Com eles, polícia apreendeu uniforme e colete com brasão das forças de segurança do estado; Daniel da Silva França, conhecido como França, apontado como chefe do grupo, é suspeito de homicídios na região
Quatro milicianos, entre eles Daniel da Silva França, conhecido como França, apontado como chefe do grupo paramilitar que atua em Queimados, na Baixada Fluminense, foram presos na noite desta segunda-feira. A ação foi conjunta entre policiais da 60ª DP (Campos Elíseos), da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil (Ssinte) e do 21º BPM (São João de Meriti).
França teria assumido o bando após a prisão do miliciano Victor Valladares Silva, conhecido como Valladares, que foi preso em janeiro de 2022, em uma churrascaria da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Além de dele — que é apontado em investigações como autor de diversos homicídios na região —, foram presos João Victor Meireles Moraes, Alexandre Pires da Silva e Cristiano da Silva Nascimento.
Informações obtidas pelo setor de inteligência da Polícia Civil dão conta de que França explorava o ramo de segurança no município de Queimados. Ele também teria se aliado a milicianos de Seropédica e Nova Iguaçu — Tauã de Oliveira Francisco, o Tubarão, e Gilson Ingracio de Souza Junior, o Juninho Varão — na guerra contra o grupo de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, chefe da maior milícia do estado do Rio e preso pela Polícia Federal na véspera de Natal.
Segundo a polícia, diante do risco de confronto, tendo em vista a periculosidade dos criminosos, a operação contou com um planejamento operacional e com o emprego do veículo blindado do 21º BPM.
Os milicianos foram encontrados num Voyage. Com eles, foram apreendidos dois fuzis, uma espingarda, além de munição, uma capa para colete balístico com a logo da Polícia Militar e um uniforme similar ao da Polícia Civil. O carro que eles estavam constava como roubado.
As investigações apontam que o grupo, no momento da prisão, se deslocava para um conflito com criminosos rivais, buscando a expansão territorial.
Contra França, foi cumprido um mandado de prisão em aberto por homicídios. Todos os quatro, no entanto, responderão por adulteração de sinal automotor, receptação e porte de arma de uso restrito. Inquéritos contra os criminosos estão abertos e em andamento na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE).
Milícia de Queimados
Em 2020, fotos e mensagens encontradas por agentes da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) em celulares de integrantes da milícia de Queimados revelaram a participação de paramilitares de várias partes do estado em diversas disputas contra a maior facção do tráfico do Rio desde 2018. Na época, o bando apoiava Wellington da Silva Braga, o Ecko, que chefia a maior milícia do RJ. Ele foi morto em junho de 2021, durante uma operação da Polícia Civil.
O grupo de Queimados, na época comandado por Valladares, ajudou a milícia a invadir as favelas da Praça Seca, na Zona Norte, de Antares, na Zona Oeste, e Grão-Pará, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Guerra contra Zinho
A crise na milícia teve como estopim a sucessão pelo controle após a morte de Ecko. Com a morte da chefia do bando, Zinho, que até então atuava como uma espécie de “gerente de finanças” do grupo, e Danilo Dias Lima, o Tandera, subiram de hierarquia e postularam a chefia da organização criminosa. Tandera foi um dos responsáveis pela expansão da milícia em direção à Baixada.
Logo após, no entanto, a quadrilha se dividiu: Zinho ficou com a Zona Oeste, e Tandera, com Nova Iguaçu e Seropédica. Com o racha, os dois grupos passaram a se atacar.
Tandera, porém, perdeu apoio de seus comparsas em 2022 — principalmente após a morte de seu irmão, Delson Lima Neto, o Delsinho, durante uma operação — outros milicianos tomaram seu lugar. Tubarão é quem chefia o grupo em Seropédica e Juninho Varão ficou à frente da quadrilha que atua em Nova Iguaçu. Ambos eram comparsas sob o comando de Ecko.
Fonte:O Globo