Ídolo dos dois clubes, ex-jogador e treinador falava em coração dividido
Morto nesta sexta-feira, aos 92 anos, Zagallo era uma das figuras que evocava um raro sentimento de respeito entre torcidas rivais. Além da seleção brasileira, da qual é um ícone, o ex-atacante e treinador nascido em Maceió (AL) tem passagens pelos quatro grandes clubes do Rio, mas fez história especial em Flamengo e Botafogo, clubes pelo qual dizia ter o coração dividido. O Velho Lobo nunca chegou a declarar uma torcida entre os dois, mas deu “pistas” ao longo da vida sobre o lado para o qual esse mesmo coração batia mais forte.
Entre os vários títulos que conquistou com as duas camisas como jogador, foi tricampeão carioca pelo Flamengo (de 1953 a 1955), clube pelo qual se profissionalizou. Já no Botafogo, foram dois estaduais (1961 e 1962) e dois Torneios Rio-São Paulo (1962 e 1964). Depois que encerrou a carreira, iniciou como técnico no alvinegro. Na nova função, esteve à beira no campo na conquista de mais quatro estaduais, dois para cada lado: Botafogo em 1967 e 1968 e Flamengo em 1972 e 2001.
— Os rubro-negros dizem que sou Flamengo; os alvinegros, que sou Botafogo. A imprensa também acha que torço pelo Botafogo. Eu deixo a coisa rolar, mas que o coração pende mais para um lado, isso é verdade — contou ele em 1996, em depoimento pressente no livro “Zagallo, um vencedor”, de Luiz Augusto Erthal e Vanderlei Borges.
No Botafogo, o ídolo foi homenageado em estátua no Nilton Santos. É também no dia do seu nascimento, 9 de agosto, que é comemorado o dia do torcedor botafoguense. Zagallo esteve presente em vários momentos importantes e ganhou homenagens do clube na última década, como na apresentação do atacante Loco Abreu, que vestiu a camisa 13.
Também havia muito carinho pelo rubro-negro. Em entrevista à ESPN, em 2000, quando reassumiu o cargo de técnico do Flamengo, sua última passagem pelo rubro-negro, Zagallo falou em “sonho melhor ainda” ao chegar ao clube.
Fonte:O Globo