Quarta-feira de Cinzas, início da Quaresma.
A Quarta-Feira de Cinzas é um dos dias santos mais populares e importantes do calendário litúrgico. Este dia abre a Quaresma, um tempo de jejum e oração.
O evento litúrgico ocorre 46 dias antes do Domingo de Páscoa e é observado principalmente pelos católicos, embora muitos outros cristãos também o observem.
A tradição cristã das Cinzas vem da antiga tradição judaica de penitência e jejum. A prática inclui o uso de cinzas na cabeça. As cinzas simbolizam o pó do qual Deus nos fez. Ao aplicar as cinzas na testa de uma pessoa, o sacerdote diz as palavras: “Lembra-te de que és pó, e ao pó voltarás”
Alternativamente, o padre pode dizer as palavras” Arrependem-se e creiam no Evangelho”
arrependem-se e creiam no Evangelho
- Gênesis 3,19: “Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar”
As cinzas também simbolizam a dor, neste caso, a dor por termos pecado e causado separação de Deus.
- Jonas 3,6-10: “A notícia chegou ao conhecimento do rei de Nínive; ele levantou-se do seu trono, tirou o manto, cobriu-se de saco e sentou-se sobre a cinza.
Em seguida, foi publicado pela cidade, por ordem do rei e dos príncipes, este decreto: “Fica proibido aos homens e aos animais, tanto do gado maior como do menor, comer o que quer que seja, assim como pastar ou beber.
Homens e animais se cobrirão de sacos. Todos clamem a Deus, em alta voz; deixe cada um o seu mau caminho e converta-se da violência que há em suas mãos.
Quem sabe, Deus se arrependerá, acalmará o ardor de sua cólera e deixará de nos perder!”.
Diante de uma tal atitude, vendo como renunciavam aos seus maus caminhos, Deus arrependeu-se do mal que resolvera fazer-lhes, e não o executou”.
Assim, escritos da Igreja do século II referem-se ao uso de cinzas como um sinal de penitência.
Os sacerdotes administram as cinzas durante a Missa e todos são convidados a aceitar as cinzas como um símbolo visível de penitência. Mesmo os não cristãos e os excomungados são bem-vindos para receber as cinzas. As cinzas são feitas de ramos de palmeira abençoados, retirados da Missa de Domingo de Ramos do ano anterior.
É importante lembrar que a Quarta-Feira de Cinzas é um dia de oração penitencial e jejum. Alguns fiéis tiram o resto do dia de folga e ficam em casa. Geralmente é inadequado jantar fora, fazer compras ou sair em público depois de receber as cinzas. Festejar é altamente inapropriado. É tempo de recolhimento espiritual, mortificação da carne, que enseja reflexão e que nos prepara para a Ressurreição de Cristo no Domingo de Páscoa, através da qual alcançamos a Redenção.
Em alguns casos, as cinzas podem ser entregues por um padre ou um membro da família para aqueles que estão doentes ou reclusos. Nos dias atuais, a Igreja isenta do jejum rigoroso as crianças, os idosos e os enfermos.
Seguindo o exemplo dos ninivitas, que faziam penitência em pano de saco e cinzas, nossas testas são marcadas com cinzas para humilhar nossos corações e nos lembrar que a vida passa na Terra. As cinzas sacramentalizadas pela bênção da Santa Igreja, enfim, nos ajudam a desenvolver um espírito de humildade e sacrifício, submissão a Deus, reconhecendo-O Senhor da vida, único auxílio infalível, sempre propício a quem O teme e invoca com inabalável confiança.
- Judite 9,1: “Tendo eles partido, Judite entrou em seu oratório, pôs o seu cilício, cobriu a cabeça com cinzas e, prostrando-se diante do Senhor, orou…”
Antigamente, os cristãos que haviam cometido faltas graves faziam penitência pública. Na Quarta-Feira de Cinzas, o Bispo abençoava os cilícios que deveriam usar durante os quarenta dias de penitência e espargia sobre eles cinzas feitas das palmeiras do ano anterior. Então, enquanto os fiéis recitavam os Sete Salmos Penitenciais, os penitentes ficavam excluídos da Igreja por causa de seus pecados – assim como Adão, o primeiro homem, foi expulso do Paraíso por causa de sua desobediência. Os penitentes não voltavam a entrar nos templos sagrados até a Quinta-Feira Santa, depois de terem conquistado a reconciliação pelo seu sacrifício de quarenta dias de penitência e absolvição sacramental. Mais tarde, todos os cristãos, sejam penitentes públicos ou secretos, passaram a receber cinzas por devoção.
- Josué 7,6: “Josué rasgou suas vestes e prostrou-se com a face por terra até a tarde diante da arca do Senhor, tanto ele como os anciãos de Israel, e cobriram de pó as suas cabeças”.
Eis, pois, o belíssimo e riquíssimo simbolismo das cinzas, as quais, conforme ficou dito, são feitas das palmas abençoadas usadas na celebração do Domingo de Ramos do ano anterior. As cinzas são “batizadas” com Água Benta e perfumadas pela exposição ao Incenso. Enquanto as cinzas simbolizam penitência e contrição, também são um lembrete de que Deus é gracioso e misericordioso com aqueles que O invocam com corações arrependidos. A Sua Divina Misericórdia é da maior importância no tempo da Quaresma, e a Igreja convida-nos a procurá-la durante todo o Tempo da Quaresma com reflexão, oração e penitência.
- Ezequiel 9,4-6: “E lhe disse: “Percorre a cidade, o centro de Jerusalém, e marca com uma cruz na fronte os que gemem e suspiram devido a tantas abominações que na cidade se cometem”, (…) precavei-vos, todavia, de tocar em quem estiver assinalado por uma cruz. Começai por meu santuário”.