou que o atacante está “bem na medida do possível” e que está treinando por conta própria enquanto não pode usar as dependências do clube:

  • Já falei, e a conversa está entre eu e ele. Ele está bem dentro do possível, né? Está continuando a treinar, fazendo os treinamentos dele. Sabe que o clube está o defendendo, e não poderia ser diferente com qualquer funcionário ou jogador. Agora é esperar o comitê internacional e ver o que vão decidir.

Entenda o caso
Gabigol foi acusado de dificultar a realização do antidoping. Mesmo que tenha feito o exame e testado negativo, segundo o artigo, a atitude relatada pelos oficiais de coleta se encaixa como “fraude ou tentativa de fraude de qualquer parte do processo de controle” e, por isso, o atacante respondeu pelo artigo 122 do Código Brasileiro Antidopagem.

Um dos relatos da denúncia diz respeito à demora do atacante para a realização do exame e o não cumprimento das instruções. À exceção de Gabigol, os jogadores do Flamengo fizeram o exame antes do treino das 10h. O caso aconteceu no dia 8 de abril de 2023 no Ninho do Urubu.

De acordo com os responsáveis pelo exame, o jogador não se dirigiu a eles antes do treino, depois da atividade os ignorou e foi almoçar, tratou a equipe com desrespeito, não seguiu os procedimentos indicados, pegou o vaso coletor sem avisar a ninguém, irritou-se ao ver que o oficial o acompanhou até o banheiro para a coleta e, ao fim, entregou o vaso aberto, contrariando orientação recebida.

O processo conhecido como doping surpresa é realizado pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) e costuma ocorrer sem aviso prévio nos centros de treinamentos. Gabigol recebeu a primeira notificação sobre a tentativa de fraude no dia 30 de maio. Posteriormente, o vice geral e jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee, fez a primeira defesa do jogador. Na sequência, o clube contratou o advogado Bichara Neto para defender o jogador.

Fonte: GE