O que se sabe sobre ataque de Israel em zona humanitária de Gaza que deixou 141 mortos

Internacional

O ministério da Saúde administrado pelo Hamas em Gaza afirma que pelo menos 141 palestinos foram mortos em um ataque aéreo israelense contra uma área humanitária designada. Israel aponta que o ataque tem como alvo altos líderes do Hamas.

Mais de 400 pessoas ficaram feridas, segundo comunicado do Ministério da Saúde do Hamas em Gaza.

Os militares israelenses afirmam ainda que o comandante sênior do Hamas, Rafa Salama, foi morto nesse ataque. O Hamas não confirmou a informação.

O ministério da saúde administrado pelo Hamas em Gaza disse que o ataque de Israel atingiu um campo para pessoas deslocadas na região, numa zona humanitária designada em Khan Younis, matando pelo menos 90 palestinos e ferindo outros 289.

Israel disse que o ataque tinha como alvo líderes seniores do Hamas, mas o grupo diz que a afirmação é “falsa” e serve para “justificar” o ataque.

O ataque teria atingido a área de al-Mawasi, perto de Khan Younis, que os militares israelenses designaram como zona humanitária e onde instalaram palestinos em busca de abrigo.

Uma autoridade israelense disse que o ataque teve como alvo Mohammed Deif, chefe do braço militar do Hamas, em uma “área aberta” onde havia “apenas terroristas do Hamas e nenhum civil”.

Rafa Salama, comandante do Hamas em Khan Younis, também foi alvo do ataque, disse o militar de Israel, que classicou como “preciso” o trabalho de inteligência que levou à operação.

Já o Hamas disse que é “falsa” a alegação de que os alvos eram líderes do grupo.

“Não é a primeira vez que Israel afirma ter como alvo os líderes palestinos, alegações que depois se mostram falsas”, disse o grupo em comunicado.

De acordo com a agência Reuters, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, manterá reuniões sobre segurança durante o dia.

A BBC Verify, o serviço de checagem da BBC, analisou imagens da região após o ataque e confirmou que a ação militar ocorreu dentro de uma área designada como zona humanitária, de acordo com o próprio site das Forças de Defesa de Israel.

Uma testemunha ocular em al-Mawasi disse à BBC que o local do ataque parecia ter sido atingido por um “terremoto”.

Vídeos feitos na área mostram destroços fumegantes e vítimas ensanguentadas carregadas em macas.

Nas imagens, é possível ver pessoas que tentam desesperadamente vasculhar os escombros de uma grande cratera com as próprias mãos.

Um dos médicos de um hospital que atende os feridos no ataque disse à BBC que este é “um dos dias mais obscuros”.

Em entrevista ao Serviço Mundial da BBC, o Dr. Mohammed Abu Rayya afirmou que a maioria das vítimas que chegou após o ataque já estava morta. Outros sofriam com múltiplos ferimentos por estilhaços.

Ele comparou as cenas com “estar no inferno” e acrescentou que muitas das vítimas eram civis, principalmente mulheres e crianças.

Imagens do hospital de campanha próximo do Kuwait revelam cenas de caos. Muitos pacientes recebiam tratamento no chão.

O complexo médico Nasser, em Khan Younis, está “sobrecarregado” e já não é capaz de funcionar, afirmou a instituição de caridade britânica Medical Aid for Palestinians (MAP, na singla em inglês).

Na quarta-feira (10/7), os militares israelenses orientaram que todos os residentes da Cidade de Gaza evacuassem para o sul, em direção ao centro da Faixa de Gaza, em meio às intensificações de operações no norte do território.

Mohammed Deif, chefe das Brigadas al-Qassam, a ala militar do Hamas, é um dos principais alvos dos militares de Israel.

Deif tem um status quase mítico em Gaza, depois de escapar da captura e sobreviver a várias tentativas de assassinato.

Acredita-se que ele seja um dos mentores do ataque do Hamas em 7 de Outubro, quando cerca de 1,2 mil israelenses e estrangeiros — a maioria deles civis — acabaram mortos e outros 251 foram levados de volta a Gaza como reféns.

Isso levou à grande operação militar israelense em Gaza, que matou mais de 38,4 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas.

Um porta-voz do Hamas, citado pela Reuters, classificou o ataque como uma “grave escalada”, que mostrou que Israel não está interessado em chegar a um acordo para o fim da guerra.

As negociações para o cessar-fogo realizadas no Qatar e no Egito terminaram na sexta-feira (12/7) sem sucesso, apurou a BBC.