Dom Jaime: a situação é de muita tristeza, muita tristeza. Recomeçar não será fácil

Brasil

O drama no Rio Grande do Sul continua para muitas famílias que agora começam a retornar para as suas casas. Para muitos o encontro com a realidade, “tudo perdido”.

O arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil fez à Rádio Vaticano – Vatican News, uma espécie de pequeno relatório a respeito da situação na região metropolitana de Porto Alegre nesta quinta-feira, dia 23 de maio.
Qual é a situação? Para dom Jaime “é de muita tristeza, muita tristeza. É verdade, que terça-feira à noite retornou a energia elétrica em algumas partes da cidade de Porto Alegre, depois de duas semanas praticamente no escuro”.

“Isso certamente trouxe um pouco de serenidade para tantos moradores da região, os destas regiões, disse o prelado. Podemos imaginar a situação das pessoas com mais idade que moram em andares altos e em alguns edifícios sem energia elétrica, e sem poder sair à rua para a aquisição de itens básicos para o dia a dia. Também foi aberto nesses dias uma via provisória de saída e entrada para cidade o que tem facilitado o trânsito seja para quem vem a Porto Alegre, seja para quem precisa sair de Porto Alegre”.
Outro elemento que eu creio muito positivo – destaca dom Jaime – foi a chegada de bombas de sucção para retirar a água parada de regiões baixas da cidade. No entanto, temos de reconhecer, há áreas em que a retirada da água parada vai levar semanas, ou no dizer do próprio prefeito, das autoridades públicas, só com o auxílio da natureza”. “Também em algumas regiões da cidade de Porto Alegre começa-se a trabalhar na limpeza das casas, ruas, lojas, empresas. O mesmo se diga de cidades da região metropolitana. Cidade de Eldorado do Sul, é talvez a cidade mais atingida. E ontem – sublinhou ainda o arcebispo -, foi muito bonita a iniciativa e a disposição de vários padres do vicariato de Guaíba de cooperar para limpeza da Igreja Matriz, que ficou totalmente debaixo da água, da casa paroquial de Eldorado do Sul. Um gesto simples de comunhão e de solidariedade, entre os próprios padres. Temos muito barro, sujeira e odor de podre”.

O desafio agora, o grande desafio é também atender quem está retornando para casa. “Muitos, – disse – quando deixaram suas casas o fizeram com a roupa que estavam vestindo naquele momento, naquela noite. E agora retornando e não possuem nada. Colchões, utensílios básicos para cozinha, eletrodomésticos, móveis etc., tudo tudo precisa ser reconquistado por assim dizer. Recomeçar não será fácil”.
E aqui surge um grande trabalho, eu diria característico nosso. ” necessidade de esperançar pessoas famílias e comunidades”.

E para complicar um pouquinho a coisa nesta madrugada começou a chover forte novamente, com a previsão de muito frio nos próximos dias. “Estou falando da região metropolitana de Porto Alegre, mas não podemos esquecer a região mais ao Sul do Estado em Pelotas, Rio Grande Rio, onde a Lagoa dos Patos, está muito alta e temos ali também bairros inteiros submersos. É verdade que nessas regiões mais ao Sul, as pessoas tiveram tempo de se preparar para receber as águas que desceriam. Também o poder público teve a oportunidade de prever o necessário para facilitar, por assim dizer, a necessidade que surgiu a partir de tal situação. Era isso que eu narraria no dia de hoje”.