‘CARLA CAMURATI NÃO SE DEIXOU ILUDIR PELO STATUS DA TV E FOI EM BUSCA DE VÔOS MAIS OUSADOS’

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Carla Camurati abriu mão do status de protagonista para realizar projetos mais desafiadores artisticamente.

A saída de Carla Camurati da teledramaturgia da Globo completa 35 anos em setembro. Sua última novela na emissora foi ‘Pacto de Sangue’, trama de época na qual interpretou a professora Aymée, defensora da libertação dos escravizados.

Anteriormente, atuou em sucessos como ‘Fera Radical’, ‘O Tempo e o Vento’ e ‘Sol de Verão’. Estrelou ‘Livre para Voar’, fazendo par romântico com Tony Ramos. O papel de Bebel, jovem milionária que se passa por empregada na fábrica que herdou a fim de testar os funcionários, rendeu alta popularidade.

O Globoplay incluiu a produção em seu catálogo no fim de 2023. “Foi legal gravar a novela. Como fui feliz… Um elenco maravilhoso. Era todo mundo muito amigo, companheiro. Foi muito bom”, disse Carla em vídeo numa rede social.

Depois de ‘Pacto de Sangue’, ela se transferiu para o SBT, onde fez a novela ‘Brasileiros e Brasileiras’. Voltou à Globo para duas participações no ‘Você Decide’ em 1991. Na sequência, deixou definitivamente o canal. O último trabalho como atriz de TV foi a série ‘Grande Pai’ no SBT.

Na sequência, Camurati deu prioridade ao cinema. Em 1995, lançou ‘Carlota Joaquina, Princesa do Brazil’, filme que marcou a retomada da produção nacional após o desmonte da indústria cinematográfica nos anos de Fernando Collor na Presidência.

Dedicou-se a outros filmes bem-sucedidos, a exemplo de ‘Copacabana’, com Marco Nanini, e à direção de óperas, como ‘Madame Butterfly’ e ‘Carmen’. Em 2021, lançou o documentário ‘8 Presidentes e 1 Juramento – A História de um Tempo Presente’, disponível no Globoplay.

Hoje com 63 anos, Carla Camurati é um exemplo da importância da ousadia. Teve coragem de sair da zona de conforto na televisão, onde tinha estabilidade e prestígio, para abraçar desafios maiores. De sua geração, foi precursora na conquista da autonomia artística, sem depender das grandes emissoras.

Seu estilo naturalista de atuação faz falta nas novelas. As heroínas que interpretou, ainda que envoltas por romantização, sempre tinham um pé firme na realidade e eram valorizadas por contexto social relevante. Os atores das novas gerações precisam conhecer seu trabalho.

Fonte: site Terra
Texto: Jeff Benício