Três pessoas foram presas preventivamente neste domingo (24/3) pela Polícia Federal, suspeitas de terem encomendado a morte da vereadora Marielle Franco, seis anos atrás.
São os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, que têm envolvimento de longa data na política do Rio de Janeiro, e Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil fluminense.
Segundo uma fonte da PF ouvida pela BBC News Brasil, a morte teria sido encomendada por conta da resistência feita por Marielle e pela bancada do PSOL, o partido da vereadora, a um projeto de lei que regularizaria condomínios na zona oeste do Rio de Janeiro.
A zona oeste tem bairros controlados por milicianos que exploram empreendimentos imobiliários ilegais na região.
A operação da PF deriva parcialmente da delação premiada de Ronnie Lessa, preso como suspeito de ter executado o crime.
Domingos Brazão
Ex-deputado estadual e empresário do ramo de combustíveis, Domingos Inácio Brazão, de 58 anos, é carioca e venceu sua primeira eleição em 1996, quando se tornou vereador na capital fluminense.
Sua base eleitoral é a zona oeste carioca, berço das milícias no Estado. Em 2000, concorreu a prefeito, mas ficou em oitavo lugar – sua atuação sempre foi regional. Teve mais cinco mandatos, como deputado estadual. Interrompeu o quinto em 2015, ao ser eleito conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). integrou, como político, o PL, o PT do B e o PMDB (hoje MDB).
cometidos para atrapalhar as investigações, mas foi inocentado. A pedido do MP estadual, que considerou superficiais as provas apresentadas pelo MPF, a denúncia -que baixara do Superior Tribunal de Justiça para o Judiciário fluminense – foi rejeitada em 2021. A ação foi definitivamente arquivada em janeiro do ano passado.
Também foram inocentados o delegado da PF Hélio Khristian Cunha de Almeida e o policial federal aposentado Gilberto Ribeiro da Costa, assessor de Brazão no TCE-RJ. Outros dois acusados, que já respondiam no Judiciário estadual pelos mesmos crimes denunciados na esfera federal, continuaram a ser processados.
Brazão, agora foi denunciado por Ronnie Lessa, que teve sua delação premiada homologada pelo STF, como mandante do duplo homicídio, sempre negou envolvimento no crime. Em seu primeiro depoimento, afirmou ter ouvido falar de Marielle duas vezes: quando foi eleita, por ter sido a quinta mais votada; e quanto foi assassinada.
Chiquinho Brazão
Irmão de Domingos, Chiquinho Brazão é deputado federal pelo União Brasil e chegou a ser secretário especial de Ação Comunitária da prefeitura do Rio de Janeiro.
Ele deixou o cargo depois de o nome da sua família ter sido citado na delação de Elcio Queiroz, ex-PM preso sob acusação de ter dirigido o carro usado no dia do assassinato.
Na quarta-feira (20), Chiquinho havia negado envolvimento com o caso.
Foi a menção a Chiquinho que teria levado o caso para o Supremo, corte onde parlamentares federais têm prerrogativa de foro (processo e julgamento). Isso aconteceu depois que, por iniciativa do então ministro da Justiça, Flávio Dino, a Polícia Federal incorporou-se às investigações.
Rivaldo Barbosa
O terceiro preso preventivamente, Rivaldo Barbosa, é ex-diretor da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
O G1 reportou que o delegado assumiu o controle da Polícia Civil fluminense um dia antes da morte de Marielle.
Em postagem no X (ex-Twitter) neste domingo, Marcelo Freixo, que na época do crime era deputado estadual pelo mesmo partido de Marielle, escreveu: “Foi para Rivaldo Barbosa que liguei quando soube do assassinato da Marielle e do Anderson e me dirigia ao local do crime. Ele era chefe da Polícia Civil e recebeu as famílias no dia seguinte junto comigo. Agora Rivaldo está preso por ter atuado para proteger os mandantes do crime, impedindo que as investigações avançassem. Isso diz muito sobre o Rio de Janeiro”.
Em entrevista à GloboNews neste domingo, a mãe de Marielle, Marinete Silva, confirmou que o delegado recebeu a família depois do crime. “Foi um homem que falou que era uma questão de honra para ele elucidar esse caso”, declarou ela.
Fonte: BBC Brasil