‘Este é o primeiro passo de um longo e difícil caminho’: EUA e Rússia concordam em trabalhar juntos para acabar com guerra na Ucrânia

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Poucos dias antes do terceiro aniversário da invasão russa da Ucrânia, Washington e Moscou decidiram encerrar o conflito “o mais rápido possível”.

Para atingir esse objetivo, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, concordaram na terça-feira (18/2) em nomear “equipes de alto nível” para encontrar uma solução “duradoura, sustentável e mutuamente aceitável”.

Este foi um dos resultados da reunião entre as delegações dos Estados Unidos e da Rússia em Riad, capital da Arábia Saudita, para a qual não foram convidados representantes da Ucrânia ou de qualquer país europeu.

O encontro entre Rubio e Lavrov foi o primeiro encontro deste nível desde que Vladimir Putin lançou sua chamada “operação militar especial” contra a Ucrânia em 22 de fevereiro de 2022.

Além de encerrar os combates, as autoridades concordaram em “preparar o terreno” para uma cooperação futura em “questões de interesse geopolítico mútuo e nas oportunidades históricas econômicas e de investimento que surgirão de uma resolução bem-sucedida do conflito na Ucrânia”, disse o comunicado divulgado pelo Departamento de Estado.

“Um telefonema seguido de uma reunião não é suficiente para estabelecer uma paz duradoura. Precisamos agir, e hoje demos um importante passo à frente”, acrescentou a declaração.

Moscou, por sua vez, simplesmente afirmou que as negociações “não correram mal”.

Marco Rubio: ‘Ninguém ficou de fora’

Após a reunião, que durou cinco horas, Rubio negou que a ausência de representantes da Ucrânia e da União Europeia pudesse ser interpretada como uma exclusão destes países das conversas sobre um acordo de paz.

“Ninguém ficou de fora aqui”, disse o chefe da diplomacia dos Estados Unidos durante uma entrevista coletiva.

Rubio disse então que essas negociações poderiam produzir “algumas coisas muito positivas para os Estados Unidos, para a Europa, para a Ucrânia, para o mundo”.

“Mas, primeiro, temos que pôr fim a esse conflito”, disse Rubio.

Ele disse que esta reunião é “o primeiro passo de um longo e difícil caminho” para acabar com a guerra e que ele busca “estabelecer linhas de comunicação” entre Washington e Moscou.

O ministro russo, por sua vez, considerou que as conversas foram importantes porque “ouvimos uns aos outros”.

Rubio disse estar “convencido” de que a Rússia está “disposta a começar a se envolver em um processo sério” para acabar com a guerra na Ucrânia.

Ele disse que os Estados Unidos e a Rússia restabeleceriam mutuamente seus embaixadores, porque precisariam de missões diplomáticas ativas “que pudessem funcionar normalmente para continuar” as negociações.

Sobre as sanções contra a Rússia, ele disse que “todas as partes” devem fazer “concessões” para acabar com “qualquer conflito”.

Ele resumiu a reunião de hoje como “o primeiro passo de uma longa e difícil jornada” para acabar com a guerra na Ucrânia.

para nós.”

“Sabemos que os Estados Unidos e vários parceiros europeus não apoiam nossa filiação à Otan. Acho que esse é um grande desejo da Rússia e coincide com esse resultado”, disse ele.

Ele também revelou que adiou para para 10 de março uma visita à Arábia Saudita que programada para esta semana.

Essa é exatamente a imagem que a Rússia quer passar ao mundo
Análise de Sarah Rainsford

Correspondente da BBC na Europa Oriental

A visão de altos representantes russos e americanos sentados novamente ao redor de uma grande mesa de madeira é extraordinária no contexto atual e provavelmente muito difícil de digerir para muitos, especialmente os ucranianos.

Mas é exatamente essa a imagem que Moscou quer transmitir ao mundo: a Rússia na “mesa principal” da diplomacia global, parecendo estar no mesmo nível dos Estados Unidos e até mesmo ter capacidade de tomar decisões.

Porque não se trata de uma Rússia derrotada, forçada a sentar-se à mesa de negociações. É como se os Estados Unidos estivessem convidando o agressor a definir seus termos para a paz.

Uma destas autoridades russas, o veterano ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, é até mesmo alvo de sanções dos Estados Unidos por seu envolvimento em uma “guerra intencional brutal” que ele apoia totalmente.

Os Estados Unidos dizem que estão tentando sondar Moscou para checar se eles estão falando sério sobre acabar com a invasão.

Mas a Rússia projetará neste momento a imagem em torno da brilhante mesa saudita como prova de que a guerra na Ucrânia e o subsequente isolamento da Rússia foram apenas um incidente isolado e que tudo logo voltará a ser como era antes.

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