Time de Fernando Diniz encara potência egípcia na semifinal, que nunca conseguiu chegar à decisão
Benzema, Kanté e companhia ficaram pelo caminho, mas o desafio do Fluminense para chegar à final do Mundial de Clubes passa longe de ter diminuído. Hoje, às 15h, em Jidá, o tricolor encara a maior força do futebol de um o continente,o africano. Onze vezes campeão continental e um dos postulantes mais icônicos do formato do atual Mundial de Clubes, o Al Ahly busca sua primeira final em nove participações. Em sua primeira, o tricolor quer fazer valer o posto de campeão da Libertadores para ir à decisão, na sexta.
Hoje treinada pelo suíço Marcelo Koller, que fechou um ciclo de instabilidade após a saída do badalado Pitso Mosimane, o Al Ahly não tomou conhecimento dos anfitriões sauditas em temporada de investimento pesado em estrelas europeias e fez valer sua tradição. No Egito, são 43 títulos nacionais, 29 a mais que o segundo maior campeão e principal rival Zamalek. Supremacia que também se reproduz na Champions da CAF (África). Zamalek e o congolês Mazembe são os segundos maiores campeões, aparecem com cinco títulos. Menos da metade do que tem o time egípcio: 11. Ou seja, o Fluminense, que conquistou em novembro sua primeira Libertadores, terá pela frente uma espécie de “Real Madrid da África”.
— Existe uma diferença muito clara de tamanho (em relação aos outros clubes do continente) quando a gente fala do Al Ahly. É um time que eleições associativas muito grandes, das maiores do mundo, uma torcida grande e que participa ativamente da questão política do país. Até governos já se levantaram contra a torcida — explica Marcus Carvalho, jornalista do coletivo Ponta de Lança, que cobre o futebol africano.
Fundado em 1907, o clube foi um dos primeiros voltados ao povo egípcio numa época de influência da ocupação britânica no país, quando o futebol ainda era muito voltado para as comunidades estrangeiras. Segundo informações estatais, tem mais de 40 milhões de torcedores — que se fizeram ouvir na Arábia Saudita. As décadas de 2000, 2010 e 2020 vêm sendo as mais importantes da história da equipe, durante as quais conquistou nove de seus títulos continentais e 15 dos continentais.
Francês de fora
Apesar de afirmar que só havia assistido o Fluminense na final da Libertadores após a vitória nas quartas de final, o técnico Koller pregou respeito ao técnico Fernando Diniz:
— Já li sobre isso (estilo do treinador) e assisti a partidas de Fluminense. Observei o trabalho do meu colega. O técnico do Fluminense tem uma abordagem diferente dos outros técnicos do futebol — explicou o suíço que encontrará um tricolor organizado e com muito volume de jogo e várias opções de linhas de passe, uma característica diferente dos rivais sauditas, mais previsíveis.
A alta capacidade econômica dos egípcios permite que o clube tenha em seus quadros talentos como o lateral-esquerdo Ali Maâloul, que disputou a Copa do Mundo do Catar pela Tunísia. Autor de oito gols na última edição da Premier League do Egito, o jogador de 33 anos foi quem abriu o placar, de pênalti, sobre o Al Ittihad, na segunda fase eliminatória. Além dele, o goleiro El Shenawy, os atacantes Percy Tau e El Shahat, mais os meio-campistas Dieng e El-Solia (reservas contra os sauditas) são alguns dos jogadores valorizados.
— O que o Al Ahly costuma fazer no contexto africano é a posse de bola, pressão alta, desconforto ao adversário e chegada rápida ao ataque — explica Carvalho, que não se surpreendeu com a vitória sobre os sauditas — É um time extremamente organizado. Vai ser um jogo muito interessante, porque o Fluminense tem essa ideia de agrupar jogadores onde está a bola e o Al-Ahly, defensivamente, também agrupa jogadores na marcação […] Creio que o time vai tentar forçar com os pontas e ser muito rápido na transição, já que o Fluminense tem esse problema de transição defensiva. E o Al-Ahly, essa rapidez muito característica para chegar ao ataque.
Fonte: O Globo