Contra o Cuiabá, equipe viveu de cruzamentos e, apesar de alto número de chutes, teve pouco capricho
Quem acompanha o jogo somente pelas estatísticas logo crê que o Botafogo goleou o Cuiabá: 32 finalizações contra seis, 67% de posse de bola, mais escanteios… Na prática? Derrota por 1 a 0 no Estádio Nilton Santos e um Alvinegro que, na verdade, foi refém da própria falta de repertório e fez tudo o que o adversário queria: colocar bolas na área.
Foram 45 cruzamentos do Botafogo, número cinco vezes maior que a quantidade do Cuiabá, que o fez nove vezes. Desde o primeiro tempo, quando o placar estava empatado, a estratégia do Alvinegro era, ao não conseguir quebrar a defesa adversária, simplesmente jogar a bola para dentro da área – quase todas as tentativas foram cortadas pelos defensores.
Na etapa inicial, as poucas oportunidades fora desse padrão vieram com Júnior Santos, o único que conseguiu desmontar a retranca do Cuiabá por meio de drible ou na tentativa de uma jogada individual.
O lado direito do Botafogo foi o mais ativo, justamente pelo camisa 37 e com algumas investidas de Di Plácido. A esquerda, por outro lado, trouxe dor de cabeça: Marçal errou quase todos os cruzamentos que tentou e Luís Henrique pouco criou na encaixada marcação.
Veio o gol do Cuiabá em um lance marcado por trapalhadas do começo ao fim pelo lado alvinegro, e a dificuldade de marcar aumentou. O Dourado, que antes já tinha linhas baixas e jogava focando na defesa, se voltou ainda mais em não deixar o Botafogo marcar. A forma disso? Povoar o meio-campo, obrigando o time a cruzar bolas.
E assim foi: uma imensidão de cruzamentos e bolas rebatidas pelos zagueiros do Cuiabá. A bola rodava entre um volante, um zagueiro e parava em um lateral, que lançava para dentro. E esse ciclo se repetia. A entrada de Segovinha até fez o time ter mais drible, mas já era um contexto desfavorável.
A exceção foi um escanteio de Hugo, que encontrou Tiquinho Soares com liberdade na área em rara desconexão da defesa do Cuiabá já no fim do jogo. Mas o artilheiro parou em grande defesa de Walter.
A frase “pode jogar até amanhã que a bola não entra” é um jargão famoso entre torcedores em arquibancadas espalhadas pelo Brasil. Nesse caso, a sensação é de se aplicaria com perfeição para o Botafogo, mas não necessariamente por mérito. Apesar de colocar volume e aparecer no campo ofensivo, faltou critério e repertório ao Alvinegro para saber como atingir o Cuiabá da melhor maneira e desestabilizar a defesa adversária.
O próximo compromisso é contra o Palmeiras, nesta quarta-feira. Apesar da boa vantagem na liderança, é um confronto direto pela ponta da tabela para o Botafogo, que chega para o duelo em um momento irregular no que diz respeito a desempenho nas quatro linhas.
- Só depende de nós (título), do esforço, do trabalho e dos resultados que nós alcançarmos. Uma derrota como essa precisa ligar o alerta porque é uma competição de pontos corridos, porque quando você não ganha e os outros ganham, tem uma aproximação natural. É focar no que tem sido feito. Hoje foi um jogo que mostramos uma ótima capacidade ofensiva, mas infelizmente o gol não saiu e acabamos derrotados – afirmou Lúcio Flávio em coletiva após o jogo
Fonte: Ge