Sem precisar de grande intensidade, Rubro-Negro faz 3 a 0 no Nova Iguaçu e já é virtual campeão
Nem mesmo a sensação do Campeonato Carioca de 2024 conseguiu se criar para cima de um Flamengo tão sólido. No primeiro jogo da final do Estadual, no último sábado no Maracanã, o Rubro-Negro colocou o abismo técnico em campo diante do Nova Iguaçu e fez da partida contra a grata surpresa da competição como se fosse outra qualquer: vitória por 3 a 0 com muita tranquilidade e uma mão e quatro dedos no título.
Digamos que o dedinho que falta está por uma unha de também encostar na taça. No futebol tudo pode acontecer, mas beira à fantasia imaginar que um time que sofreu apenas um gol em 14 partidas até agora em 2024 vai tomar três no jogo da volta. E que o melhor ataque do Carioca, com média de dois gols por duelo, vai passar em branco. O Flamengo é o vitual campeão não só pela excelente vantagem, mas pela forma como domina seus adversários dentro das quatro linhas.
Sem precisar de uma alta rotação, o time criou muito e novamente quase não sofreu. “Ah, foi o jogo que o Rossi mais trabalhou”, podem argumentar alguns céticos. De fato, o Nova Iguaçu acertou cinco vezes o alvo, mas foi quase sempre de longe e nenhuma com grau elevado de dificuldade para ser defendida pelo argentino, que esteve sempre bem posicionado.
Para não dizer que o Nova Iguaçu não teve nenhuma chance de gol, teve uma aos 47 minutos do primeiro tempo. Numa bola parada em que Rossi saiu mal, junto a um raro cochilo da marcação que deixou Sérgio Raphael subir livre. Sorte que o zagueiro cabeceou mal, por cima do travessão.
O Flamengo visivelmente estava em uma rotação abaixo. Sem a intensidade demonstrada nos últimos jogos e que mostrou sua melhor versão no primeiro Fla-Flu da semifinal. Mas mesmo muitas vezes parecendo estar em ritmo de treino, os comandados de Tite sobraram em campo: 61% de posse de bola, 23 finalizações e 10 chances de gol.
Talvez por causa do desgaste da viagem da Data Fifa, Arrascaeta e De la Cruz tiveram atuações discretas. Se não foram “os caras”, ainda assim contribuíram em um jogo coletivo forte. E de pensar que até ano passado havia uma forte coincidência de o time jogar mal quando Arrascaeta não estava bem, lembram?
Vamos às chances de gols, que desta vez foram igualmente distribuídas em cada tempo:
No primeiro tempo: aos seis minutos, Luiz Araújo recebeu um bolão de Arrascaeta na área, mas não chutou e perdeu ótima oportunidade. Três minutos depois, Pedro quase fez um golaço de letra na primeira trave após escanteio, e na sequência Fabrício Bruno cabeceou na trave. Ao 19, Pedro converteu o pênalti sofrido por Ayrton Lucas. E depois de um hiato onde o time só administrou, o camisa 9 parou em grande defesa do goleiro aos 41, após roubada e cruzamento de Luiz Araújo.
No segundo tempo: Pedro ampliou aos sete minutos em contra-ataque mortal com Luiz Araújo e Cebolinha. Aos 11, Arrascaeta saiu cara a cara com o goleiro, mas adiantou demais a bola (o bandeira deu impedimento, mas a posição era legal e o VAR validaria o lance se saísse o gol). Aos 23, Luiz Araújo cruzou forte demais para Pedro. Aos 30, Bruno Henrique teve uma chance de cabeça para fora. E aos 42 Victor Hugo teve ângulo na área para finalizar e mandou em cima do goleiro.
A fase é tão impressionante que até sem ser uma chance clara a bola entra, como aconteceu no terceiro gol. Pedro recuperou a posse na área, tirou do zagueiro, tentou colocar entre dois, e Ronald marcou contra ao tentar tirar uma bola que sequer estava próxima de ser chutada pelo centroavante rubro-negro.
Se ofensivamente o time ainda parece ter margem de evolução, principalmente na hora de concluir as jogadas, defensivamente o encaixe está dando gosto. As duas linhas de quatro sem a bola, com os pontas e Pulgar e De la Cruz formando a segunda linha, funciona bem no “perde-pressiona”. Enquanto Pedro e Arrascaeta dão o primeiro combate na frente.
É certo que Carioca não é parâmetro, apesar dos clássicos, e a defesa terá testes bem mais difíceis pela frente. Mas a consistência da “Era Tite” é tão assustadora para os adversários que dá muita esperança aos torcedores pelo que virá depois do Estadual.
O bom e organizado Nova Iguaçu do técnico Carlos Vitor merece todos os elogios. Não mudou as características do time para apostar numa retranca e tentou jogar. Mas o abismo técnico foi um obstáculo grande demais para o sonho laranja. O segundo e último jogo da final será no próximo domingo, novamente às 17h (de Brasília) no Maracanã. O invicto Flamengo pode até perder por dois gols de diferença que ainda assim será campeão. Derrota por três de saldo leva para os pênaltis.
Antes, porém, o Flamengo muda o foco para a Conmebol Libertadores. O elenco rubro-negro se reapresenta na manhã deste domingo no Ninho do Urubu e de tarde viaja para Bogotá, na Colômbia. É na cidade com 2.640 metros de altitude que o Rubro-Negro vai estrear no principal torneio do continente na próxima terça-feira, às 19h (de Brasília), contra o Millonarios no El Campín. Palestino, do Chile, e Bolívar, da Bolívia, completam o Grupo E da competição.
Fonte: GE