Na quinta-feira (01/08), o governo dos Estados Unidos reconheceu Edmundo González Urrutia, que concorreu contra o presidente Nicolás Maduro, como vencedor da eleição presidencial na Venezuela.
“É evidente para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano que González Urrutia obteve o maior número de votos nas eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela”, disse o secretário de Estado, Antony Blinken, num comunicado de imprensa.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou Maduro como vencedor da corrida presidencial no domingo (29/7), com 51,2% dos votos contra 44,2% de González.
Mas a oposição afirma que houve fraude nas eleições e que possui provas da vitória de González Urrutia.
Os argumentos dos EUA
Ao reconhecer González como vitorioso na eleição, os EUA citaram como argumento o fato de o CNE não ter apresentado evidências de que Maduro teria sido reeleito.
“A rápida declaração da CNE de que Nicolás Maduro seria o vencedor das eleições presidenciais não veio acompanhada de provas. O CNE ainda não publicou dados desagregados ou qualquer um dos editais, apesar dos repetidos apelos dos venezuelanos e da comunidade internacional”, disse Blinken ao ler o comunicado.
O governo dos EUA também baseou sua decisão na avaliação do Carter Center, organização renomada que enviou observadores para a eleição na Venezuela. O Carter Center concluiu que o pleito não estava em conformidade com “parâmetros e padrões internacionais para processos eleitorais”.
“Conforme relatado pela missão de observação independente do Carter Center, a falha do CNE em fornecer resultados oficiais a nível distrital, bem como as irregularidades ao longo do processo, retiraram qualquer credibilidade do resultado anunciado pelo CNE”, estabelece o comunicado dos EUA.
Por sua vez, o presidente Maduro condenou o comunicado do governo dos EUA numa transmissão ao vivo na noite de quinta.
“Os EUA devem manter o nariz fora da Venezuela porque o povo soberano é quem está no comando”, comentou.
Maduro argumenta que a oposição está promovendo um golpe contra ele.
Em discurso, ele reiterou que pedirá que o Supremo Tribunal da Venezuela “esclareça” a polêmica eleição. Mas a oposição argumenta que o sistema judicial, incluindo a Suprema Corte, está sob o controle de Maduro e não age com independência.
Esforço diplomático
pela Suprema Corte venezuelana, controlado pelo partido de Maduro.
Os dias que se seguiram à contestada proclamação da vitória de Maduro foram turbulentos, com protestos de rua massivos, por vezes violentos, a demolição de estátuas de Hugo Chávez e a intensa repressão por parte das forças de segurança venezuelanas.
Os confrontos causaram pelo menos 11 mortos, centenas de feridos e o governo anunciou que prendeu mais de 1.200 pessoas.